I SÉRIE — NÚMERO 73
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capacidade que a Assembleia da República tem para acolher as pretensões dos peticionários está em parte
limitada pela lei.
Por isso mesmo, a Comissão de Trabalho e Segurança Social solicitou, em 15 de setembro de 2020,
informação do teor da petição à Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e, em especial, à
Direção-Geral de Emprego e das Relações do Trabalho.
De facto, não deixa de ser lamentável que, passados mais de oito meses, o Governo não tenha prestado
qualquer informação ao Parlamento. O Governo não respondeu ao Parlamento como também não responde,
desde 2019, a esta associação, que aguarda uma resposta da Sr.ª Ministra, segundo informações de que
dispomos.
Esta falta de consideração pelos cidadãos em geral e pelos animadores socioculturais em particular é grave
e é de lamentar.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, não vou terminar sem antes referir algo que nos parece também
importante e que não pode passar despercebido neste debate: foi relatado pelos peticionários, em sede de
audição, que muitos animadores socioculturais foram dispensados com o surgimento da pandemia COVID-19,
uma vez que os empregadores não reconheciam a atividade destes profissionais, o que é lamentável e não
deveria ter acontecido.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira concluir, se faz o favor.
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, destacando que os animadores socioculturais irão ter um papel determinante e decisivo no futuro no apoio às populações mais desfavorecidas,
aos idosos, às pessoas portadoras de deficiência, pelo que deve haver uma palavra de esperança para com
todos eles.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do PAN.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de mais, gostaríamos de saudar os mais de 4000 peticionários e agradecer a iniciativa que aqui nos trazem.
O primeiro curso superior de Animação Sociocultural foi autorizado em 1989, ao abrigo da Cooperativa de
Ensino Superior Artístico, Árvore, no Porto. Posteriormente, foram criadas ofertas em diversas instituições de
ensino superior, às quais se foram associando outras possibilidades ao nível das escolas profissionais, do IEFP
(Instituto de Emprego e Formação Profissional) e ainda cursos de curta duração, que foram captando o interesse
de diversas pessoas e alargando estas ofertas formativas um pouco por todo o território nacional. Evidentemente
que este interesse também decorreu da necessidade de dar resposta, de intervir enquanto animador
sociocultural.
Apesar da especificidade de competências e funções exigidas, a profissão do/a animador/a sociocultural
sofre as consequências do vazio legal por falta de regulamentação.
Face à heterogeneidade de públicos e contextos em que estes profissionais trabalham, são essenciais os
conhecimentos e competências técnicas, mas também as competências pessoais e interpessoais em que a
inteligência emocional é um fator-chave. Esta profissão exige elevada capacidade de adaptação, resiliência,
dedicação e responsabilidade, mas também capacidade de trabalho em equipa.
Trata-se de profissionais aptos a desenvolver a sua atividade nos mais diversos contextos, em autarquias
locais, nos equipamentos educativos, em instituições de apoio à terceira idade, junto de grupos de jovens e
grupos comunitários em geral.
Nas palavras de alguns destes profissionais, que gostaria de lembrar, o que mais os motiva é a possibilidade
de trazerem felicidade no dia a dia aos seus utentes, através de atividades que levam em conta as suas
características, vivências e histórias pessoais, contribuindo para a melhoria das condições de vida de muitas
pessoas.
Embora as instituições e os projetos compreendam a relevância destes profissionais e requeiram já a sua
integração nas equipas, a verdade é que, não sendo esta uma carreira devidamente reconhecida ou