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I SÉRIE — NÚMERO 13

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A Sr.ª Isabel Pires (BE): — … mas que, na substância, acabou por ser destituído de debate e de capacidade

de intervenção dos grupos parlamentares.

Portanto, temos de deixar aqui registado que este é um precedente mau, é um precedente grave, que só foi

permitido porque a maioria absoluta assim o quis, mas que, na verdade, não dignifica o Parlamento, a

Assembleia da República.

Sobre as avocações hoje em votação, o Bloco de Esquerda manterá a linha que teve durante a votação na

especialidade. Obviamente, estaremos favoráveis às normas que determinam a obrigatoriedade do pagamento

de estágios, com um salário mínimo nacional majorado em 25 %. Quanto às restantes, que estão em cima da

mesa, iremos manter a abstenção. Consideramos que há aspetos positivos na retirada de barreiras

desnecessárias e até injustas em alguns casos no acesso à profissão, mas há, também, um viés liberal em

disposições sobre os atos próprios de cada profissão.

Para concluir, o mais certo é que este Parlamento acabe mesmo por ter de voltar a estes diplomas muito em

breve, tal foi a forma atabalhoada em que este processo decorreu e, portanto, é de lamentar que este processo

tenha ocorrido desta forma.

Aplausos do BE.

O Sr. Nuno Carvalho (PSD): — É verdade!

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra o

Sr. Deputado Nuno Carvalho.

O Sr. Nuno Carvalho (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Houve um dia em que o PSD recebeu

um ultimato do Governo. Dizia assim: «Ou temos a lei aprovada até dia 13, ou, então, o PRR vai ao ar.» Foi

mais ou menos assim, desta forma desrespeitosa, que os senhores trouxeram um diploma que tinha de ser

corrigido aqui, neste Parlamento, que compilava, em cerca de 700 páginas, 20 ordens profissionais e abrangia

cerca de 600 000 profissionais. E os senhores consideraram que não era possível ao Parlamento fazer um

processo de audição, de discussão e de propostas, algo fundamental para uma proposta desta importância.

Sr.as e Srs. Deputados do Partido Socialista, ninguém conseguiu perceber como é que, em junho, esta lei

entrou e os senhores deixaram passar junho, julho, agosto e setembro para, depois, há uns dias atrás, dizerem

«temos de aprovar isto até dia 13, senão, lá se vai o PRR».

Aplausos do PSD.

O que é que aconteceu ao Governo?! Havia um post-it perdido na secretária de alguém, a dizer «aprovar até

dia 13»? Encontraram-no e disseram: «Epá! Esqueci-me completamente disto! É preciso aprovar a lei!»?

Aplausos do PSD.

Isto parece uma caricatura, mas, na realidade, é uma forma de desrespeito que os senhores tiveram para

com o Parlamento, uma forma de desrespeito que tiveram para com os portugueses.

O que se conseguiu foi apenas algo muito simples: conseguiu-se fazer algo que serve para os recordes do

Guinness, que foi aprovar cerca de 3000 páginas de votações em poucas horas. Isso serve para o Guinness;

não serve para os portugueses.

Isto é algo que foi colocado ao Parlamento sob ameaça de perder o PRR, e, quando se decide sob ameaça,

quando se decide com medo, em democracia, isso não é decidir. O que os senhores fizeram foi retirar ao

Parlamento a capacidade de decidir. Portanto, entenda-se, o que aqui aconteceu foi o retirar da democracia.

Entenda-se que essa ameaça sobre o PRR vos devia envergonhar, Srs. Deputados do Partido Socialista, e

também devia envergonhar o Governo. Ainda por cima, como se veio a saber no ano passado, isto tudo é relativo

a um PRR cuja execução, a que os senhores se propuseram, foi de 19 %.