12 DE FEVEREIRO DE 2021
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Este combate não se torna milagrosamente eficaz com pequenos ajustes. São necessárias mudanças de
fundo baseadas numa estratégia diferente da que foi seguida até agora.
É tempo de deixarmos de andar a correr atrás deste vírus.
É tempo de deixarmos de ser surpreendidos permanentemente pela evolução da pandemia em que se passa
do «milagre português» ao «pior do mundo» e, em qualquer dos casos, sem explicação plausível.
É tempo de quebrar este ciclo sem nexo, de confina, desconfina e volta a confinar e que não está só a dar
cabo da economia, está a afetar profundamente o tecido social e a saúde mental dos portugueses.
É tempo, pois, de assumir mudanças reais, profundas, na estratégia de combate à pandemia, em linha com
o projeto de resolução que a Iniciativa Liberal apresentou há quase duas semanas.
A testagem não precisa apenas de ser alargada, precisa de ser massiva, sistemática e regular, aproveitando
a rapidez e o baixo custo dos testes rápidos. Não pode ficar limitada aos sintomáticos ou aos contactos dos
infetados, tem de abranger toda a população, começando pelos mais suscetíveis e pelos contextos mais
propícios à infeção.
Mas testagem sem rastreio de nada vale. Por isso, é essencial reforçar já as equipas responsáveis pelos
inquéritos epidemiológicos de forma a poder identificar, em tempo útil, as cadeias de transmissão e isolar quem
tiver de ser isolado. E se alguns interesses corporativos estão a bloquear o reforço das equipas de rastreio,
identifiquem-se e ultrapassem-se, porque disso depende o sucesso de que precisamos.
E na vacinação é preciso mais do que pôr ordem na casa. É preciso acelerar o ritmo, acelerar muito o ritmo,
logo que haja stock de vacinas. Cada mês que se consiga antecipar a imunidade de grupo são milhares de vidas
que se salvam. É preciso perceber porque é que o Governo recusou a proposta da Comissão Técnica de
Vacinação para alargar o intervalo entre a toma da primeira e da segunda dose. É preciso perceber se os critérios
demasiado complexos estão a provocar atrasos no processo ou a propiciar abusos.
O Sr. Presidente: — Obrigado, Sr. Deputado. Tem de terminar.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — É preciso tudo isto, e a nada disto o decreto presidencial dá
resposta. E é verdade que desta vez incorpora três medidas que a Iniciativa Liberal levantou junto do Sr.
Presidente da República: acaba com a proibição da venda de livros, impõe ao Governo que prepare já o regresso
ao ensino presencial e deixa de proibir as viagens dos estudantes de intercâmbio, como os de Erasmus.
Saudamos estas melhorias, mas não chegam. O presente decreto de renovação continua cheio de proibições
inúteis e poderes excessivos.
O Sr. Presidente — Tem mesmo de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como afirmámos desde o início, a Iniciativa Liberal é favorável às medidas eficazes no combate à pandemia,
mas é contrária a este estado de emergência.
O Sr. Presidente — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.
Aproveito para informar que já há quórum mais do que suficiente para procedermos às votações, dado que
se encontram registados 223 Sr.as e Srs. Deputados.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joacine Katar Moreira (N insc.): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não há saúde sem saúde mental
e nós somos nada mais, nada menos do que o segundo país da Europa em que há uma maior prevalência de
doenças psiquiátricas. Então, é necessário, de facto, que nos antecipemos a uma pandemia da doença mental.
E isto vai exigir-nos algo: vai exigir-nos rever as metas específicas para os planos regionais e para o Plano
Nacional de Saúde Mental; vai exigir-nos reforçar os serviços locais de saúde mental; vai exigir-nos a
contratação imediata de pessoal médico e de pessoal não médico, para garantir um trabalho multidisciplinar no
combate eficaz às doenças mentais; vai exigir-nos, igualmente, garantir o acompanhamento e a continuidade
dos cuidados e da reabilitação dos nossos utentes.