7 DE MAIO DE 2021
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A Sr.ª Catarina Rocha Ferreira (PSD). — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começamos por cumprimentar o Partido Socialista por ter trazido a este Parlamento o tema do mar, tão relevante para Portugal. Na verdade, não
é primeira vez que este tema é abordado neste tipo de debates, o que por si é bastante positivo.
Contudo, o que nos espanta é que o discurso seja tão alheado da realidade do nosso País, porque a verdade
é que o modelo de crescimento de Portugal pelo mar, que tanto ambicionamos, continua uma miragem. E nem
a reviravolta que o Plano de Recuperação e Resiliência teve sobre o mar cura a falta de ambição e de liberdade
dos últimos anos. Mas mesmo assim, ficamos satisfeitos que tenham ouvido o PSD e que, na segunda versão
do PRR, se tenha introduzido um capítulo dedicado ao mar.
É, ainda, igualmente importante que Portugal renove, como está a fazer, a sua Estratégia Nacional para o
Mar.
Nesse sentido, Sr.ª Deputada, gostaria de lhe deixar algumas perguntas.
Em primeiro lugar, quais são as primeiras medidas a implementar ao nível da Transição Verde e Digital e
Segurança nas Pescas, através dos 21 milhões de euros previstos no PRR? Qual é o montante para a
modernização da frota e a valorização do setor da pesca?
Em segundo lugar, qual é a estimativa de repercussão económica que a Rede de Infraestruturas para a
Economia Azul, com 87 milhões de euros, terá na economia do mar? E quais os cenários em termos de
recuperação do investimento?
Mais: como deve saber, as indústrias do mar já manifestaram interesse em investir em Portugal mais de 5000
milhões até 2030 em setores que vão dos portos e da construção naval à pesca e à transformação do pescado
e da biotecnologia azul ao turismo. Precisam, porém, de desbloqueios financeiros e administrativos. Acha que
Portugal terá essa liberdade de escolha e de apoiar o investimento privado no mar, até 2030?
Porque falar sobre o mar é isto, Sr.ª Deputada, é trazermos números e darmos respostas concretas, senão,
não passa de um discurso bonito sem qualquer conexão com a realidade.
Nesse sentido, e para terminar, gostaria de lhe perguntar, Sr.ª Deputada, se acha que a Estratégia Marítima
Nacional será capaz de dar a Portugal os instrumentos para sermos um País com crescimento e
desenvolvimento sustentável no mar.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Morais Soares, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Ana Passos, 97% do território nacional é mar.
Temos uma das maiores plataformas continentais europeias, com um potencial de aproveitamento enorme:
na renovação da pesca, na renovação dos portos, novas tendências de energia elétrica, no turismo, no clima,
na energia, na biotecnologia azul, na produção de aquacultura… A economia do mar representa, neste
momento, cerca de 3% do PIB, o que é, de facto, miserável, tendo em conta todo o potencial que existe e que
temos para aproveitar e para explorar.
A aposta no mar tem sido nula: falta foco, falta estratégia ao Governo, uma promessa ano após ano sempre
adiada, não existem fundos ou aqueles que existem alocados ao mar são mesmo muito poucos, chegando a ser
menos de 1% do total dos fundos europeus.
O mar é um setor estratégico para Portugal que nos poderia colocar na vanguarda e, novamente, no mapa
mundial, mas para o PS e para o Governo não tem sido prioritário. Fica bem falar do mar, mas, na prática, é
zero!
De facto, Sr.ª Deputada, estamos a perder uma oportunidade única. O mar e a economia azul poderiam ser
uma das chaves, uma clivagem para potenciarmos também o verdadeiro crescimento económico de Portugal,
mas os fundos do mar são uma gota no oceano. Senão, vejamos: PRR — 252 milhões de euros para a indústria
do mar,…
O Sr. João Dias (PCP): — Se fosse o CDS a meter a mão nesse dinheiro…!