I SÉRIE — NÚMERO 36
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O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — E, portanto, imaginar que um país é mais soberano importando 100% de energia, que é, de facto, a visão do PCP, honra vos seja feita!…
O PCP sonha com um mundo — e é claro aqui — em que Portugal importa muito carvão. Sim, porque o
carvão para a produção de eletricidade em Portugal não é importado! O carvão a gente não importa, aparece
aí, segundo o PCP!
Na mesma, o petróleo que chegava à refinaria de Leça da Palmeira também não era importado, ia por lá.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Estava lá gente a refinar!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Ó Srs. Deputados, ter independência energética não é ter centrais a carvão nem refinarias. Não quer dizer que elas não façam muita falta. Mas ter independência
energética é utilizarmos os recursos que temos para produzir a energia de que necessitamos. E os recursos
que temos são a água — infelizmente, cada vez menos! —, o mar, mas sobretudo o sol e o vento, e temos de
ter a melhor forma para podermos utilizar cada vez mais esses recursos.
Isso, sim, é independência energética, é utilizarmos os nossos recursos e não os recursos que importamos
para produzir a energia de que necessitamos para viver, produzir e sermos felizes.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem novamente a palavra, para fazer perguntas ao Ministro e para esgotar o seu tempo, o Sr. Deputado Duarte Alves.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, relativamente à questão dos preços máximos, continuo a não perceber porque é que o Governo diz que vai mexer nos impostos e depois, quando se
perguntou, na conferência de imprensa, ao Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, se isso iria ter
algum efeito real nos preços, a resposta que deu foi que tinha confiança…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Fé!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — … de que os agentes não iam querer ganhar dinheiro com isto e não iam incorporar essa margem.
Ora, a verdade é que essa profissão de fé não cola com a realidade. As margens têm vindo a aumentar e,
se não houver uma regulação das margens e dos preços, qualquer medida fiscal pode ser imediatamente
absorvida.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vai ficar tudo bem!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Quanto à refinaria de Matosinhos, aquilo que dizemos relativamente à soberania ficou agora evidente. Por exemplo, havia produtos, como o gasóleo de vácuo, que eram refinados
apenas na refinaria de Matosinhos e, neste momento, estamos dependentes, porque ele não é refinado em
mais lado nenhum.
É totalmente diferente, do ponto de vista da soberania energética, importarmos combustíveis já refinados
ou importarmos o petróleo e refinarmos em Portugal. E não estão em causa preocupações ambientais, porque
continuamos a consumir o combustível.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Termino, Sr. Presidente, mais uma vez afirmando que o Governo devia considerar sinceramente deixar de ser o maior apoiante da estratégia da Galp relativamente à refinaria de
Matosinhos e, pelo contrário, promover a reabertura daquela refinaria como elemento estratégico para a
soberania energética do País.