16 DE MARÇO DE 2022
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O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Foi assim que a conta foi feita, aquando — vou usar uma palavra que não é muito rigorosa, mas todos me entendem — do primeiro desconto.
Foi assim que a conta não foi feita, desta vez, sendo agora feita com muito mais transparência e de
maneira muito mais cristalina, com uma fórmula que é pública. No limite, o que se passa é o seguinte: por
cada 10 cêntimos de aumento do preço do gasóleo e da gasolina, há 2,3 cêntimos de aumento que não
existem, porque esse é o valor do IVA que é cobrado nesse mesmo litro de gasóleo e de gasolina. E esta
conta é absolutamente transparente. É isso que a fórmula que foi tornada pública na portaria, que, também eu
assinei, com muita honra, na sexta ou sábado passado, nos traz, sendo que o primeiro cotejo tem sempre uma
estimativa, porque não existe um preço de referência. Repito, se houvesse um preço de referência, ele teria de
ser determinado por uma entidade pública e não tenho nada a certeza de que isso fosse bom para os
consumidores, pois todos se iriam encostar a esse preço. E foi por isso que agimos desta forma, sendo que o
valor de terça-feira não é um preço de referência. É, de facto, a média ponderada daquele que foi o preço dos
combustíveis, do gasóleo e da gasolina, durante esse mesmo período, na semana que mediou entre uma
terça-feira e a terça-feira seguinte.
Por isso, a fórmula da próxima sexta-feira ou sábado e a sua variação vão ser ainda mais rigorosas e,
sempre, calculadas por litro, sendo que fomos dos primeiros países da Europa a agir nesta questão e a agir na
eletricidade e a querer agir no gás — como sabem ainda estamos muito limitados naquilo que podemos fazer
—, e a agir, também, no preço dos combustíveis. Foi por isso mesmo que, no fim de semana passado,
Portugal e Espanha passaram a ter preços tão parecidos, também nesta fonte de energia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Uma breve nota só para dizer que o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Energia não estão presentes porque foram ambos
vítimas da implacável COVID, que parece que desapareceu, mas não desapareceu, continua ativa, e todos os
cuidados continuam a ser poucos.
Tem agora a palavra, para formular as suas perguntas, a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, antes de mais, agradeço o esclarecimento do Sr. Presidente, porque, efetivamente, seria mais do que pertinente a presença
do Sr. Secretário do Estado para responder sobre esta matéria, mas, não obstante, teremos todo o gosto em
ouvir os esclarecimentos do Sr. Ministro em relação à mesma, sobretudo porque, até para um partido
ambientalista como o PAN, que está fortemente comprometido com a descarbonização, ninguém pode ficar
indiferente a este aumento dos preços do petróleo, evidentemente com reflexo nos combustíveis, quando,
hoje, é 12 € mais caro atestar um depósito do que era há um mês. Ou seja, temos várias indústrias e muitas
famílias que, no seu dia a dia, para se conseguirem deslocar, têm, de facto, esta limitação.
Sr. Ministro, não ficou ainda claro porque é que só em fevereiro é que a ERSE veio, efetivamente, fazer a
consulta pública da regulamentação da legislação, que é absolutamente imperiosa.
E, perante uma circunstância em que o mesmo Estado se nega, por um lado, a baixar os impostos sobre os
combustíveis para que as famílias e as empresas possam ser aliviadas do ponto de vista fiscal e, por outro,
depois, mantém os benefícios, nomeadamente as isenções, sobre os produtos petrolíferos às empresas
eletroprodutoras, sendo que, só neste ano, se estima que seja dado um benefício fiscal, a dita «borla fiscal»,
de 263 milhões de euros, a pergunta que se impõe, Sr. Ministro, é a de saber de que forma vamos compensar
as famílias, de que forma vamos ajudar as empresas, considerando, aqui, não apenas os vários setores que já
foram ajudados — refiro-me, por exemplo, ao setor dos TVDE (Transporte Individual e Remunerado de
Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica) e dos táxis, que vão ter, e bem,
este apoio —, mas, também, por exemplo, o transporte de doentes não urgentes, que está a ser afetado com
este aumento de preços e que não viu ainda atualizado o despacho para o ajuste da remuneração dos valores
aplicáveis ao referido transporte.
Mas, ainda em relação às medidas que possam ajudar as famílias, e, certamente, não deixará de ser
sensível a esta matéria, entendemos que é preciso criar incentivos, seja para o uso de transportes públicos,
seja para alternativas onde eles não existam. Mais, hoje, é possível descontar no IRS (imposto sobre o