21 DE OUTUBRO DE 2023
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O debate político em torno destes temas é premente porque as nossas polícias estão a enfrentar um período
particularmente difícil, em grande parte porque têm sido sacrificadas por um Governo que não cumpre aquilo
que promete; um Governo que muito anuncia e muito pouco faz; um Governo que não conseguiu — e continua
a não conseguir — capacitar as nossas forças de segurança e dignificar os seus profissionais; um Governo que
promete e anuncia milhões de euros de investimento para o setor e depois é incapaz de os executar, como
aconteceu, e tem acontecido, com a Lei de Programação Militar; um Governo que anuncia um programa
plurianual de admissões para as forças e serviços de segurança, de 10 000 efetivos, e depois fica pela metade,
ou menos de metade, desse recrutamento.
Isto porque o Governo ainda não percebeu, ou não quer perceber, que a valorização remuneratória da função
policial é crucial para a captação de novos elementos e para tornar mais atrativa a carreira das forças de
segurança.
Aplausos do PSD.
A realidade atual de baixos salários, para além de provocar um generalizado descontentamento e
desmotivação dos profissionais que já integram a PSP e a GNR, é um fator determinante que tem de se inverter
para atrair mais jovens e promover o desejável rejuvenescimento das nossas polícias.
Por isso mesmo, o PSD já apresentou, por diversas vezes, iniciativas para a valorização remuneratória das
carreiras profissionais, tendo, inclusivamente, apresentado no Orçamento do Estado para 2023 uma proposta
para a revisão das tabelas salariais das carreiras da GNR e da PSP, através de um processo negocial entre o
Governo e as respetivas estruturas representativas.
Aplausos do PSD.
Essa proposta foi chumbada com o voto contra da bancada socialista, mas que agora foi rebuscada, ou
melhor, copiada ou plagiada pelo Chega, na medida em que apresenta hoje uma iniciativa exatamente igual à
que o PSD apresentou no passado.
Aplausos do PSD.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Ó Ofélia!…
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Permitam-me que lhes diga que, apesar deste pequeno pormenor, como é
óbvio, acompanharemos a proposta do Chega, porque o que é importante é a valorização remuneratória da
função policial.
As condições de saúde e de segurança no trabalho é um tema que o PCP retoma, e com razão, pelo menos
no objetivo. Digo isto — no seu objetivo — porque as condições de saúde e de segurança no trabalho das forças
e serviços de segurança são, efetivamente, muito deficitárias e exigem uma atuação urgente por parte do
Governo.
Quanto à proposta concreta do PCP, entendemos que merece uma melhor reflexão, uma reflexão séria sobre
se esta é efetivamente a melhor solução legislativa, porque as condições de segurança e de saúde nas forças
e serviços de segurança têm especificidades técnicas muito diferentes das outras posições, inclusivamente
dentro das próprias forças e serviços de segurança.
Sabemos que este tema, por ser crucial para a operacionalidade da função policial, está na agenda das
negociações do Governo com as estruturas representativas das forças de segurança, mas o que é certo é que
estas negociações foram interrompidas, retomadas, novamente interrompidas e, até hoje, este assunto não teve
qualquer avanço por parte do Governo.
No final de julho passado, o Sr. Ministro da Administração Interna dizia que estavam identificadas as áreas
em que se podia evoluir nestas negociações e essas áreas eram precisamente estas, a saúde e a higiene no
trabalho, e também a tabela dos serviços remunerados, que desde 2016 não tem qualquer atualização. Mais
uma vez, verificamos que são muitas as intenções, são muitas as proclamações do Governo, mas poucas, ou
nenhumas, as concretizações.