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16 DE DEZEMBRO DE 2023

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Mas deixo, e esta é uma pergunta, uma consideração que acho que devemos fazer: um eleitor em Portugal vota de acordo com o sistema eleitoral que conhece, assim como um eleitor no Reino Unido, um eleitor em França ou um eleitor em Espanha votarão em função do sistema eleitoral procurando obter o resultado para o qual ele é desenhado.

Acho que, neste debate, também não devemos infantilizar os nossos eleitores, como se eles não soubessem o que estão a fazer e como se não estivessem a fazer juízos, enfim, perfeitamente legítimos, de prioridades eleitorais.

Em qualquer sistema — fosse qual fosse, mesmo com o círculo de compensação da Iniciativa Liberal, mesmo com círculos uninominais apenas —, em qualquer modalidade, o eleitor iria ser sempre confrontado com a necessidade de, eventualmente, ter de escolher a segunda ou a terceira preferência, caso veja que ela é eleitoralmente preferível.

O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Não é primeira escolha! O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Não façamos do eleitor uma espécie de coitadinho que não consegue

fazer estes juízos. Pode e deve e, portanto, esta ideia de que o voto é desperdiçado não é, talvez, algo que devamos subscrever ao longo deste debate.

Aplausos do PS. A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares. O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, conheço bem a

proposta do Partido Socialista e critico-a em toda a sua dimensão, porque cria a ideia de que há Deputados de primeira, aqueles eleitos diretamente, e há Deputados de segunda, aqueles que chegam, depois, por um círculo de compensação dos restos.

O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Não; é regional! O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Isso não é aceitável! Mais: fere uma ideia que me parece que é fundamental e que, de certa forma, está equilibradamente aplicada

no nosso sistema atual, que é a ideia de que os Deputados representam um todo nacional ao colocar uma vinculação direta de um Deputado apenas a um círculo muito específico do nosso espaço regional, do local. Creio que isso é, em si, uma destruturação da representação parlamentar que atualmente existe e que é muito mais valorizada na atualidade.

Eu não infantilizo os eleitores e as eleitoras, pelo contrário; o que eu digo é que o nosso sistema, não sendo absolutamente errado, tem imperfeições, e esta é uma delas. Quando temos círculos onde as pessoas não podem votar porque consideram que o seu voto pode ser desperdiçado, estamos a reduzir a pluralidade do seu ato e a validade das escolhas que estão em cima da mesa, por isso o círculo de compensação ajudaria a ter aqui uma parte da resposta a essa realidade.

É a única solução? Não é a única, há várias, mas não me parece é que os círculos uninominais, por aquilo que eu disse, sejam um avanço nesse sentido; pelo contrário, é um retrocesso que temos nesta lógica.

Mais: sabemos como, tantas vezes, o voto útil é em si uma degradação da democracia, porque as pessoas não votam convencidas pela melhor opção; votam derrotadas pela menos má. Veja-se o que está a acontecer à escala europeia: o exemplo francês, em que as pessoas vão sempre votar pelo menos mau, entre Le Pen e outra coisa qualquer…

Protestos de Deputados do CH. É isso que nós queremos para a democracia? Não é! No entanto, é isso que também o PS, do ponto de vista

eleitoral, tem feito, dizendo «somos nós ou a extrema-direita», porque o PSD vem sempre com a extrema-direita, e depois, na prática,…