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I SÉRIE — NÚMERO 59

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Agora dizemos: «Abril, Abril, Abril», mas que Abril? Quando os salários baixam, quando os jovens

emigram, quando os políticos corruptos andam à vontade na rua, quando não conseguimos sequer concretizar

a mais ténue das nossas aspirações, que Abril podemos dar ao futuro?

Vou terminar, Sr. Presidente, com um respeito enorme por todos os que fizeram Abril, por todos os que

permitiram que a democracia hoje existisse.

Vozes do PS: — Nota-se!

O Sr. André Ventura (CH): — Recordo que a primeira senha da Revolução de Abril foi a música E depois

do adeus. Nessa música, dizia-se que se é verdade que quis saber quem sou e o que faço aqui, quero saber

também quem me abandonou e do que me esqueci.

Nos 47 anos de Abril, devíamos lembrar todos os portugueses que abandonámos, todos os portugueses

que esquecemos e, em vez destes cravos vermelhos, devíamos prometer-lhes dignidade, trabalho, honra e

futuro. Foi isto que este País perdeu há muito tempo e só nós poderemos recuperar!

Não, não estaremos no desfile, hoje à tarde, na Avenida da Liberdade, porque o meu único desfile é ao

lado dos portugueses que querem uma vida melhor. É nesse desfile que irei participar e é para esse desfile

que sempre estaremos convocados.

25 de Abril sempre, mas precisamos de outra revolução em Portugal!

O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar de Os Verdes,

a Sr.ª Deputada Mariana Silva.

Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República,

Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Sr. Presidente do Tribunal Constitucional, Sr. Presidente

do Supremo Tribunal de Justiça, Sr.as e Srs. Deputados, Valerosos Capitães de Abril, Sr.as e Srs. Convidados:

«Não hei de morrer sem saber / qual a cor da liberdade». É de cor, de alegria, de festa, de paz que falamos

quando falamos de Abril. A 25 de Abril, comemoramos o fim do cinzentismo, do silêncio, da mordaça, da fome,

da ignorância.

Hoje, voltamos a fazer a festa na rua, junto com os que lutaram pela conquista da liberdade, que nos

devolveram a voz, que nos colocaram nas mãos a força da luta pelo combate à pobreza, pela igualdade de

direitos, pela procura da justiça social e pela defesa e proteção dos recursos naturais.

Hoje, aqui e nas ruas de todo o País, retomando liberdades que vimos escaparem-se pelos dedos neste

último ano, o vermelho do cravo elevado ao céu serve para nos relembrar essa força que nos foi dada há 47

anos e, de cravo ao alto, não permitiremos que sejam dados passos atrás. É preciso continuar a colorir o

futuro, com tudo o que ainda ficou por fazer.

Continuemos a colorir os dias das crianças e dos jovens que viram as suas brincadeiras, aprendizagens e

desenvolvimento interrompidos. Temos a responsabilidade de lhes devolver o vento nos rostos, os sorrisos e a

esperança com uma escola pública de qualidade, onde a igualdade de oportunidades seja a regra de ouro.

Continuemos a colorir os dias com um Serviço Nacional de Saúde robusto, eficiente, com o acesso aos

cuidados primários em todo o território, com mais profissionais, a quem, mais uma vez, agradecemos a

entrega, o esforço e a eficiência.

Continuemos a colorir os dias com mais e melhor mobilidade, com uma rede ferroviária em todo o território,

com mais e melhores transportes públicos, a preços acessíveis, sem barreiras arquitetónicas.

Continuemos a colorir os dias com o respeito pelos direitos dos trabalhadores, com a defesa dos postos de

trabalho, lutando contra os despedimentos, atribuindo apoios a quem deles necessita, respeitando os direitos

ao descanso, ao cuidado com a família e ao lazer.

Continuemos a colorir os dias garantindo o direito à justiça, dotando-a de mais meios humanos e técnicos,

tornando-a acessível a todos, combatendo a corrupção e respondendo a todos os que, justamente, clamam

pela criminalização do enriquecimento ilícito ou injustificado, seja pelos que têm intervenção na política, seja

pelos que se movimentam nos corredores das atividades económicas.