7 DE MAIO DE 2021
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Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sofia Matos, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Sofia Matos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é irresistível não começar por vos trazer um facto absolutamente indesmentível, o de que a fatia que este Governo entrega ao investimento, ano após
ano, sucessivamente, é inferior à fatia que foi aplicada entre os anos de 2011 e 2015, em relação aos quais
todos sabemos das dificuldades por que este País passou.
A verdade está à vista de todos, Srs. Deputados. Veja-se o plano de investimentos no Ferrovia 2020, que
precisamente no ano de 2020 só tinha 19% do investimento executado. Veja-se a vergonhosa execução que o
Governo levou a cabo do Orçamento do Estado de 2020 e do Orçamento retificativo. Nem em tempos de
catástrofe sem paralelo o Governo foi capaz de cumprir o que prometeu aos portugueses.
Mas, Sr.as e Srs. Deputados, o Estado tem de ter um nível básico de investimento. E investimento, Srs.
Deputados, não é simplesmente passar cheques, é ter a capacidade de empreender, é ter a capacidade de
fazer e, acima de tudo, é ter a capacidade de executar e de concretizar. É muito mais, Srs. Deputados, do que
ir a Espanha comprar sucata que os outros já não querem utilizar, é escolher investimentos que sejam
reprodutivos e que ponham a produtividade acima de tudo.
Sr.as e Srs. Deputados, todos os anos o Governo deixa de executar, pelo menos, 1000 milhões de euros,
face àquilo que prevê e promete nos Orçamentos do Estado. Começa, desde já, a ser um padrão: o Governo
projeta uma coisa no Orçamento do Estado, depois deixa cair um bocadinho no Programa de Estabilidade, como
aconteceu este mês, mais um bocadinho quando se estima a execução do ano corrente no Orçamento do Estado
seguinte e a execução orçamental vem revelar, no final do ano, que nem os montantes revistos em baixa são
executados.
Estes factos dizem muito sobre este Governo, dizem muito sobre as suas prioridades, mas também dizem
muito sobre os Srs. Deputados e os grupos parlamentares que, sucessivamente, têm apoiado e viabilizado estes
Orçamentos fantasma apresentados por este Governo, como é o caso do PAN, Sr.ª Deputada.
Por isso, como se diz na minha terra — e vou terminar, Sr. Presidente —, à primeira caem todos, à segunda
caem os mais imprudentes e à terceira só cai mesmo quem quer. E, pelos vistos, os Srs. Deputados vão
continuar a cair.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para o último pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.as Deputadas, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, na sua declaração política trouxe-nos vários temas, muito diversos, tendo, atualmente, grande parte uma
importância no debate político bastante relevante.
De facto, Portugal tem apresentado vários problemas que foram aludidos, nomeadamente na área ambiental,
na área agrícola, na proteção de habitats naturais, em que Portugal ainda está demasiado aquém daquilo que
seria importante, mas a questão essencial sobre todas estas matérias tem muito que ver com o modo como se
resolvem os problemas que foram aludidos, designadamente o tipo de produção agrícola que temos no nosso
País e as respetivas consequências ambientais e outras.
Pergunto se resolvemos isto com alterações estruturais de fundo do modelo de produção — como, aliás, tem
defendido o Bloco de Esquerda ao longo dos anos — ou se resolvemos isto apenas com taxas, que têm uma
lógica demasiadas vezes perniciosa, que pune as populações, e deixa, na grande maioria das vezes,
praticamente intactos os grandes produtores.
Parece-nos que este é um ponto essencial de demarcação das diferenças da forma como olhamos, por
exemplo, para as alterações climáticas, para a transição para um modelo mais justo de produção que todos