I SÉRIE — NÚMERO 21
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Temos de ter um fundo de emergência na habitação por causa da crise na habitação, porque os reforços que nós vemos acontecerem à Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, por muito mérito que ela tenha e as pessoas que nela trabalham, são muito pequenos.
Vemos alguns milhões gastos aqui ou acolá, mas baixos para o tsunami que já está a nascer e que aí vem. Nós precisamos de ter um fundo de emergência robusto na habitação, que, hoje, sirva para lidar com o problema dos novos sem-abrigo, que, depois, também sirva para combater o esvaziamento de certos bairros da cidade, a sua descaracterização, ou de cidades inteiras, que sirva para lidar com todas as consequências de um mercado na habitação que está completamente dominado não pela sua função de habitar, mas pela de especular, porque essa é a grande diferença entre o mercado da habitação e outros mercados.
As pessoas não aforram batatas; compram-nas e comem-nas. Mas, em relação às casas, há quem as compre simplesmente para as deixar vazias e fazer lucro com elas passados alguns anos.
Portanto, isto precisa de ter um enquadramento fiscal no qual as externalidades negativas geradas por este comportamento do mercado sirvam para atender às emergências que nós aí temos.
É por isso que o Livre propõe que a taxa do IMT (imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis) — que já é acrescida para os prédios de luxo acima de 1 milhão de euros, mas que está desadequada ao mercado de hoje — seja aumentada…
O Sr. Filipe Melo (CH): — Mais?! O Sr. Rui Tavares (L): — … para o imobiliário de luxo, comprado, em grande parte, por gente que não é
sequer ainda contribuinte do nosso País, e que a arrecadação dessa taxa do IMT sirva para constituir este fundo de emergência na habitação, por forma a que este seja muito mais robusto e possa dar soluções a quem delas mais precisa.
De facto, não é livre quem não tem um teto, quem não tem uma casa onde morar, quem não possa ter ali a sua reserva de dignidade para, depois, aí sim, levantar-se todos os dias, ir trabalhar, regressar a uma vida de dignidade, que é aquela que as pessoas desejam e que é aquela que nós, como sociedade, temos a obrigação de garantir às pessoas.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Vamos passar à proposta 1388-C, do Chega, de aditamento de um artigo
139.º-A — Criação de centros de prevenção e apoio à saída do sistema de prostituição. Tem a palavra a Sr.ª Deputada da Rita Matias. A Sr.ª Rita Matias (CH): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, este Orçamento
consagra 426 milhões de euros para a igualdade de género, mas sabem perfeitamente que não o fazem em nome das mulheres, porque, como sabem, o conceito de género é a maior traição às mulheres.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — É verdade! A Sr.ª Rita Matias (CH): — E desde logo o vemos quando a Ministra da tutela, aqui presente, não soube
definir o que é uma mulher. Sabemos também que este conceito tem reduzido o ser mulher a perceções e é por isto que hoje dizem
que uma mulher é apenas uma pessoa com útero, é por isso que hoje dizem que uma mulher é apenas uma pessoa com condição menstrual, e sabemos que não.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem! A Sr.ª Rita Matias (CH): — Em nome do género, têm tirado o lugar que pertence às mulheres. E quem diz isto hoje em dia é cancelado, principalmente por mulheres que disseram que queriam
conquistar este espaço para mulheres. Isto é uma traição, estes milhões não são verdadeiramente para dignificar as mulheres, mas vamos a tempo de corrigir isto.
É por isso que, hoje, podemos aprovar uma proposta que ajude mulheres que queiram sair do sistema que mais as objetifica e mercantiliza, e falo da prostituição.