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29 DE ABRIL DE 2021

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Por outro lado, as mulheres representam uma grande parte dos trabalhadores que estiveram naquela que

se escolheu chamar de «linha da frente», não só como profissionais de saúde, mas também como

trabalhadoras de lares, auxiliares de limpeza nas escolas, nos hospitais, nas estruturas de apoio aos idosos e

no apoio ao domicílio.

Também são mulheres as que mais trabalham nos serviços essenciais, como nas caixas de supermercado,

em empresas e indústrias que não fecharam e que, por isso, sofriam a pressão diária de serem portadoras da

doença e de a levar para casa, para os familiares idosos e crianças. E não podemos deixar de relembrar que

estas trabalhadoras, na maioria mulheres, lidaram com centenas de pessoas por dia e ficaram de fora do

plano de vacinação, quando era indispensável estarem protegidas.

Uma vez que até foram para estas trabalhadoras e para estes trabalhadores as imensas palmas e os

agradecimentos tão pomposos de valorização do seu papel, que permitiu a todos ter acesso a produtos

alimentares durante o primeiro confinamento, vai-se a ver e uma boa parte destas trabalhadoras recebem

apenas o salário mínimo nacional ou pouco mais, levando para casa, ao final do mês, quantias que mal

chegam para pagar a renda, as despesas fixas, como a eletricidade, o gás, a água, a educação dos filhos.

Foram elas que corajosamente saíram de casa, mesmo quando nada sabíamos sobre o que estávamos a

viver.

Por isso, o que gostaríamos de perguntar, Sr.ª Ministra, é se, depois desta experiência e de todas os

elementos de desigualdade com que fomos confrontados, e que não foram surpresa para ninguém, o Governo

vai tomar medidas para um significativo aumento das retribuições destas trabalhadoras, porque elas

mantiveram-se nos seus postos de trabalho diariamente. São também elas que constituem o grosso da coluna

dos muitos milhares de portugueses que empobrecem a trabalhar!

Principalmente porque a chave para a resolução de uma boa parte dos problemas de violência doméstica

também será, exatamente, quebrar dependências, nomeadamente económicas, dos abusadores — a

pandemia agravou claramente as questões de violência doméstica de que muitas mulheres foram vítimas, pela

primeira vez, durante o confinamento —, o problema da violência ainda requer, infelizmente, um conjunto

considerável de medidas a adotar, adaptar e a colocar em prática. Sr.ª Ministra, estão a ser reforçados os

serviços públicos de apoio a estas vítimas? Está a ser feita formação aos funcionários dos serviços públicos?

Disse que esta será feita nas próximas semanas, mas espero que não seja por culpa desta pandemia, porque

a necessidade de os profissionais da segurança pública atenderem e garantirem a segurança destas vítimas

estava claramente identificada.

O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, muito obrigado.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, estou mesmo a terminar. Por último, sabemos que as mulheres são as maiores vítimas da violência doméstica e, até, durante o

namoro,…

O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem mesmo de terminar.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — … mas é ainda preciso incentivar a denúncia no masculino. Homens e jovens não podem continuar a ser discriminados, ridicularizados ou abandonados quando admitem que são

vítimas de violência doméstica.

Aplausos de Deputados do PCP.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva.

A Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, não nego — nunca o fiz e também não seria hoje o primeiro dia que o faria — que esta crise tenha impactos diferenciados em homens e

mulheres. Aliás, tenho trazido este tema permanentemente à Assembleia da República.