I SÉRIE — NÚMERO 57
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A Sr.ª Carla Borges (PSD): — Não, não! Basta ler as intervenções!
A Sr.ª Alexandra Tavares de Moura (PS): — Fez assim, ou julga que fez, um brilharete junto dos técnicos
superiores de diagnóstico. Porém, esqueceu-se, Sr.ª Deputada, durante todo este tempo e no mandato anterior,
de estar ao lado da Administração Pública e até ao lado do anterior Governo para aprovar as alterações que
eram necessárias e as reversões que foram consumadas. Como? Na valorização das carreiras, na revisão das
carreiras não revistas, na promoção da revisão da tabela única remuneratória e na promoção da revisão do
SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública). Foi isso que o PS fez, no
seu programa eleitoral e, também, no seu programa de Governo.
Ao PSD, e porque a memória, Sr.ª Deputada, não pode ser curta, diria que, no seu programa eleitoral, não
encontrei nenhuma palavra sobre estas matérias e, por isso, este «flic-flac» só se compreende para justificar a
ausência de matéria, a ausência de pensamento estratégico sobre a questão da Administração Pública.
Para nós, o resultado é claro: é o resultado da democracia a funcionar, mas cá estaremos todos para assumir
as nossas responsabilidades.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, a Sr.ª Deputada
Paula Santos, do PCP.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, cumprimento o Sr. Deputado Moisés Ferreira
pelo tema que traz a debate, os trabalhadores da saúde.
Os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde são, de facto, de grande importância para garantir a
qualidade e a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, para assegurar a prestação de cuidados
aos utentes, e há, de facto, problemas graves que os afetam, problemas no que diz respeito aos seus direitos,
às suas carreiras, às suas condições de trabalho.
Indo às carreiras, este é, de facto, um problema de fundo que existe relativamente a estes trabalhadores,
que se sentem profundamente desvalorizados no plano dos seus direitos e das suas carreiras e a quem os
governos do PSD-CDS e do Partido Socialista não deram a resposta adequada para valorizar as carreiras. Há
que valorizar as carreiras para reconhecer estes valores — é assim que, efetivamente, se reconhecem —, para
que os trabalhadores da saúde queiram fixar-se no Serviço Nacional de Saúde e desenvolver aí o seu
desempenho profissional.
Discutimos hoje, em particular, a carreira dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica. Podíamos
fazer referência a muitas outras carreiras que foram revistas e que foram impostas aos trabalhadores contra a
sua vontade, numa atitude de pôr fim aos processos de negociação coletiva de forma unilateral, e a discussão
desta carreira chega à Assembleia da República exatamente por esse motivo — foi através de uma iniciativa
legislativa de cidadãos.
Naturalmente, privilegiamos o processo em sede de negociação coletiva, não de concertação social, pois
isso é outra matéria, mas, de facto, perante um conjunto de injustiças, os trabalhadores trouxeram aqui este
processo.
Não é a primeira vez que a Assembleia da República intervém em matéria de carreiras e podíamos trazer
aqui um conjunto de outros exemplos: a carreira docente, a carreira docente universitária, a carreira dos
magistrados judiciais e a carreira dos magistrados do Ministério Público. Portanto, são vários os exemplos em
que, de facto, houve intervenção da Assembleia da República e houve alterações relativamente a essas
matérias.
Consideramos que foi dado um passo, mas consideramos que há um conjunto de problemas em que se
poderia ter ido mais longe e há um conjunto de problemas que precisam de continuar a ser revistos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.