I SÉRIE — NÚMERO 43
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lobby da celulose para dentro do Conselho e dar a mão a um setor nefasto para o ambiente. Por isso, pergunto-
lhe porque é que o Governo assinou este contrato com a Navigator e se, em nome do compromisso com uma
União Europeia mais verde, está disponível para lhe pôr fim.
Mas há pontos que não estão na agenda da Presidência portuguesa e que, no nosso entender, deveriam
estar. Desde logo, a ausência de uma estratégia europeia para a proteção dos animais, que aumente a sua
proteção e que ponha fim ao transporte de animais vivos. Isto é fundamental, porque desde 2015 deixou de
haver estratégia nesta matéria, algo não compaginável com os compromissos e os valores da União Europeia
do século XXI. Sr. Ministro, vai abrir a discussão sobre este tema na Presidência portuguesa?
Por fim, uma última pergunta sobre a Diretiva CbCR (Country by Country Reporting), um instrumento
fundamental para o combate ao branqueamento de capitais e à fraude fiscal pelas grandes multinacionais. Já
tem maioria no Conselho, mas foi deixada na gaveta pela Presidência alemã. Sr. Ministro, vai bater-se pela
conclusão deste processo legislativo?
O Sr. Presidente: — Tem, de seguida, a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro: Portugal apresentou as
prioridades para a Presidência do Conselho e Os Verdes começam por salientar a «Europa Verde» para dizer
que uma «Europa Verde» e um pacto ecológico europeu nunca poderão andar de mãos dadas com a
instrumentalização do ambiente, transformando em negócio e sem resolver os problemas que enfrentamos.
Desde logo, é preciso romper de vez com o mercado do carbono e não procurar alargá-lo, porque não basta
colocar as palavras «verde» e «ecológico» nos objetivos, porque sem uma mudança de políticas o máximo que
teremos é uma Europa mais esverdeada, mas nunca uma Europa verde.
Por outro lado, exigem-se políticas orientadas para a soberania alimentar e para a produção local e não para
apoios a culturas superintensivas, um crime, aliás, ambiental e com sérios impactos sociais.
Ainda na semana passada, o PS e a direita rejeitaram a proposta de Os Verdes para colocar um fim aos
subsídios às culturas superintensivas, como é o olival.
Sr. Ministro, Portugal também tem como prioridade uma Europa social, e aí impõe-se a defesa de valores
fundamentais como a democracia, o combate à discriminação, à pobreza e a discursos de ódio, garantindo que
ninguém fica para trás.
Precisamos de ações concretas, de dar a mão às micro, pequenas e médias empresas e aos setores mais
afetados pela crise e de reforçar também as funções sociais do Estado.
O pilar social não pode ser mais um pregão e as respostas devem ser aplicadas à medida das necessidades
dos países. E de nada adianta o lema «tempo de agir», pois se esta Presidência for de continuidade não vai
trazer soluções para os problemas.
Por isso, perguntamos qual é o esforço do Governo na mudança que se impõe para colocar na agenda
soluções para o nosso futuro coletivo, até que ponto está o Governo disposto a defender o interesse nacional e
quais as soluções de rutura com que podemos contar.
Sr. Ministro, por fim, gostaria de saber se durante esta Presidência o Governo português está disponível para
dar o exemplo e um sinal de mudança ao assinar o tratado de proibição das armas nucleares e levar, aliás,
outros países também a fazê-lo, tendo em conta que o tratado entrou em vigor a 22 de janeiro último.
O Sr. Presidente: — Segue-se, no uso da palavra, o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, a Europa fez um investimento em vacinação nunca
antes visto, e foi, provavelmente, o bloco que, no mundo, mais fez em termos de vacinação.
O último contrato, por exemplo, foi de 336 milhões de euros, e não está a ser cumprido. Pergunto-lhe o que
é que vamos fazer para garantir que aqueles com quem contratámos, a quem pagámos investigação,
desenvolvimento e distribuição, cumpram escrupulosamente aquilo com que se comprometeram com os
cidadãos europeus.
Este não é tanto o momento de olhar para aqueles que querem vir para a Europa, é o momento de olhar para
os europeus, é o momento de salvar os milhões de europeus que, neste momento, veem os seus negócios
encerrados, veem as suas famílias destruídas e veem os seus rendimentos diminuídos.