I SÉRIE — NÚMERO 36
24
porque o que conheço de tudo aquilo que era esta regulação feita apenas pela Autoridade da Concorrência
são relatórios sucessivos que dizem: «Está tudo bem! Está tudo bem! Está tudo bem!»
Eu não acho nada que esteja tudo bem e foi por não achar que estivesse tudo bem que fui eu próprio quem
propôs ao meu Governo a medida que veio a ser aprovada.
Ó Sr. Deputado, sobre os lucros da Galp, não direi coisa alguma. Não tenho opinião sobre os lucros das
empresas,…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Pois é!…
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — … não conheço a estruturação dos negócios dessas empresas, não sei onde ganham mais ou menos dinheiro, em que geografia é que isso acontece ou deixa de
acontecer…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Então, mas o Estado não é acionista?!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — … e, portanto, sobre isso, com toda a franqueza, não falo nem falarei, seja em relação a esta empresa ou a qualquer outra.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, tem de novo a palavra.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, há pouco disse a um Deputado que se ele não compreendeu foi porque não quis, porque não tem dúvidas de que ele tem competências para
compreender. Da mesma forma lhe digo agora que se o Sr. Ministro não sabe, é porque não quer saber.
Sr. Ministro, o Estado é acionista da Galp, que é só a maior empresa petrolífera a atuar em Portugal, que
detém uma percentagem considerável, hegemónica do mercado. E o Sr. Ministro, que tutela a área e que
pertence a um Governo que representa o acionista, não tem uma opinião sobre a Galp, sobre a sua formação
de lucros e sobre a sua especulação neste contexto?
Sr. Ministro, não acredito nisso! O Sr. Ministro pode repetir as vezes que quiser, mas não acredito nisso! Se
não tem é porque não quer ter, mas deveria ter!
Como respeito a responsabilidade de quem está no Governo, acho que o Sr. Ministro não quer assumir
essa opinião aqui, o que também lhe fica mal, repito, também lhe fica mal!
Queria terminar este bloco de perguntas tocando noutra vertente da energia, a eletricidade.
O Sr. Ministro referiu uma salvaguarda que existe no preço do mercado regulado, mas existem muitos
consumidores — que não consumidores industriais — que estão no mercado liberalizado,…
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … e esses já estão a sofrer e ainda vão sofrer mais com os resultados do aumento do preço da eletricidade.
Sobre essa matéria, o Governo — mais vale tarde do que nunca! — percebeu que tinha de limitar os
preços da eletricidade, repondo os tais 180 €/MWh, que era o que já existia no passado e que o Governo
eliminou. Portanto, a limitação do custo da eletricidade é uma boa medida, que o Bloco de Esquerda já tinha
reivindicado e que o Governo tardou a implementar, mas ainda bem que o fez.
No entanto, o mesmo raciocínio não explica porque é que, percebendo que há uma especulação, fruto do
aumento do preço do gás natural,…
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, chamo a sua atenção para o tempo.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vou terminar, Sr. Presidente, concluindo a minha frase: percebendo que há uma especulação, fruto do aumento do preço do gás natural, não se explica que essa especulação não
se combate com os tais 180 €, pois ela existe, por exemplo,…