25 DE FEVEREIRO DE 2022
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Neste sentido, a afirmação destes valores, bem como a total disponibilidade de Portugal para colaborar com
os seus aliados no seio da União Europeia e da Aliança Atlântica devem ser inequívocas, demonstrando o seu
apoio e solidariedade para com o povo ucraniano.
Sr. Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Sr.as e Srs. Deputados, mais uma vez,
no centro da Europa, mulheres, homens e crianças inocentes temem pelas suas vidas. A razão de tal
barbaridade é o imperialismo russo e o seu total divórcio dos valores e princípios que, a todos, nos devem unir
e que são valores e princípios essenciais para a construção de um mundo mais livre, mais justo, mais
desenvolvido e mais respeitador dos direitos humanos.
A Rússia de Putin é o contrário disso tudo.
Nós, portugueses, europeus e cidadãos do mundo, temos de ser soldados no combate por tudo aquilo em
que acreditamos e que tanto nos custou alcançar.
Nestas horas sombrias, temos de estar ativos e solidários com o povo ucraniano e com todos aqueles que,
no quadro de toda a comunidade internacional, condenam a guerra e defendem a paz, a concórdia, o
desenvolvimento e a solidariedade internacional.
É este o lado em que o PSD está. É o lado em que o PSD sempre esteve.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, começo por agradecer a intervenção do Sr. Deputado Rui Rio, bem como a disponibilidade permanente que o seu partido
tem manifestado ao longo desta crise, que já leva várias semanas, e sempre que o Governo entendeu necessário
proceder a consultas sobre questões nas quais todos beneficiamos de um consenso político muito forte, muito
duradouro, muito estabilizado e muito genuíno em Portugal.
Agradeço também as referências que fez às diligências diplomáticas levadas a cabo aos mais diferentes
níveis. Permita-me um comentário sobre isto: ninguém disse ao Presidente Putin que não estava disponível para
ouvir e para o ouvir sobre o que ele entendia, ou entenderá, serem preocupações de segurança ou dos
interesses nacionais do seu país.
O Presidente Biden, a Presidente Ursula von der Leyen, o Presidente Charles Michel, todos nós fomos
dizendo à parte russa que estávamos disponíveis para considerar os dois temas principais que parecia que a
parte russa colocava em cima da mesa: em primeiro lugar, as suas preocupações de natureza geopolítica sobre
a segurança e o nível de militarização da sua vizinhança próxima; e, em segundo lugar, as questões relativas à
chamada indivisibilidade da segurança, ou seja, à necessidade que temos de considerar reciprocamente as
preocupações de segurança que exprimimos.
A única coisa que nós dissemos é que havia, e há, uma arquitetura de segurança europeia — construída,
aliás, com a União Soviética e depois com a Rússia, desde a Conferência de Helsínquia, nos anos 70 do século
passado — e que era, no quadro dessa arquitetura, em particular no quadro da Organização para a Segurança
e Cooperação na Europa, que essas questões se deviam colocar.
Quanto à relação entre a NATO e a Rússia, desde os anos 90, desde o chamado ato fundador, a NATO e a
Rússia têm uma estrutura comum, uma plataforma comum para considerarem conjuntamente quaisquer
questões de segurança e defesa que queiram colocar uma à outra. É o Conselho NATO-Rússia. Portanto, nós
tínhamos, e continuamos a ter, toda a disponibilidade para examinar reciprocamente as nossas preocupações
de segurança.
O que não aceitamos é que qualquer Estado, seja ele qual for, se arrogue o poder de veto sobre um Estado
terceiro. O que não aceitamos é que, no século XXI, ainda se queira conceber as relações entre as nações não
na base do direito internacional, laboriosamente construído desde o fim da II Guerra Mundial, mas na base de
obsoletas, arcaicas e ilegítimas esferas de influência.
Por conseguinte, temos toda a disponibilidade para considerar as questões de segurança reciprocamente,
mas nenhuma disponibilidade para aceitar a chantagem, para aceitar a intimidação, para aceitar a ameaça ou
para aceitar os poderes de veto.