29 DE ABRIL DE 2021
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Risos do BE.
As preocupações que o Sr. Deputado aqui referiu a propósito da violência doméstica são preocupações
que tivemos desde a primeira hora. No início do primeiro confinamento, na declaração do primeiro estado de
emergência, desde a primeira hora, preocupámo-nos com esta ideia de que as vítimas de violência doméstica
poderiam estar confinadas com o seu agressor, e isso é, obviamente, um cenário de terror individual e de
enorme preocupação coletiva.
Foi por isso que procurámos diversificar todos os canais possíveis de resposta — parafraseando um velho
anúncio, «se não pode telefonar, mande uma mensagem escrita» —, criando respostas por e-mail,
diversificando, por exemplo, as visitas das forças de segurança aos casos de possível reincidência que
conhecíamos e num contacto permanente com a rede de apoio no âmbito da violência doméstica.
Estou perante aquela situação em que, quando os números da violência doméstica são piores, é
gravíssimo, e quando são melhores, são cifras negras. Percebo a pergunta, porque corresponde exatamente à
minha preocupação, mas o que lhe posso dizer é que os números são, de facto, melhores e isso não decorre
de nenhuma desaceleração da nossa capacidade de acompanhamento. Pelo contrário, o nosso atendimento
aumentou em 2020 face a 2019, tivemos mais capacidade de resposta do que em 2019 e, portanto, eu não
diria, pelos números que tenho, que a baixa no número das queixas e das mortes, que são, ainda assim,
números horríveis, decorra desse confinamento. Obviamente, não o poderei garantir, mas o que lhe posso
dizer é que os nossos números de atendimento contribuem para a minha convicção de que foi a nossa melhor
resposta, foi a permanente presença de campanhas que fizemos na comunicação social durante este ano que
deu uma melhor capacidade de resposta.
Sobre as propostas que estão na Assembleia, naturalmente, este é o momento para que a Assembleia se
pronuncie sobre a lei. O momento do Governo já passou. Nós estamos preparados para dar uma resposta
muito forte à dimensão das crianças e jovens.
Como já respondi há pouco ao PSD, na resolução do Conselho de Ministro que aprovámos e nas medidas
que tomámos, essa foi uma dimensão fundamental, bem como o é também no novo programa de formação
que iniciámos, que é um programa que, tal como na altura a equipa que avaliou aquele momento crítico de
violência doméstica nos recomendou, tem áreas de formação transversais a todos os setores, para que quem
atende, quem faz a queixa, quem ajuda possa ter elementos fundamentais de formação comum, porque era
nessas brechas que tínhamos alguns problemas.
Como eu disse há pouco, criámos uma rede de respostas de apoio psicológico, precisamente para reforçar
o apoio psicológico e psicoterapêutico a crianças e jovens vítimas de violência doméstica. Como sabem, no
entendimento do Governo elas já eram vítimas de violência doméstica e nunca nos opusemos a que a lei o
viesse vincar ou clarificar mais, e teremos, por força deste anúncio, num protocolo com a Ordem dos
Psicólogos Portugueses, as respostas em todo o território nacional.
Portanto, na produção de guias que todos os agentes conheçam, na formação e nestas respostas às
crianças, julgamos que estamos a responder aos principais desafios que temos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Ainda está no uso da palavra o Sr. Deputado Telmo Correia. Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, enfim, não desvalorizo, de maneira nenhuma, as suas áreas. O que lhe disse foi só que, do ponto de vista da oposição, até pela sua
transversalidade, elas poderiam não ser uma prioridade, mas até um motivo de descanso para si, e não o
contrário. A oposição, obviamente, não pretende outra coisa senão ir aos pontos mais polémicos, por assim
dizer. Portanto, sei bem — um saber de experiências feito, ainda que limitado — que a agenda de qualquer
membro do Governo é extremamente exigente e uma agenda de muito trabalho. Não tenho a menor dúvida
sobre isso, não é isso que está em causa e agradeço-lhe as suas respostas.
Em relação a uma outra questão, de que também já falou hoje, a imigração ilegal, o seu colega da
Administração Interna foi, de facto, muito infeliz quando respondeu a uma pergunta minha dizendo que achava