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I SÉRIE — NÚMERO 53

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De facto, não falei de si na minha intervenção. Se o Sr. Deputado se sentiu algo incomodado com a descrição

daquilo que seria o combate à crise tendo por base a «mão invisível», tendo por base a inexistência de Estado

social, tendo por base, por exemplo, contratos de associação, que os senhores queriam manter com os colégios

privados, descapitalizando a educação e a escola pública, sem o Serviço Nacional de Saúde, diga-me como

poderíamos reagir a esta crise.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — É que esse é o seu modelo de sociedade.

O seu modelo de sociedade não tem que ver com haver ou não crises, é um modelo de sociedade em que a

lei do mais forte, do mercado, determina quem tem acesso a recursos e quem não tem acesso a recursos.

Nós não defendemos essa sociedade. Defendemos a comunidade, defendemos que os problemas de um

são os problemas de todos, e é por isso que trabalhamos para reforçar os apoios sociais, para reforçar o Estado

social e não queremos o modelo de sociedade que o senhor defende.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Segue-se no uso da palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Diana

Ferreira, do Grupo Parlamentar do PCP.

A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro,

cumprimento-o também pelo tema que trouxe hoje a debate com a sua declaração política.

Sr. Deputado, temos, hoje, uma realidade económica e social que exige uma urgência na concretização de

um conjunto de medidas, umas inscritas em Orçamento do Estado e outras não inscritas. Temos, hoje, mais 116

000 desempregados do que tínhamos há um ano. E mais de 50 000 dos desempregados registados no nosso

País têm menos de 25 anos. Esta é uma realidade social que não podemos ignorar e que exige a concretização

de várias medidas que estão no Orçamento do Estado.

O Sr. Deputado falou de um conjunto delas, que resultam, até, de propostas do PCP, nomeadamente a

relativa ao layoff a 100% para os trabalhadores.

Também apresentámos propostas no âmbito do subsídio de desemprego, do apoio extraordinário,

entendendo, até, que estes apoios precisavam de ir mais longe para responder a uma realidade social que

prevíamos que se ia agravar, como se está a agravar no atual momento.

Por isso, tendo ficado inscrito um conjunto de medidas em Orçamento do Estado, mas também em diplomas

que resultaram de apreciações parlamentares agendadas pelo PCP, o que se exige da parte do Governo é que

essas medidas sejam efetivamente concretizadas.

E é absolutamente imprescindível que os apoios sociais que existem, e que estão consagrados em lei,

cheguem a todos os trabalhadores que deles necessitam, independentemente, até, do tipo de vínculo que têm,

que cheguem às famílias e que cheguem às micro, pequenas e médias empresas.

Sr. Deputado, temos conhecimento de várias dificuldades de micro e pequenos empresários e de sócios-

gerentes em aceder aos apoios previstos. Temos também conhecimento de situações de trabalhadores

independentes com muitas dificuldades em aceder aos apoios e que estão, neste momento, sem qualquer tipo

de apoio e sem rendimento para conseguirem sobreviver, o que não é, de todo, aceitável.

Não é compreensível e também não é de todo aceitável, num momento tão difícil como o que o País enfrenta,

num momento em que são exigidos vários esforços a centenas de milhares de trabalhadores e de famílias, que

o Governo não concretize o conjunto dos apoios sociais que estão inscritos tanto no Orçamento como noutros

diplomas, seja para poupar no défice, seja, até, para se preparar para entregar mais 600 milhões de euros ao

Novo Banco.

Sr. Deputado, a questão que queria aqui deixar é muito simples: qual é, no fundo, a opção do PS e do

Governo? É dar prioridade às metas do défice ou é, efetivamente, assumir as respostas de que o País precisa

para enfrentar os problemas?

Pergunto, já agora, se admite entregar mais centenas de milhões de euros ao Novo Banco e regatear, aqui,

os apoios sociais.