10 DE MARÇO DE 2021
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toda a população e todos os setores de atividade, com um forte impacto social, económico e financeiro e,
sobretudo, com um custo irreparável em vidas humanas, que ontem ascendia a 16 565.
A estas catástrofes foi, porém, possível evitar somar uma crise política, a qual teria sérias consequências
não só a nível interno, mas também ao nível da imagem externa de Portugal.
O papel moderador que Vossa Excelência desempenhou em ambas as situações — sob grande pressão,
sublinhe-se — foi crucial para garantir estabilidade política e assegurar o regular funcionamento das
instituições.
Duas preocupações permanentes que muito o honram e nos honram.
Excelência, Minhas Senhoras e Meus Senhores: O combate à pandemia é, no curto prazo, a nossa
prioridade, como Vossa Excelência fez questão de frisar na intervenção que proferiu na noite da sua reeleição.
Vencer a pandemia é imprescindível para restituir normalidade à vida familiar e social, devolver as crianças
e os jovens à escola, retomar a atividade económica, recuperar os empregos e superar a crise económica e
social — e cultural, porque, sem cultura, não sobreviveríamos.
O conhecimento entretanto adquirido e a esperança que a vacina veio trazer dão-nos um novo alento e
permitem antever, num futuro não muito longínquo, se não a erradicação do vírus, pelo menos um fim de
muitas das restrições que atualmente vivemos.
Este é um objetivo que só se alcança num esforço conjunto, enquanto comunidade.
Quero aqui sublinhar o contributo da Assembleia da República nesta luta quer autorizando as sucessivas
declarações de estado de emergência — em resposta aos pedidos de Vossa Excelência —, quer fiscalizando
as medidas tomadas pelo Governo para evitar as consequências da pandemia e propondo medidas adicionais
ou alternativas.
Não obstante as normais, e até mesmo desejáveis, divergências e as políticas diferentes preconizadas, há
um reconhecimento pela larga maioria dos agentes políticos do que é essencial e da responsabilidade
histórica que sobre nós impende.
Estou, pois, convicto de que os Deputados, enquanto titulares deste órgão de soberania, mas também
como protagonistas de um serviço essencial do Estado, saberão, tal como até aqui, estar à altura das suas
obrigações e do contributo que lhes é exigido.
Debelada a pandemia, é imperioso assumir a reparação sustentada dos danos causados por esta crise —
na saúde, na economia, na cultura, na educação, na sociedade — e a eliminação das debilidades estruturais
que persistem e limitam o potencial de desenvolvimento do País e que a pandemia tornou ainda mais
evidentes.
Para alcançar esse objetivo têm vindo a ser apresentados e aprovados, após discussão pública, os
instrumentos e os projetos estruturantes entendidos como fundamentais.
Por vezes surgem acusações de que não se discutem os assuntos, as propostas ou os projetos, mas talvez
mais relevante seja a ausência de consequências prática dos debates. Um bom exemplo disso é a discussão
sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, que leva já 52 anos e que, a cada ano que passa, se torna
mais difícil.
Há um momento em que é necessário dar a discussão por concluída e decidir. É isso que esperam de nós.
Para isso fomos eleitos: para tomar decisões e para resolver os problemas que afetam o País.
A avaliação, essa, far-se-á nas urnas. O que temos de assegurar, e aqui a Assembleia da República terá
um papel essencial, e garantir é a boa utilização dos dinheiros públicos e dos fundos europeus, que a
recuperação prevista não deixe ninguém para trás e que sejam asseguradas mais oportunidades de ascensão
social, sem a qual não há desenvolvimento.
Neste desafio, Portugal conta com a solidariedade e o contributo da União Europeia, que tem tido um papel
fundamental na articulação e na mobilização dos meios necessários para uma resposta europeia comum ao
surto do coronavírus não só na saúde pública, mas também na redução do impacto socioeconómico
devastador desta pandemia. Como País europeu, temos agido de forma concertada e com iniciativa política.
Excelência, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Hoje, quando Portugal assegura novamente a Presidência
do Conselho da União Europeia, quero agradecer a todas as Senhoras Deputadas e a todos os Senhores
Deputados que, nas Comissões Permanentes, têm velado pelo respeito pelos direitos consagrados no Tratado
de Lisboa aos parlamentos nacionais e que tanto se têm empenhado, em condições tão adversas, em
assegurar a realização das ações que nos propusemos efetuar durante o semestre em curso.