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I SÉRIE — NÚMERO 57

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Sr. Presidente, em 2023, Lisboa vai receber as Jornadas Mundiais da Juventude em terrenos altamente

contaminados. Milhares de jovens vão estar concentrados num local com terrenos contaminados, com graves

riscos para a saúde pública. É mau para o nosso País, é mau para a reputação do nosso País.

Sr. Deputado Bruno Coimbra, concordamos, na íntegra, com as críticas que faz ao Governo e ao Ministro do

Ambiente, pelo que o questiono sobre se considera que há um discurso da Presidência portuguesa do Conselho

da União Europeia em matéria ambiental e um outro na prática, ou seja, um discurso e uma ação diferentes no

nosso País.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera, do PCP, também para

pedir esclarecimentos.

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Bruno Coimbra, antes de mais,

queria saudar o tema que nos traz, o qual também temos acompanhado com intensidade. Os solos são um

recurso fundamental, como já foi dito, pois mexem com tudo, com a fertilidade das terras, com a biodiversidade,

com a qualidade da água. São um importante sumidouro de carbono, mas exigem atenção porque podem

deteriorar-se irreversivelmente. Aliás, são comuns os fenómenos de contaminação em cadeia que têm início no

solo e que, depois, passam para os lençóis freáticos, através de deposição de terras não tratadas,

contaminando-se assim animais, culturas e alimentos.

Portanto, esta não é uma questão menor, e é evidente a necessidade de salvaguardar este recurso e de criar

um regime jurídico exigente do ponto de vista ambiental, mas que dê também segurança aos diferentes agentes,

baseando-se na avaliação da qualidade dos solos, na remediação das contaminações e na clarificação das

responsabilidades pela contaminação e, naturalmente, pela respetiva remediação.

Esta legislação, de que tanto precisamos, é, definitivamente, a do PRoSolos, que tem impactos na vida diária

de milhares de pessoas, seja porque define quem é responsável pela descontaminação quando há uma

transmissão de propriedade, seja porque clarifica a classificação de resíduos e, portanto, assegura uma correta

classificação para encaminhamento no caso de aterro, por exemplo. Foi por isso que, em 2015, esta proposta

foi concebida.

O PCP olhou para a realidade nacional e percebeu que existia uma matéria onde era possível ir avançando,

mais precisamente a do Atlas da Qualidade do Solo, que é um processo muito demorado. Existem já

levantamentos preliminares, existe informação, mas é preciso cruzá-la e atualizá-la. Por isso, o PCP gostaria de

anunciar que irá apresentar um projeto de lei com medidas imediatas que definem esse processo de

levantamento, de centralização, de atualização dos dados que temos, permitindo estabelecer, desde já,

prioridades de intervenção.

Queria, por isso, deixar-lhe as seguintes questões: o PSD está disponível para acompanhar uma proposta

deste tipo, como a que o PCP apresentou? Considera que há condições na Assembleia da República para irmos

adiantando serviço sem se esperar pelo Governo nesta matéria?

Aplausos do PCP e do PEV.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem ainda a palavra o Sr. Deputado Nelson

Peralta, do Bloco de Esquerda.

O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, não pude deixar de reparar que o Sr. Deputado do Partido

Socialista Hugo Pires acusa o Sr. Deputado Bruno Coimbra, do PSD, de, no dia em que a Lei Europeia do Clima

foi fechada, sob a Presidência portuguesa do Conselho Europeu, não dizer nada sobre o assunto. É verdade,

mas olhamos para a intervenção do PS sobre isto e também não diz absolutamente nada sobre o conteúdo.

Portanto, vamos ver qual é o conteúdo dessa Lei Europeia do Clima que o Governo português liderou. Houve

uma lei que saiu do Parlamento Europeu com uma meta de redução de emissões de 60%, para 2030. E o que

fez o Governo português, à frente do Conselho? Fez com que essa meta de 60% passasse, primeiro, para 55%

e, como introduz também os mecanismos de compensação, já vamos em 52,8%. Ou seja, a ação do Governo

português na liderança do Conselho da Europa foi a de garantir que temos a pior lei do clima possível para a

União Europeia e que não há qualquer solução.