I SÉRIE — NÚMERO 16
42
Sr.as e Srs. Deputados, o facto de Portugal ser um país seguro não pode ser usado como argumento pelo
Governo para negligenciar, como tem feito, os serviços e forças de segurança.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Se queremos continuar a ser um País seguro, o Governo tem de capacitar as forças de segurança e dignificar
os seus profissionais.
O PSD reafirma aqui a sua disponibilidade para encontrar as melhores soluções, porque acreditamos que só
assim será possível garantir uma melhoria qualitativa dos serviços públicos prestados aos cidadãos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para uma intervenção pelo Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr.
Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente: O Bloco de Esquerda queria saudar o PCP pelo
agendamento deste debate e dizer que o trabalho dos agentes de segurança é triplamente desgastante — é
desgastante pelas funções, pelo impacto físico e emocional das funções; é desgastante pelo trabalho
suplementar e pelo tempo de piquete à noite, ao fim de semana, em feriados; e é desgastante pelo regime de
trabalho por turnos.
É por ser desgastante que, tal como os outros trabalhadores por turnos, também os agentes de segurança
devem ser compensados por este trabalho. Devem ser compensados com o acesso a uma reforma antecipada
sem penalizações; devem ser compensados com mais dias de férias; devem ser compensados com tempo de
descanso entre os turnos e a mudança de turnos; devem ser compensados com uma monitorização atenta e
permanente das suas condições de saúde e também com a garantia das condições de segurança no exercício
da sua atividade.
Por inúmeras vezes, o Bloco de Esquerda já trouxe a este Parlamento um projeto de lei para garantir estas
compensações a todos os trabalhadores por turnos, sejam trabalhadores do setor privado, sejam trabalhadores
da Administração Pública e de carreiras especiais.
E insistimos na justiça destas propostas. Mas há também outras injustiças que já foram aqui referidas hoje e
que estão em discussão. Em primeiro lugar, a questão do corte de sustentabilidade. Quem tem uma pensão
cujo acesso prevê uma idade que é antecipada pelo reconhecimento do desgaste que a própria profissão
provoca não pode ter um corte na sua pensão.
O PCP traz aqui essa proposta e é justa porque há um grupo de trabalhadores que ficou encravado entre
2014 e 2015, que não foi abrangido pelo fim do corte do fator de sustentabilidade, fator esse que tinha sido
aplicado. Ficaram para sempre com um corte na sua pensão.
Ora, isto não faz sentido, e aqueles trabalhadores que ficaram nesta situação têm o direito de ver a sua
pensão recalculada. Aliás, fizemos isso relativamente a outras profissões que tinham também o corte do fator
de sustentabilidade, o reconhecimento do desgaste rápido e que viram as suas pensões recalculadas. Isso foi
possível fazer, por exemplo, em relação aos trabalhadores das pedreiras, pelo que não há nenhuma razão para
não se fazer em relação aos trabalhadores da PSP.
Finalmente, há a questão do tempo de trabalho. O tempo de trabalho tem de ter limites, aliás, o Código do
Trabalho e a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas estabelecem ambas os limites para o tempo de trabalho
suplementar. Não podemos aceitar que não haja limites máximos de prestação de trabalho extraordinário, as
pessoas têm direito a descansar, têm direito a ter a sua vida familiar, têm direito a ter a sua vida pessoal.
O tempo de trabalho suplementar, as horas extraordinárias, têm de ser remuneradas, têm de ser
compensadas, majoradas. O suplemento de turno e o suplemento de piquete não podem ser confundidos com
o pagamento de trabalho suplementar. O subsídio de piquete não visa pagar o trabalho suplementar, mas sim