I SÉRIE — NÚMERO 20
66
tecnológicas, de designers, de profissionais das áreas artísticas —, os profissionais liberais têm de ser acolhidos pela lei em igualdade de circunstâncias, com equilíbrio entre o que pagam e o que recebem, e não podem ser discriminados pelo mero facto de serem profissionais liberais.
Posto isto, há duas propostas em que quero centrar-me e em relação às quais creio que, depois de tantos debates aqui, em Plenário, poderíamos finalmente avançar para deixarmos mais uma boa marca neste tema.
A primeira proposta incide sobre os direitos de parentalidade. No que diz respeito à parentalidade, é fácil reconhecer que os profissionais liberais têm dificuldades e desafios específicos, nomeadamente em relação à volatilidade dos rendimentos e em relação ao período de amamentação, pelo que é hora de reconhecer esta situação. Por reconhecer a situação e porque se sabe que é uma matéria complexa, deve começar-se por ver no terreno as dificuldades que são sistematicamente reportadas, bem como observar as boas práticas noutros países em relação a este tema e adaptar o que tem de se adaptar para fazer face às diferenças.
Creio que todos concordaremos que não se pode ficar indiferente ao facto de, no Portugal de hoje, poder ouvir-se dizer, por exemplo sobre a decisão de ter filhos ou de amamentar, o seguinte: «Não tive esse direito», ou saber que adiaram a decisão de uma gravidez planeada. Penso que isso não é admissível para todos nós.
O outro tema sobre o qual quero falar em relação a esta discriminação diz respeito ao Estatuto do Trabalhador-Estudante. Devemos, de uma vez por todas, terminar a discriminação que faz com que haja a possibilidade de compatibilizar os rendimentos de trabalho até um determinado limite e manter as prestações sociais. Falo, a título de exemplo, do Estatuto do Trabalhador-Estudante para o caso dos alunos bolseiros.
Para além da desigualdade que isto provoca, devido ao carácter sazonal ou até pela própria tipologia de atividade — volto a dar os exemplos de atividades artísticas e tecnológicas —, esta situação faz com que tal desigualdade seja contrária ao espírito da lei, deixando de fora grande parte dos trabalhadores-estudantes. Ou seja, o facto de não serem abrangidos por esta igualdade faz com que haja um desincentivo à atividade profissional e à experimentação, podendo ser até um incentivo perverso à informalidade. Os estudantes, independentemente do seu estatuto, devem ter esta abrangência e esta possibilidade de inserção no mercado de trabalho.
Lembro que já tivemos uma proposta aprovada neste âmbito por todos os Deputados de todos os grupos parlamentares e Deputados únicos, exceto o PS. Em contrapartida, o que o PS fez foi aprovar uma intenção de resolução. Ora, o que solicitamos, com a convicção de que isto poderia ser resolvido neste Orçamento, é que se passe da intenção à resolução, e que não se venha de novo com a desculpa dos falsos recibos verdes, porque esses resolvem-se com fiscalização, não se resolvem com distorção.
Termino, relembrando as palavras iniciais da Sr.ª Ministra, dizendo que o País merece respostas, o País precisa de respostas. Eu acho que hoje, mais uma vez, temos a possibilidade de trazer respostas efetivas a estas pessoas.
Aplausos da IL. O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Bárbara Dias. A Sr.ª Bárbara Dias (PS): — Sr. Presidente, cumprimento-o, bem como as Sr.as e Srs. Membros do Governo
e as Sr.as e Srs. Deputados. É a pensar nas pessoas, nas suas necessidades e nos seus anseios que o Partido Socialista desenvolve a
sua ação política. Este Orçamento do Estado reflete as opções de quem cria, de quem desenvolve e de quem implementa a
pensar nos rendimentos das famílias, na potencialidade das empresas e na valorização dos trabalhadores. Este Orçamento pensa em quem já contribuiu muito para o nosso País — os nossos pensionistas — e aposta
nas gerações mais novas, em jovens como eu. As propostas que apresentamos hoje vêm enriquecer ainda mais o Orçamento do Estado, sempre a pensar
nas pessoas. O Partido Socialista pensa nas crianças quando propõe pequenos-almoços escolares gratuitos para crianças
abrangidas no 1.º escalão do abono de família.