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I SÉRIE — NÚMERO 57

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O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nunca é demais lembrar que os

profissionais de saúde são imprescindíveis ao nosso País. Se alguém não o soubesse ou tivesse dúvidas, creio

que um ano e alguns meses de pandemia já dissiparam essas dúvidas por completo.

É aos profissionais de saúde que devemos o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), é a eles

que devemos o facto de o SNS nos proteger e de nos dar segurança quando vivemos a maior ameaça de saúde

pública do último século e é a eles que devemos o reconhecimento por, todos os dias, com ou sem pandemia,

arriscarem a sua saúde para proteger a nossa.

A questão que se coloca é esta: se tanto lhes devemos, por que razão o Governo lhes dá tão pouco em

troca? Repare-se, o subsídio de risco, que foi desenhado pelo Governo no Orçamento do Estado para 2021, é

mais ou menos virtual e não chega a quase ninguém. Ou seja, nesse Orçamento priorizou-se a tentativa de

poupar alguns euros em vez de se fazer o reconhecimento dos profissionais de saúde.

O Governo fecha os olhos, por exemplo, à precarização, aos falsos recibos verdes, aos baixos salários de

serviços concessionados, como por exemplo no hospital de Viana do Castelo, onde vários profissionais, técnicos

superiores de diagnóstico e terapêutica, estão sem serem integrados no Serviço Nacional de Saúde. Há

centenas e centenas de trabalhadores precários, contratados durante alguns meses, que estão a ser

despedidos, outros correm o risco de ser despedidos e o Governo lava daí as suas mãos.

Depois, há a questão das carreiras. Na verdade, as carreiras profissionais do Serviço Nacional de Saúde são

a pedra de toque e o ponto fundamental se queremos valorizar os profissionais. Nos últimos anos, o Governo

do Partido Socialista tem promovido inúmeras injustiças no que toca às carreiras dos profissionais de saúde do

Serviço Nacional de Saúde. As suas ações têm, aliás, até afrontado a negociação com os representantes dos

trabalhadores, tem criado iniquidades em carreiras que são impostas unilateralmente. Algumas carreiras que o

Governo do PS publicou fazem regredir trabalhadores, apagam anos de serviço, retêm os trabalhadores na base

da carreira, apesar de terem 10, 15, 20 anos de serviço.

Um exemplo é a carreira de técnico superior de diagnóstico e terapêutica. O Governo demorou dois anos a

publicar matérias fundamentais para a carreira destes profissionais, como, por exemplo, as regras de transição

e a tabela salarial, e publicou essas matérias de forma unilateral, sem acordo dos trabalhadores. Colocou,

também, mais de 95% dos trabalhadores na base da nova carreira, fazendo com que regredissem e

«descongelassem» numa anterior carreira, que até já tinha sido extinta, ou seja, na prática, fez com que

extinguissem o seu tempo de serviço e os pontos que deveriam levar para a progressão na nova carreira. A

pergunta que colocamos é a seguinte: isto é forma de tratar aqueles e aquelas que estão na linha da frente? É

assim que tenta valorizar-se e construir um Serviço Nacional de Saúde? Não, esta não é forma de tratar os

trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde!

Perante esta injustiça, o Bloco de Esquerda tem vindo a propor, ao longo dos últimos anos, que a Assembleia

da República reponha as condições de carreira e de trabalho. Perante a forma como o Governo se recusa,

realmente, a reconhecer os profissionais de saúde como peça fundamental do SNS, o Bloco tem vindo a propor

que a Assembleia da República faça esse reconhecimento que o Governo não faz, aliás, tal como já fez no

passado em relação a outras carreiras. Repito: tal como a Assembleia da República já fez, no passado, em

relação a outras carreiras.

Esse processo relativo à carreira de técnico superior de diagnóstico e terapêutica está perto de ser concluído

na Assembleia da República e com bons resultados. Ainda bem! Estamos de acordo com a conclusão que vai

ser feita: onde o Governo impôs regressão na carreira, o que estamos a fazer é garantir uma transição mais

justa; onde o Governo impôs um descongelamento numa carreira extinta, o que estamos a fazer é recuperar e

contar todos os anos de serviço desses profissionais; onde o Governo impôs uma tabela salarial com

progressões mínimas, o que agora estamos a fazer é uma efetiva valorização desses trabalhadores. O processo

está perto de estar concluído e, como disse, com bons resultados. Só se lamenta que o Partido Socialista se

tenha mantido obstinadamente contra qualquer melhoria da carreira dos TSDT (técnicos superiores de

diagnóstico e terapêutica), contra qualquer valorização, qualquer reconhecimento, qualquer melhoria, mesmo

mínima. Foi uma tentativa de força de bloqueio em todo este processo.

Sr.as e Srs. Deputados, termino tal como comecei. Os nossos profissionais de saúde e o nosso Serviço

Nacional de Saúde merecem muito mais do que o que o Governo tem estado a fazer por eles. Os TSDT merecem

muito mais do que a carreira que o Governo tentou impor unilateralmente. Digo muito sinceramente que, depois