I SÉRIE — NÚMERO 20
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O Sr. Luís Soares (PS): — … para, apesar da demissão do Governo, continuarmos a fazer aquilo que estava
definido. Aplausos do PS. Chama-se a isto, Sr.as e Srs. Deputados, coerência. O que diriam os partidos, mas, sobretudo, o que diriam os portugueses se, no dia 1 de janeiro, com a entrada
em funcionamento das unidades locais de saúde (ULS), não tivéssemos um médico, não tivéssemos um enfermeiro responsável, não tivéssemos um gestor capaz de continuar a dar os instrumentos para responder às necessidades das pessoas?
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Vão continuar as urgências fechadas! O Sr. Luís Soares (PS): — Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, chegámos a este debate na especialidade com
a consciência bem tranquila, sobretudo em relação àquilo que fizemos, àquilo que foi sufragado pelos portugueses e que tem legitimidade para continuar a ser feito. Mas chegámos aqui, sobretudo, com a consciência tranquila de que o caminho que trilhámos e que continuaremos a trilhar é o caminho certo na defesa do Serviço Nacional de Saúde enquanto instrumento ao serviço do combate às desigualdades.
Vozes do PS: — Muito bem! O Sr. Luís Soares (PS): — Com dificuldades, é certo, com desafios, é certo, mas sobretudo chegámos aqui
com um Orçamento que continua a investir no Serviço Nacional de Saúde e na resposta à saúde dos portugueses.
Aplausos do PS. O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para uma intervenção sobre o artigo 21.º, pelo Grupo Parlamentar do
Chega, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Frazão. O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Das
várias dezenas de propostas para a saúde que o partido Chega apresenta a este Orçamento, queremos destacar aquela que vem pedir a dignidade aos Srs. Enfermeiros.
De facto, a nossa proposta 277-C vem pedir a igualdade e o reconhecimento nos contratos dos enfermeiros do SNS. É que, Srs. Deputados, apesar de a República Portuguesa ter uma Constituição que é muito clara no seu princípio da igualdade, a maioria de esquerda usou, nestes oito anos, a sua velha máxima marxista da luta de classes para colocar trabalhadores contra trabalhadores. Neste caso, tentaram dividir os enfermeiros para reinar e, ao mesmo tempo, para os desprezar, ainda por cima.
A maioria socialista tem, neste caso, duas caras: com uma cara, chama «heróis da linha da frente no combate à pandemia» aos senhores enfermeiros; com a outra cara, e como castigo, atira as suas petições, as suas justas pretensões profissionais, para o caixote do lixo, para o cesto dos papéis.
No socialismo, Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo, é mesmo assim: a igualdade não é para todos; há sempre uns que são mais iguais do que outros. Neste caso, há uns enfermeiros que têm contrato individual de trabalho e há os outros, que têm um contrato em funções públicas. Aqui, o Costismo provocou assimetrias, e foram assimetrias intencionais para poderem obter a vossa tão desejada luta de classes.
A responsabilidade desta desigualdade é de quem? Ela tem uma cara antiga, chamada Marta Temido, mas tem três caras atuais: Manuel Pizarro, Fernando Medina e António Costa, que não estão aqui hoje.
Não venham com histórias, Srs. Membros do Governo. Se há excedente orçamental, se há 10 milhões de euros para atribuir ao CEO (chief executive officer) da saúde, que só sabe é fechar urgências, então, também tem de existir dinheiro para dignificar os enfermeiros.