O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 DE ABRIL DE 2021

37

homens que gozava da licença parental facultativa era de 52% e passou para 72% e a percentagem dos que

gozava da licença partilhada era de 10% e passou para 42%.

Sabermos que as políticas têm estes resultados é da maior importância quando, perante uma crise, temos

de desenhar novas políticas.

No Plano de Recuperação e Resiliência, procurámos que as diferentes dimensões em que sabemos que é

preciso responder às desigualdades entre homens e mulheres encontrassem o seu espaço, por exemplo na

área da saúde e na área social, o que pretende contribuir, como sempre contribuiu, para a conciliação entre a

vida pessoal, familiar e profissional; procurámos ter respostas novas que adiem a institucionalização dos mais

velhos em lares, dando respostas de proximidade que possam ser partilhadas entre as famílias e os serviços

públicos; procurámos ter respostas na habitação, como já referiu a Sr.ª Deputada, para responder às

carências das famílias monoparentais; procurámos ter uma resposta organizada em matéria de violência

doméstica; e procurámos, no momento em que queremos que a transição verde e a transição digital sejam

justas e possam promover a igualdade, ter medidas que corrijam as desigualdades preexistentes nas matérias

relativas às qualificações e à formação profissional na área digital mas não só.

Quando olhamos para os dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Alunos), vemos que

entre as raparigas que são melhores alunas só uma minoria é que pretende seguir as áreas das ciências e das

tecnologias, estando os rapazes em maioria nessas áreas e em minoria nas áreas dos apoios sociais.

Sabemos que estas desigualdades vêm da construção de estereótipos nos quais todos participamos — as

famílias, os órgãos de comunicação social, as escolas, a sociedade como um todo — e, por isso, a resposta

também terá de ser da sociedade como um todo e aquilo que procuramos é dar visibilidade a essas

desigualdades e encontrar políticas públicas para corrigi-las.

Mas não nos iludamos: a resposta a esta construção da ideia de que uns têm mais jeito para umas coisas e

outros têm mais jeito para outras não será conseguida por nenhum Governo, por nenhum Parlamento. É uma

resposta que envolve toda a sociedade.

No que respeita às dimensões que referiu em matéria europeia, julgo que o contributo que Portugal

procurou dar neste semestre às políticas da igualdade foi no sentido de conseguir construir um consenso, que

a nível europeu nem sempre é fácil. Esta crise teve impactos desiguais para homens e mulheres e haverá

respostas para corrigir essa desigualdade.

Essa foi a grande prioridade que decidimos escolher, procurando informação junto do Instituto Europeu

para a Igualdade de Género. No próximo Conselho Europeu, procuraremos responder com esse consenso em

torno dos impactos e com um compromisso em torno das medidas que temos de desenvolver.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para fazer perguntas, também pelo Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra a Sr.ª Deputada Susana Amador.

A Sr.ª Susana Amador (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, ao longo deste debate e nos últimos meses, temos vindo a constatar aquilo que sabíamos e que já

estava estudado, ou seja, que a crise pandémica está longe de ser simétrica também do ponto de vista do

género. Foram as mulheres as mais atingidas, como revelaram estudos do FMI (Fundo Monetário

Internacional), da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e da Comissão Europeia.

Em Portugal, igualmente, esta crise não foi neutra em termos de género e as mulheres foram afetadas em

termos económicos e sociais, aprofundando-se as desigualdades no que diz respeito à partilha do tempo,

designadamente do tempo de trabalho não pago. E lembremo-nos do perfil dos beneficiários do apoio

extraordinário à família, em que mais de 80% são mulheres. Sublinhe-se, por isso, o quanto foi importante o

Orçamento do Estado ter reforçado o abono de família e alargado a gratuitidade das creches num esforço para

aumentar o rendimento disponível das famílias, mas também para permitir uma melhor conciliação entre a vida

profissional e familiar dos pais.

De forma transversal, ao longo destes meses, foram criadas medidas de manutenção do emprego, de

apoio à contratação e de apoio às famílias e empresas, bem como de apoio a públicos mais vulneráveis, com

impacto particular nas mulheres, de que são exemplos o layoff simplificado, o apoio extraordinário à retoma