25 DE FEVEREIRO DE 2022
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e daqueles que usam o cerco, a confrontação e a guerra para imporem relações políticas e económicas entre
Estados ou povos. Estou também de acordo com a sua denúncia da escalada de confrontação.
Por isso, não consigo perceber como é que o Sr. Deputado não aplica esses princípios à situação presente.
É que a escalada de confrontação existe desde há vários meses, porque há um país, que se chama Federação
Russa, que tem acumulado militares, equipamento militar, armas e unidades de combate na vizinhança imediata
de um outro país chamado Ucrânia.
Vozes do PSD: — Claro!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — É isso que a Rússia tem feito, até chegar a mais de 200 000 militares estacionados do lado russo da fronteira com a Ucrânia. E é essa escalada que a
Rússia prosseguiu quando, em conúbio com o regime de Lukashenko, inventou uns exercícios militares
conjuntos, mobilizando mais de 30 000 militares russos para a Bielorússia, a poucos quilómetros da fronteira
norte da Ucrânia.
Foi essa escalada que prosseguiu também no plano político e no plano do discurso político e que culminou
na alegação delirante de que a Ucrânia não era uma coisa realmente diferente da Rússia ou que a Ucrânia não
tinha direito à sua própria identidade e à sua própria soberania.
Portanto, sim, Sr. Deputado, nós devemos ser contra a escalada militar, devemos ser contra aqueles que
usam «o cerco, a concentração e a guerra» — palavras suas — para impor relações políticas e económicas.
Impor relações políticas e económicas é o que o Presidente Putin diz que quer fazer, porque ele acha que a
Ucrânia não sobrevive historicamente sem a Rússia.
Porém, em vez de tentar convencer disso os ucranianos e esperar por que os ucranianos fiquem convencidos
ou digam o que pensam acerca dessa conceção extraordinária do Presidente Putin, em vez disso, em vez de
usar a persuasão, o convencimento, a influência, o que é que ele usa? Sim, Sr. Deputado, usa o cerco, a
confrontação e, desde ontem à noite, usa a guerra.
Acho extraordinário que o Sr. Deputado consiga ter gastado até agora julgo que mais de 5 minutos do seu
tempo sem dizer aquilo que resultaria como consequência límpida, cristalina e óbvia dos princípios que diz
defender e sem denunciar aqui, publicamente, o ato de agressão praticado pela Rússia contra a Ucrânia.
Ainda tem 13 segundos para o fazer, se quiser.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado João Oliveira, poderá usar ainda da palavra durante alguns segundos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, o senhor pede-nos que condenemos apenas uma circunstância, mas nós fizemos mais do que isso. Condenámos todo o caminho que nos trouxe até aqui e
condenamos todas as ações que contribuam para o mesmo objetivo.
A escalada de confrontação política, económica e militar não é um ato, nem uma circunstância isolados. É a
extensão, durante 30 anos, das fronteiras da NATO até às fronteiras com a Rússia. É o reforço de meios e
contingentes militares em países limítrofes da Rússia. E é, inclusivamente, o apoio militar à Ucrânia e a
concentração de militares em zonas como a zona de demarcação que, pelos acordos de Minsk, não deveria ter
a presença destas forças militares.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente. Temos agora, numa perspetiva de resposta a esta situação, sanções e o recrudescimento da concentração
desses meios militares, na esperança de quê?
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.