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I SÉRIE — NÚMERO 119

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O Sr. João Torres (PS): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr. Primeiro-Ministro e Sr.as e Srs. Membros do Governo, Altos Dignitários Civis e Militares, Sr.as e Srs. Deputados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Se hoje aqui estamos a evocar o 49.º aniversário da Revolução de Abril, a alguns, a muitos cidadãos, que não aceitaram ser súbditos de tiranos, o devemos.

Devemo-lo aos resistentes republicanos e democratas, aos antifascistas de vária ordem, aos estudantes insubmissos, aos trabalhadores inconformados e à longa geração de jovens mobilizada para a injusta Guerra Colonial.

Devemos muito, seguramente, a estes homens e mulheres que, durante 48 longos anos, alimentaram a chama da liberdade, da crítica, da resistência, que arriscaram e perderam empregos e carreiras, famílias, sonhos e que sentiram no corpo o peso dos bastões ou a prisão discricionária e sem culpa formada.

Mas «a madrugada que eu esperava», nas palavras eternas de Sophia, deve-se à ação decidida, corajosa e libertadora do Movimento das Forças Armadas. Obrigado, Capitães de Abril.

Aplausos do PS, do BE, do L e do Deputado da IL João Cotrim Figueiredo. Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, um ano e seis dias antes da Revolução, um punhado de homens e

mulheres honrados fundou o Partido Socialista. O nome maior de Mário Soares e os seus camaradas fundadores do PS estabeleceram, desde esse dia, os

objetivos políticos que, por vontade do povo, vieram a materializar-se e a transformar o País: o Portugal europeu e não imperial, a lusofonia igualitária entre povos e Estados, uma democracia de modelo ocidental, com Governos assentes em sólidas bases parlamentares e um regime semipresidencialista que, juntos, respeitam e conferem equilíbrio à separação de poderes.

No ano em que se assinalam os 50 anos do PS e no dia em que assinalamos os 49 anos da Revolução dos Cravos, saudamos todos os democratas.

Aplausos do PS. A democracia representativa não seria possível sem a participação dos milhões de portugueses que se

consciencializaram dos seus direitos e deveres cívicos e políticos, muitos deles militando em partidos ou com estes simpatizando, esforçando-se por convencer nas praças, com argumentos, e explicar, nas ruas, diferentes caminhos alternativos.

Prestamos homenagem a todos os democratas que experimentaram essa dedicação cívica à democracia, com um verso que Sophia dedicou aos militantes do PS e que inspirou Maria Helena Vieira da Silva a imortalizar em cores o espírito de Abril: «Por isso avanças sempre e não recuas / Connosco a poesia está nas ruas.»

Aplausos do PS. Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, hoje os ataques à democracia chegam-nos, desde logo, através

daqueles que se sentam à extrema-direita neste Hemiciclo. São os que se servem das velhas fórmulas, como o populismo e a demagogia, aliados eternos da ignorância e da iliteracia política, para sabotar a crença na democracia, o respeito pelo pluralismo, o contrato entre representantes e representados. São os que tentam criar brechas na muralha do progresso com vista aos mais ignóbeis retrocessos, com políticas racistas, xenófobas, homofóbicas, misóginas, desumanas.

Mas, como diz a sabedoria popular, «tão ladrão é o que rouba como o que consente», por isso, cada vez mais nos deve preocupar a influência que o populismo exerce na direita democrática, uma direita que sempre respeitámos, mas para quem parece não haver limites nem tabus quando o que conta é a vã cobiça do poder pelo poder, custe o que custar.

Aplausos do PS.