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4 DE MARÇO DE 2021

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portuguesa. Conseguiu-se o apoio maioritário necessário no Conselho para que as grandes empresas

multinacionais passem a ser obrigadas a reportar os seus lucros, país por país.

A Presidência portuguesa, fiel ao seu próprio compromisso, na cooperação reforçada em que estava

envolvida, repôs em cima da mesa a questão da taxação das transações financeiras, essencial também para

garantir que o pagamento do empréstimo de 750 mil milhões de euros que a Comissão Europeia, em nosso

nome, levanta no mercado, não esteja, apenas, nos ombros das contribuições nacionais, mas, sim, possa ser

parcialmente, pelo menos, assegurado por novos recursos próprios da União Europeia.

Conseguimos desbloquear a diretiva sobre a privacidade nas comunicações eletrónicas e estamos a

conseguir, também, avançar na negociação com o Parlamento Europeu de forma a que todos os programas do

Quadro Financeiro Plurianual possam estar no terreno o mais cedo possível. Por exemplo, os regulamentos

relativos aos fundos estruturais, ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e ao Fundo de Coesão, estão

bloqueados, o que significa que 240 mil milhões de euros de recursos financeiros vão passar a estar disponíveis.

O Programa Horizonte já está no terreno. São 95 mil milhões de euros de apoio à investigação, à inovação e à

tecnologia.

As ratificações nacionais da decisão sobre os recursos próprios estão em curso e já foram concluídas por

sete Estados-Membros, um dos quais Portugal, com a preciosa intervenção da Assembleia da República e de

V. Ex.ª, Sr. Presidente, em particular. Mais dois Estados-Membros estão a terminar o seu processo e já 18

Estados-Membros entregaram as primeiras versões dos respetivos planos nacionais. Portanto, julgo que

chegaremos ao fim de junho podendo dizer que foi tempo de agir, que agimos e obtivemos resultados.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Ainda no tempo do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra a Sr.ª Deputada Lara

Martinho.

Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Lara Martinho (PS): — Antes de mais, cumprimento o Sr. Presidente, o Sr. Ministro, a Sr.ª e o Sr.

Secretários de Estado, as Sr.as e os Srs. Deputados.

Sr. Ministro, depois de anos de ceticismo sobre o futuro da relação transatlântica, de divergências sociais,

económicas e ambientais e de sistemáticas tentativas de desvalorização do sistema multilateral, as recentes

semanas marcam o início da concretização de uma esperança que não morreu, marcam o início da esperada e

desejada reaproximação entre os Estados Unidos da América e a União Europeia.

Num diálogo recente entre a União Europeia e a nova administração norte-americana, ficou clara a intenção

não só de aprofundar a parceria União Europeia/Estados Unidos da América, mas também de construir uma

aliança global, conjunta, na luta contra a pandemia, na recuperação e na mitigação das alterações climáticas,

promovendo e garantindo os valores democráticos.

Poderá ter sido mera coincidência, mas não posso deixar de assinalar que, ontem, quer os Estados Unidos,

quer a União Europeia anunciaram novas sanções relativas à violação dos direitos humanos na Rússia.

A realidade é que agora, mais do que nunca, percebemos e sentimos que a democracia não é um dado

adquirido, que a democracia tem de ser protegida. Aliás, como referiu o Presidente Joe Biden, em tantos lugares,

incluindo os Estados Unidos e a Europa, o progresso da democracia está sob ataque e, por isso, hoje, talvez

mais do que nunca, necessitamos de uma relação transatlântica forte, resiliente, que promova a paz e a

segurança mundial, que defenda os direitos humanos e a ordem internacional, promovendo o multilateralismo

como caminho para encontrar soluções para os problemas mundiais.

Para problemas partilhados soluções partilhadas, deve ser este o desígnio. E se há algo que esta pandemia

evidenciou foi mesmo a importância de uma resposta concertada a crises, ameaças e desafios que são globais,

como a paz, a segurança, os direitos humanos, o Estado de direito, o desenvolvimento sustentável, a saúde

pública ou alterações climáticas. Só com um sistema multilateral eficaz, assente em regras e valores universais,

é possível enfrentarmos, com sucesso, estes desafios.

Daí ser tão relevante que Portugal e a União Europeia continuem a apoiar os esforços de reforma envidados

pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Eng.º António Guterres, cuja recandidatura, para além de motivo de

grande orgulho para Portugal, é, sem dúvida, uma mais-valia para a Humanidade, e que muito saudamos.