I SÉRIE — NÚMERO 44
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A política de recursos humanos para as unidades e equipas de cuidados paliativos rege-se por padrões de
qualidade baseada na formação específica, de acordo com os níveis de diferenciação recomendados, e é
assegurada por equipas multidisciplinares que garantem cuidados de qualidade.
Sim, é verdade, reconhecemos que nem tudo está feito e que muito ainda há a percorrer neste caminho,
nomeadamente para atingirmos uma cobertura universal da população, assim como o maior número de
profissionais qualificados nesta área e, obviamente, reconhecemos várias fragilidades e partilhamos muitas das
preocupações aqui explanadas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Anabela Rodrigues (PS): — Termino já, Sr. Presidente. As iniciativas hoje aqui apresentadas são algo redundantes, ignoram o Plano Estratégico para o
Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos e o que nele se prevê, quer em matéria de formação pré e pós-
graduada em medicina paliativa, quer em cuidados paliativos, como o alargamento do número de camas, das
equipas comunitárias e de suporte, a consolidação das respostas existentes, uma maior diferenciação das
equipas em funcionamento, com o reforço de profissionais e maior exigência na sua formação, teórica e prática,
nestas matérias.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — O Sr. Deputado João Dias inscreveu-se para uma intervenção, para a qual ainda dispõe de 12 segundos.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. João Dias (PCP): — Muito obrigado, Sr. Presidente. Pretendo somente dizer que vivemos tempos muito difíceis e, mais do que palavras, importa que, em
concreto, se tomem decisões para valorizar o trabalho de todos os profissionais de saúde, mais especificamente
o trabalho dos profissionais que se dedicam aos doentes com necessidades paliativas. Nesse sentido, importa
que se criem condições, no terreno e na prática, para a realização de cuidados de excelência, como são os
cuidados paliativos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para a intervenção de encerramento deste debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Muito obrigada, Sr. Presidente. No encerramento deste debate, quero deixar três notas.
A primeira nota é para dizer que, no Orçamento do Estado para 2021 — como, de resto, temos sempre feito
—, o CDS apresentou uma proposta de reforço dos cuidados paliativos, que foi chumbada com os votos contra
do Partido Socialista e as abstenções do PSD, do Bloco e do PCP, que agora têm ocasião de apresentar as
suas propostas.
O Sr. João Dias (PCP): — Nós também tínhamos uma proposta!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Embora não compreenda estas estratégias, digo que não vamos deixar de aprovar todas as propostas que discutimos, pese embora tenhamos reservas em relação a algumas delas,
porque o que verdadeiramente importa é que trabalhemos, na especialidade, para se universalizar o acesso e
a oferta de cuidados paliativos a quem deles precisa.
Em segundo lugar, gostava de referir o seguinte: muito se falou aqui sobre a ligação entre os cuidados
paliativos e a eutanásia. Vou socorrer-me das palavras da Dr.ª Edna Gonçalves, que todos conhecem, que,
nesta semana, disse: «Choca-me que se fale de eutanásia neste contexto, com tanta gente a morrer que não
era esperado que morresse». E traça uma analogia simples, ao dizer: «É oferecer morte a pessoas que têm
fome sem lhes dar primeiro o pão — leia-se terapêuticas — que aliviam o sofrimento em casos muito graves,