I SÉRIE — NÚMERO 57
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depois, no que toca a votar e à ação concreta, votou contra tudo e, portanto, não reconheceu nenhum tipo de
necessidade de melhoria.
Já hoje, durante o dia, li algumas coisas, que também agora ouvi à Sr.ª Deputada, sobre esta ideia da linha
vermelha, sobre a ideia da negociação coletiva, sobre a ideia de a Assembleia da República não ter
competências para alterar carreiras da função pública. Mas, Sr.ª Deputada, foi o Grupo Parlamentar do Partido
Socialista que, por exemplo, em novembro de 2020 — não passou assim muito tempo — apresentou uma
proposta aqui, na Assembleia da República, para, em sede de especialidade do Orçamento do Estado para
2021, alterar a carreira de enfermagem. E, recuando dois ou três anos, foi o Grupo Parlamentar do Partido
Socialista que apresentou uma proposta aqui, na Assembleia da República, em novembro 2017, para alterar a
carreira de técnico de emergência pré-hospitalar.
Portanto, em 2017 e em 2020, o Partido Socialista considerou, e bem, que a Assembleia da República tinha
competências para alterar carreiras, a carreira de enfermagem e a carreira de técnico de emergência pré-
hospitalar. E, se não me engano, o Bloco Esquerda até acompanhou as duas propostas.
Ora, o que a Assembleia da República está a fazer agora é alterar uma outra carreira, a de técnico superior
de diagnóstico e terapêutica. A Sr.ª Deputada pode não gostar do resultado, mas, como disse, é a democracia
a funcionar. E a verdade é que o Partido Socialista já aqui apresentou propostas para a Assembleia da República
alterar carreiras, e até carreiras na área da saúde, carreiras especiais na área da saúde.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Muito bem!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sobre o que disse a Sr.ª Deputada Paula Santos, estamos completamente
de acordo: as carreiras profissionais são centrais se queremos construir um melhor Serviço Nacional de Saúde,
se queremos fixar profissionais no Serviço Nacional de Saúde, se queremos ter mais profissionais no Serviço
Nacional de Saúde.
Ignorar isso é ignorar como se constrói o Serviço Nacional de Saúde. Achar que as carreiras podem ser
substituídas por um subsídio que não chega a ninguém, por um prémio que não chega a ninguém ou por uma
«final da Champions» — que também, enfim, não deu para ninguém assistir, já agora —, é não querer construir
o Serviço Nacional de Saúde.
As carreiras são centrais e, portanto, sim, da parte do Bloco de Esquerda acompanharemos sempre todas
as medidas e apresentaremos propostas para que as carreiras sejam melhoradas.
Para terminar, Sr. Presidente, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles falou dos utentes da saúde. Os utentes não
são dissociáveis dos profissionais de saúde. É preciso ter profissionais de saúde para ter capacidade de resposta
aos utentes do Serviço Nacional de Saúde; é preciso ter carreiras para fixar profissionais, para não ter listas de
espera no Serviço Nacional de Saúde. Por isso, quando defendemos carreiras para melhorar as condições de
trabalho dos profissionais de saúde estamos a defender, na prática, a redução dessas listas de espera dos
utentes do Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos agora passar à declaração política do Grupo Parlamentar do
PCP.
Tem a palavra, para o efeito, a Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP saúda todos os trabalhadores
da cultura que, com a sua luta persistente, têm trazido a lume as inúmeras dificuldades de quem trabalha nesta
área e que há décadas vive numa situação de enorme precariedade e instabilidade.
Trabalhadores que não cumprem uma visão instrumental de nos animar a vida com a sua arte, pelo contrário,
têm de ser vistos e considerados como trabalhadores de corpo inteiro, com direito ao trabalho com direitos, a
uma carreira contributiva digna, ao acesso às prestações sociais, a estabilidade no emprego.
Trabalhadores que, com o pleno desempenho da sua atividade artística, técnico-artística ou cultural,
concretizam o direito constitucional de todos à cultura.