29 DE ABRIL DE 2021
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Administração Pública. Sucede que, em matéria de estrangeiros, este problema é muito sensível, dado que a
falta de resposta por parte dos serviços pode implicar a manutenção de situações indesejáveis de ilegalidade
de cidadãos em território nacional. Que respostas tenciona, então, o Governo dar nestas matérias?
Aplausos de Deputados do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência.
A Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Alma Rivera, muito obrigada pelas suas questões.
Quero destacar, em primeiro lugar, que me revejo totalmente na dimensão em que a Sr.ª Deputada
destacou a forma como devemos olhar para as migrações. Por isso, o Governo saúda o facto de os últimos
anos terem sido anos de saldo migratório positivo, dado que não só temos invertido ciclos de emigração como
termos reforçado ciclos de imigração. Como disse há pouco, é um sinal disso que, mesmo em pandemia,
continuem a crescer o número de imigrantes, face ao ano homólogo. Isto não é o resultado de um País que
tenha uma política de portas fechadas, pelo contrário. Portanto, queria dizer-lhe isso.
Como a Sr.ª Deputada referiu, procurámos, nessa dimensão de emergência, resolver muitos dos problemas
que estavam identificados, através do tal despacho que conferiu acesso às diferentes formas de proteção
social àqueles que tinham pedidos pendentes, mas também continuando a trabalhar, porque, como a Sr.ª
Deputada sabe, muito deste trabalho é um trabalho de proximidade, rua a rua, terra a terra, de modo a poder
garantir que as pessoas têm acesso. Por isso é que não só contam, do nosso ponto de vista, os números das
pessoas que tiveram acesso geral e abstrato, digamos assim, a esta resposta, mas também as pessoas que,
entretanto, passaram a ter número de segurança social, o que, como sabe, era um dos problemas que às
vezes criava círculos viciosos de acesso à regularização.
Além disso, quero destacar, como tenho sempre destacado nas nossas audições, o grande resultado que é
termos mais 77 000 pessoas com número de utente do SNS, sendo esse acesso ao SNS uma forma máxima,
se quiser, de integração na nossa sociedade, no nosso País.
Quero dizer-lhe também que as políticas gerais, transversais, que temos implementado são políticas que
protegem os imigrantes. Isso mesmo é válido quando olhamos para as discrepâncias que existem nas
remunerações entre os cidadãos nacionais e os trabalhadores estrangeiros, em que, em 2011, a distância era
de 9,4 pontos percentuais e neste momento é de 2,6 pontos percentuais. Tudo isso é resultado das políticas
de integração e das políticas de melhoria dos rendimentos que aqui temos discutido.
É verdade que nem tudo se deve fechar na resposta de emergência. Por isso mesmo, o Governo, em
agosto de 2019, tinha aprovado o seu plano nacional de implementação do pacto global para as migrações.
Muitas destas políticas que resolvemos transitoriamente, pela urgência da pandemia, são políticas que
estavam assumidas. Hoje, quem renova as suas autorizações de residência, lá tem o número do SNS. Ou
seja, há uma dimensão de resposta de emergência e há uma dimensão estrutural que fica para além da
pandemia. Esperamos poder garanti-la em diferentes esferas.
Como há pouco disse, na minha intervenção, a renovação automática de autorização de residência
permitiu uma renovação a 108 000 títulos de forma automática. Já falei também das 172 000 pessoas que
passaram a ter número de segurança social e, no âmbito da restruturação do SEF que está a ser feita, o
atendimento de todas estas renovações passará a ser feito nos mesmos espaços em que cada um de nós
trata da sua documentação. A nossa expectativa é a de que essa proximidade também permita resolver uma
parte dos problemas que a Sr.ª Deputada identificou.
Nesta matéria temos sempre desafios novos. Temos imigrantes a chegar de países cada vez mais diversos
e isso traduz-se num desafio acrescido para as nossas políticas de integração. Daí a importância que damos
ao ensino do português como língua não materna e as transformações que fizemos nas políticas de português
como língua de acolhimento, que esperamos possam chegar a mais gente porque alterámos várias regras que
dificultavam o acesso à língua.
Não quero ainda deixar de assinalar que durante todo o tempo em que as escolas estiveram fechadas, da
mesma maneira que na televisão pública houve aulas de várias disciplinas, também lá esteve, sempre, o
Português Língua não Materna, porque não nos esquecemos nunca das questões da integração.