26 DE ABRIL DE 2021
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fundamental para aproximar os mais novos da participação pública e para a coisa e para a causa pública,
atestando a importância de o debate político ser feito além das juventudes partidárias: em casa, nas escolas,
como temos exemplos motivadores no Norte da Europa.
Tudo isto comporta desafios para o Parlamento, bem sei, mas são desafios em que o Parlamento sairá
mais forte, mais sólido e mais robusto, desafios, aliás, que a Assembleia da República tem sabido ultrapassar
desde o seu nascimento, num processo de consolidação contínua, bem-sucedido.
Primeiro, o desafio do compromisso, construindo os consensos necessários a assegurar o apoio a
Governos e a políticas que permitam o desenvolvimento do País, sobretudo, em tempos de graves crises.
Segundo, o desafio legislativo, erigindo o edifício democrático e as leis estruturantes da democracia. Neste
particular, devo referir-me à legislação que nos permitiu afirmar o Estado de direito que somos, um trabalho
nunca esgotado, que carece de aperfeiçoamento e melhoria diários.
Os titulares de cargos públicos e políticos têm de participar e decidir para aperfeiçoar a legislação sobre
eles próprios, tendo como base as alterações concretizadas em 2019. Mas, atenção: não há donos da
transparência, nem é aceitável nenhuma lógica que ponha os eleitos, os magistrados judiciais, os
procuradores, como suspeitos à partida.
Aplausos do PS.
Terceiro, o da fiscalização, acompanhando a evolução verificada nos parlamentos das democracias mais
antigas, criando instrumentos para um controlo eficaz do Governo, valorizando, em particular, o papel das
oposições.
Por último, o já referido desafio de abertura à sociedade. E é neste ponto que a Assembleia da República é
convocada a celebrar acontecimentos ou personalidades que nos ajudam a compreender melhor o País que
somos e que queremos ser.
É, por exemplo, neste contexto que o Parlamento assumiu, já nesta Legislatura, o compromisso de
homenagear e perpetuar a memória de figuras ímpares da nossa história, como é o caso de Aristides de
Sousa Mendes ou de Eça de Queiroz, com vista a conceder-lhes honras de Panteão Nacional.
É igualmente neste contexto que o Parlamento tem, desde há vários meses, vindo a comemorar o
Bicentenário do Constitucionalismo Português e da Revolução Liberal que está na sua origem, e onde
podemos encontrar, também, as origens do nosso sistema político.
É, pois, também por isso que estamos hoje, aqui, reunidos a celebrar o 25 de Abril.
Celebrando o passado, mas com olhos no futuro. Esperando que as gerações mais novas possam
encontrar nestes exemplos, e no 25 de Abril em particular, a inspiração para o que podem ser. Assumindo que
a liberdade de que todos disfrutam tem de ser diariamente defendida com o vigor necessário, para que se
envolvam com a causa pública, com a comunidade, ajudando a tornar este País melhor e melhor todos os
dias, um País mais justo, mais livre e mais democrático para o qual contribuíram tantos heróis discretos, civis e
militares, muitos anónimos, que, antes de Abril, lutaram, das mais diversas formas, contra a ditadura, ajudando
a fazer cair o regime ditatorial do Estado Novo.
As gerações que fizeram o 25 de Abril e edificaram a Constituição estão, naturalmente, a desaparecer.
Tenhamos confiança de que os mais jovens saberão defender os valores essenciais da liberdade, da
igualdade de oportunidades e da solidariedade social.
É esse País e essa democracia que celebramos hoje, com a mesma convicção e determinação com que,
há 47 anos, com ela sonharam os Capitães de Abril, aqui representados pela Associação 25 de Abril, a quem
endereço uma saudação muito, muito especial.
Aplausos do PS, do PSD, do BE, do PCP e da Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.
País de uma Revolução que não tem proprietários, porque aos que participaram na libertação do País se
seguiram várias gerações que ajudaram a construir o Portugal democrático em que vivemos.
Uma Revolução que, no entanto, tem autores: o Movimento das Forças Armadas e os milhares de
portugueses que se bateram contra a ditadura e a guerra durante longos anos.
Muito obrigado.