I SÉRIE — NÚMERO 60
38
progressiva de atividade e o subsídio por assistência a filho ou a neto em isolamento profilático. Mais de 3,4
mil milhões de apoios foram pagos, impactando mais de 2,8 milhões de pessoas que foram abrangidas por
estes apoios sociais.
É também por isso que os instrumentos legislativos criados em anos recentes, de governação socialista e
com o apoio deste grupo parlamentar — instrumentos como a lei da promoção da igualdade salarial e as leis
da representação equilibrada de homens e mulheres em cargos de decisão, quer na Administração Pública,
como a Sr.ª Ministra referiu, que passou de 32% para 42% de mulheres em cargos dirigentes, quer nos órgãos
do setor empresarial e das empresas cotadas em bolsa, onde a participação das mulheres também aumentou,
passando de 12% para 26% em 2020 —, foram determinantes para um país mais igual, logo, para um país
mais democrático e têm esta marca de água do Partido Socialista.
Foi igualmente determinante o Programa 3 em Linha, que visa promover um maior equilíbrio e conciliação
da vida profissional, pessoal e familiar como condição primeira da igualdade entre homens e mulheres e para
uma cidadania plena, bem como a lógica que a Sr.ª Ministra referiu da partilha das licenças de parentalidade.
Ao longo do tempo, tem vindo a aumentar a proporção de homens que gozam essa licença facultativa, que
aumentou de 45% para 68%, e as licenças partilhadas aumentaram de 9% para quase 40%.
São avanços evidentes que permitem mais justiça e que consagram e aprofundam a igualdade, tal como
está previsto no artigo 9.º da nossa Constituição. Por isso, o esforço que tem sido feito em campanhas para
promover a igualdade, na CIG (Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género), ou para alargar a
consciência da discriminação e dos direitos e reforçar mecanismos de proteção — por exemplo, na CITE, que
tem hoje poderes reforçados — são tão necessários.
Sr.ª Ministra, saudamos ainda o facto de, em articulação com a Estratégia para a Inovação e Modernização
do Estado e da Administração Pública, ser prosseguida a formação de trabalhadores em matéria de igualdade
e não discriminação, também na área da conciliação, e a criação de mecanismos que garantam que o
teletrabalho não agudiza as assimetrias sociais de género preexistentes.
É, assim, nuclear que sejamos capazes de prevenir que se reproduzam no futuro os focos de desigualdade
existentes e que irrompam novos focos na economia digital e nas profissões de acesso a este tipo de
atividades, ou seja, naquilo que se designa como «o futuro do mundo do trabalho». Nessa perspetiva,
questionava-a, Sr.ª Ministra, sobre a relevância do Livro Verde do Futuro do Trabalho na dimensão da
igualdade, que o mesmo patenteia e que está agora na concertação social.
Por seu turno, a versão final do PRR, que Portugal entregou ontem — aliás, Portugal foi o primeiro Estado-
Membro a entregar esse documento —, promove uma nova geração de equipamentos e de respostas para a
primeira infância, idosos e deficientes, inclui medidas de promoção da igualdade remuneratória e de promoção
da representação equilibrada nos cargos de direção, mas também combate os estereótipos, designadamente
nas TIC, que limitam as escolhas formativas das raparigas e das mulheres e enformam desigualdades futuras
que queremos inverter e travar.
Esta recuperação responsiva ao género e esta atuação sobre fatores estruturantes da desigualdade fazem,
Sr.ª Ministra, com que este plano seja, efetivamente, um instrumento de oportunidades únicas para que
ninguém fique para trás, tal como nos interpela a Agenda 2030 das Nações Unidas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva.
A Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, muito obrigada pelas questões que me colocou.
O caminho que vínhamos fazendo na recuperação de inúmeros indicadores de igualdade entre homens e
mulheres, o qual já referi, teve esta interrupção por uma crise que, como todas as crises, afeta sempre mais
aqueles que já eram mais vulneráveis. Ora, os mais vulneráveis junto do mercado de trabalho são as mulheres
e, por isso, nas dimensões da precariedade, nas dimensões dos baixos salários, em todas estas dimensões
vemos as mulheres ser mais afetadas do que os homens.