I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. João Paulo Pedrosa (PS): — É uma emergência, não é uma situação definitiva!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Penso que todos estamos de acordo em relação ao facto de haver falta de trabalhadores nos lares, no conjunto dos equipamentos sociais, e que é preciso reforçar o número desses
trabalhadores, como o PCP tem proposto e tem insistido. Precisamos de trabalhadores com direitos e que às
necessidades permanentes que existem em tantas instituições correspondam vínculos efetivos, para que não
se ande com vínculos precários a tentar tapar as necessidades permanentes, porque essa precariedade também
tem efeito nos cuidados prestados aos idosos.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Muitas vezes esses cuidados falham porque não há mãos para chegar a todo o lado. Esta situação não pode continuar nesse caminho!
O PCP tem apresentado um conjunto de respostas porque há uma realidade que é tremendamente
preocupante nos lares, neste momento, embora também tenhamos de dizer, como já o afirmámos, que há um
conjunto de problemas que não são novos mas que se agravaram profundamente por força também da realidade
do surto epidémico que o País enfrenta.
Sr.ª Ministra, queria ainda colocar duas questões muito concretas. Desde logo, gostaria de saber que
medidas está o Governo disponível para tomar no reforço do número de trabalhadores nos lares, trabalhadores
com direitos e com vínculos às instituições que precisam deles de forma permanente, tal como o PCP também
já apresentou em propostas. Como é que o Governo vai intervir no conjunto das instituições cujos edifícios não
têm condições para garantir a separação entre utentes que possam estar infetados e utentes que não estejam
infetados? Esta separação é determinante até para travar a propagação do contágio. Que respostas dá também
o Governo às instituições neste sentido?
Já agora, do ponto de vista dos direitos dos idosos — falámos aqui dos direitos dos trabalhadores, do seu
vínculo efetivo e da sua necessária valorização salarial, como o PCP tem colocado —, estes utentes que estão
numa situação de isolamento, de solidão e de afastamento da sua família há largos meses, e também é
necessária a devida intervenção, o devido apoio, para que não haja, efetivamente, danos mais gravosos de um
ponto de vista físico, emocional e social para quem já está, por si só, numa situação de tremenda vulnerabilidade.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe ao Grupo Parlamentar do CDS. Tem a palavra o Sr. Deputado João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Queria começar por cumprimentar a Sr.ª Ministra e dizer-lhe que, naturalmente, nos congratulamos
pelo seu restabelecimento. Obviamente, por muita diferença que tenhamos de perspetivas, a consideração
existe e deve ser manifestada também nestas alturas. É muito bom sinal que possamos estar a fazer este debate
pessoalmente.
Dito isto, como é sabido, o CDS, desde março, começou a trabalhar e a apresentar soluções relativamente
às questões alusivas aos idosos, não porque tivéssemos uma noção superior à de todos os outros sobre aquilo
que se passava com os idosos mas porque tínhamos os casos de Itália e de Espanha bem presentes e porque
todos sabíamos que, em Portugal, a população idosa era especialmente vulnerável. Por outro lado, sabíamos
também que os lares eram um local de fácil contágio.
Estas duas realidades juntas, não podendo desligar-se uma da outra, levavam, desde o início, a que se
tivesse de ter uma especial atenção aos lares e aos idosos, ou, melhor, aos idosos e aos lares, porque aos
idosos que não estão nos lares também.
As preocupações que tivemos, no início, tinham a ver com questões logísticas, que são importantes, para
que não viesse a existir o que, infelizmente, por altura do verão, acabou por existir, que foi a simultaneidade de
uma série de focos de contágio em diferentes instituições e localizações do País. Foram vários os surtos, como
sabemos, e o caso de Reguengos foi o mais falado.