I SÉRIE — NÚMERO 31
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E não concordamos porque não queremos substituir um regime que é péssimo por um regime que, do nosso
ponto de vista, também é mau. O regime que é aqui proposto pelo Bloco prevê exceções a uma remuneração
normal de mercado, que é o que o PAN defende, designadamente, ao permitir que os exploradores das eólicas
recebam ainda, durante um período adicional de mais cinco anos, tarifas superiores às que receberiam, por
exemplo, com um sistema de leilões.
Também não concordamos, porque prevê a reversão de um regime que foi legalmente aplicado, com a
devolução de verbas recebidas pelas empresas que exploram as eólicas e, caso esta proposta seja aprovada,
poderá conduzir a batalhas judiciais em que o Estado português e o erário público poderão sair ainda mais
prejudicados do que já foram.
É verdade que foi um péssimo negócio para o Estado, mas, neste caso, a única coisa a fazer, do nosso ponto
de vista, é procurar responsabilidades políticas e, eventualmente, criminais dos responsáveis por estes negócios
ruinosos.
O que não podemos fazer aqui, no Parlamento, é ultrapassar a lei, algo que põe em causa o Estado de direito
democrático.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem agora a palavra o Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, do CDS.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ouvi, neste debate, várias intervenções e o que pude reter foi a enorme trapalhada que é esta proposta do Bloco de Esquerda.
O Sr. Deputado Jorge Costa tenta construir a sua verdade. Trouxe-nos uns números, umas apresentações,
mas não teve a honestidade política de dizer neste debate qual foi o primeiro Governo a baixar as rendas de
energia. O primeiro a fazê-lo foi um Governo do PSD/CDS, foi o primeiro. Depois, o Partido Socialista, de alguma
forma — e também é justo reconhecer, e nós reconhecemos —, foi fazendo uns certos acertos.
Agora, a trapalhada, aquilo que vamos ouvindo, como ainda agora o Sr. Deputado do PAN, que referia os
problemas judiciais e o problema que podem gerar, inclusive, até junto dos próprios investidores, o Bloco de
Esquerda parece que não percebe o impacto que uma matéria desta natureza pode ter para o País.
Importa lembrar que, seja em relação às eólicas, seja em relação às renováveis, houve, e há, um caminho a
fazer. Nós ainda estamos num período de expansão, estamos num período em que é preciso criar incentivos,
criar condições para que possa existir investimento nas energias renováveis. Ou o Bloco de Esquerda não quer
mais investimento nas energias renováveis? Parece que não! É que a intenção do Bloco de Esquerda vai muito
mais numa lógica de tentar acabar, rebentar com este mercado, com este setor.
Protestos do Deputado do BE Jorge Costa.
Já explicarei, Sr. Deputado.
Deve ser essa a perspetiva e a intenção do Bloco de Esquerda porque, efetivamente, o que foi criado foi um
regime que permitiu determinadas condições, rendas garantidas durante um determinado período, como forma
de incentivo, os tais 15 anos, extensíveis por mais cinco anos que estavam associados aos tais certificados
verdes. É isto que está em causa.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Ou não, leia a lei!
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Deputado, há uma coisa que, para o CDS, é absolutamente clara neste debate, que é a de que os senhores têm um complexo com a economia de mercado. Os senhores
querem uma economia planificada e, portanto, nada melhor do que rebentar com todo um setor, criar um
problema e um sarilho de todo o tamanho e ir tudo para tribunal. Como é evidente, os investidores assustam-se
quando olham para este tipo de medidas, caso fossem aprovadas, e, portanto, é esta a intenção e é esta a
perspetiva do Bloco de Esquerda.
Na perspetiva do CDS, não. Na perspetiva do CDS, há uma economia de mercado que deve funcionar, há
incentivos que devem continuar a existir e o País deve mobilizar-se precisamente para ter energias mais limpas.
E, para isso, é preciso que haja incentivos.