I SÉRIE — NÚMERO 23
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A Sr.ª Deputada referiu, na sua intervenção, mais uma vez, como tem sido seu apanágio, a importância de
fazermos caminho a nível da pedagogia e da educação para estas matérias, nomeadamente no que diz respeito
à sensibilização, o que, como é evidente, acompanhamos.
Mas, repare, Sr.ª Deputada, são tantas as atrocidades a que assistimos no nosso País que, sabemos bem,
vão para além dos animais de companhia, porque não estão, de facto, protegidos, independentemente do fim a
que se destinam, como já deixámos aqui claro. Mas sabemos bem que não será suficiente. É preciso proteger,
efetivamente, estes animais.
Sr.ª Deputada, na sua intervenção, deu boa nota da importância da educação, mas lembro que o PAN
apresentou aqui uma proposta de recomendação, a qual visava que, no âmbito da estratégia nacional para a
cidadania, a proteção animal e o tratamento digno dos animais passassem de caráter opcional para caráter
obrigatório. A posição do PCP foi dúbia. Afinal, como se posiciona o PCP em relação a essa matéria?
Pergunto-lhe também se o PCP vai ou não estar ao lado da proteção destes animais, que continuam a ser
vítimas de inúmeras atrocidades no nosso País. O PCP vai ou não acompanhar a proposta do PAN?
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero agradecer as questões que me foram colocadas.
Vou começar pelo fim, dizendo que é, no mínimo, improvável — digamos que é, até, uma conceção
retrógrada — achar que, por via penal, se conseguem resolver questões que são muito mais complexas.
Aplausos do PCP.
Muito mais complexas! Porque, se não, as leis que o PAN já fez aprovar teriam tido resultados e não
estaríamos aqui a ter esta conversa.
Estamos a falar de um alargamento da abrangência, não estamos a falar propriamente da estratégia adotada.
E a estratégia adotada pelo PAN aparentemente não falhou, como, aliás, reconhecem.
Mas se estamos todos de acordo com a questão do enfoque na prevenção, do enfoque na educação e numa
visão de relação mais harmoniosa entre os seres humanos e os animais, então é preciso que haja medidas
concretas. E a prevenção e a adequação dos meios fazem-se com a aprovação de propostas.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — O PCP traz aqui uma proposta. Sabemos que existe sobrelotação nos centros de recolha oficial, isso é evidente. Essa sobrelotação existe porque não há controlo das populações de animais
errantes e esse controlo não existe porque as campanhas de esterilização não são suficientes. E não são só os
animais errantes que se reproduzem, são também as ninhadas que continuam a nascer e cujos proprietários
são pessoas que, infelizmente, não têm condições para pagar a esterilização.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Portanto, estas são prioridades. Podemos arranjar os subterfúgios que quisermos, as dúvidas que quisermos, mas enquanto não formos
coerentes com aquilo que dizemos não vamos lá! Se não começarmos, desde já, a reforçar os meios veterinários
municipais, que são aqueles que garantem o acesso às famílias, aos idosos, que não têm dinheiro para cuidar
dos seus animais, enquanto não pusermos equipas na rua a fazer campanhas de esterilização, enquanto o
financiamento dado pelo Governo assegurar uma ínfima parte dos investimentos que é necessário fazer, por
parte dos municípios, enquanto não se resolverem estas questões…