18 DE DEZEMBRO DE 2020
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma segunda intervenção, no tempo de que ainda dispõe, o Sr. Deputado Duarte Alves, do PCP.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Aquilo que ficámos a perceber neste debate por parte do PSD e do CDS foi que, quando se diz que é preciso criar condições de investimento e de confiança
para os investidores, se está a falar da criação de rendas. De facto, só com rendas é que esta ilusão de
mercado… Na verdade, na energia não há mercado nenhum, há é rendas,…
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Que nós baixámos!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — … rendas garantidas a estas empresas, e é precisamente assim que entendem o mercado da energia.
Quanto à intervenção do Sr. Deputado Nuno Fazenda, do Partido Socialista, eu estava à espera de ouvir o
PS exigir ao Governo que cumprisse com as recomendações da Comissão de Inquérito, que tiveram o voto
favorável do PS, mas o que vimos não foi isso.
Protestos do Deputado do PS Nuno Fazenda.
O que vimos foi o Deputado do PS a falar de um conjunto de questões gerais sobre a energia e, na parte em
que falou sobre a iniciativa em concreto, referiu que é contra e que este decreto-lei criou grandes prejuízos para
os consumidores, mas que não podemos rasgar contratos.
A verdade é que há contratos e contratos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sabemos que com o layoff, apesar dos seus contratos de trabalho, muitos trabalhadores viram os seus rendimentos cortados. Portanto, aí os contratos não são para respeitar.
Esperemos que, quando for para discutir o projeto de resolução do PCP relativo à calendarização das
conclusões da Comissão de Inquérito, o PS possa acompanhá-la e ser coerente com a sua votação na Comissão
de Inquérito.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, não havendo mais inscrições, vamos passar ao encerramento do debate com a intervenção do Sr. Deputado Jorge Costa.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: As intervenções do PSD e do CDS vêm na linha da intervenção sistemática destes partidos na Comissão de Inquérito, com o PSD a defender a herança de Artur
Trindade e tudo aquilo que ele deixou enquanto novas rendas excessivas. Não escondemos que houve
correções que foram feitas e novas rendas que foram criadas.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Defendemos os cortes!
O Sr. Jorge Costa (BE): — No caso do CDS, não tenho agora tempo para esclarecer, mas sugiro a leitura da lei e o relatório da Comissão de Inquérito para o Sr. Deputado corrigir algumas das coisas que aqui disse. O
Sr. Deputado não participou e esta é, de facto, uma matéria complexa, pelo que lhe dou um desconto.
Em relação ao Partido Socialista, gostava de dizer duas palavras. Srs. Deputados, a recomendação feita pela
Comissão de Inquérito, e vou ler, foi a de que fossem «tomadas medidas legislativas para a reposição do
equilíbrio económico anterior ao regime de 2013, assegurando a devolução aos produtores das contribuições
voluntárias pagas até hoje, acrescidas dos respetivos juros».
Isto foi votado, ponto a ponto, pelos Deputados do Partido Socialista que estiveram na Comissão de Inquérito
e agora percebo porque é que não vieram cá hoje. Não vieram, porque iam passar pela vergonha de ver o
Partido Socialista a intervir contra o voto que indicaram na Comissão de Inquérito. É verdade que o Secretário
de Estado João Galamba já tinha ido lá dizer o que pensava, mas tinha-o dito em nome do Governo.