I SÉRIE — NÚMERO 45
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tecnológicos, reforçar os profissionais das várias áreas, porque não são só os currículos que têm de ser
cumpridos. Tem de ser cumprido o compromisso de não permitirmos que as crianças e jovens não carreguem
para o futuro as mazelas que a pandemia provocou e ainda vai provocar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando esta pandemia começou prometemos
que não deixávamos ninguém para trás, mas deixámos. Deixámos para trás o pequeno comércio, que hoje se
afunda nas rendas que não consegue pagar; deixámos para trás as agências de viagens, a segurança, os
eventos; deixámos para trás as nossas forças de segurança e as Forças Armadas; deixámos para trás a
restauração — hoje sabemos que 60% se encontram em insolvência e milhares já não conseguem pagar os
salários.
Perante isto, ficamos em silêncio. O silêncio devastador de uma pandemia que não olha a meios nem a
pessoas, mas que tem vindo a destruir, com a passividade do Governo, o tecido económico português.
No meio disto, já não temos dinheiro para o APOIAR.PT nem para o APOIAR RESTAURAÇÃO. E olhamos
incrédulos para aquilo que é o futuro. Deixámos todos para trás.
Não, não deixámos todos para trás. Não deixámos para trás aqueles autarcas que fizeram batota no processo
de vacinação, muitos deles vereadores socialistas, que passaram à frente daqueles que deveriam ter sido
vacinados, como soubemos, ainda hoje, ter acontecido na Câmara Municipal de Lisboa.
Não, não ficaram todos para trás, porque alguns andaram em ziguezague a ver se nos enganavam. Espero
que terminem onde devem terminar, com o Estado a colocá-los na cadeia, porque é para isso que serve Portugal,
para dar um exemplo de Estado de direito.
Deixámos os bombeiros por vacinar. E dizemos agora aos polícias que há um plano que está em finalização.
E este Ministro da Administração Interna diz que o plano está quase a terminar.
Ficamos a saber que passámos a uma democracia com falhas; perdemos a noção e o catálogo de
democracia plena.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, o Partido Socialista falou hoje do «milagre». Também vos vou falar de uma
expressão bíblica, que diz «aquele que te guarda nunca dorme». E ficamos a saber que o Governo português
não só está sempre a dormir, como ninguém nos guarda da iminente catástrofe que se aproxima de Portugal.
O que tem acontecido é um Governo de Portugal a olhar para o lado enquanto se morre, a olhar para o lado
enquanto as falências aumentam, a olhar para o lado enquanto aqueles que lutam na linha da frente perdem a
noção do que é lutar por Portugal!
Vergonha de nós, vergonha de Parlamento e vergonha de Governo, que não consegue dar um cartão
vermelho quando o Governo nos lança para uma das maiores catástrofes da nossa história!
Temos de mudar, e se não conseguirmos mudar vergonha de nós, que seremos responsáveis por manter
este Governo em funções!
Protestos do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isto é que é um pastor evangélico!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Administração Interna, Sr. Secretário
de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Esta renovação do estado de emergência ocorre
num momento em que há quem diga que algo parece estar a mudar. Vislumbram-se sinais de mudança no plano
de testes, na coordenação da vacinação, na organização do rastreio. Até o recurso e a cooperação dos privados
é finalmente elogiada, num exercício de hipocrisia que já não nos espanta.
Há algo que convém deixar, desde já, muito claro: estes sinais não constituem uma mudança real e são
insuficientes para inverter a desastrada condução do combate a esta pandemia por parte do Governo.