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II SÉRIE — NÚMERO 45

sos empregos do PIDDAC. Por exemplo, vão ser feitos investimentos em estudos e projectos de instalação de museus, como a Casa Museu Anastácio Gonçalves, o Museu Abade de Baçal, o Museu da Agricultura, etc. Quanto ao Museu de Alcobaça, ele é um comprometimento meu, muito especial.

Devo ainda dizer que vai ser inaugurado dentro em breve o Museu do Teatro, que, infelizmente, não corresponde muito à minha concepção do que deveria ser um museu de teatro — mas, enfim, é uma herança. Parece-me mais um recinto para exposições sobre teatro do que um verdadeiro Museu Nacional de Teatro. Não creio que num museu nacional de teatro não possa haver uma evocação séria de Gil Vicente ou de Almeida Garrett.

Irão ver as exposições sucederem-se, com aquele perfume do retro que é muito agradável, aquele retro que vai até ao início do século, talvez mesmo até aos fins do século passado, começando com a exposição sobre Chaby Pinheiro, que, aliás, tem sido muito pouco invocado. Depois, são as personagens que temos na memória, são as melodias que temos no ouvido...

Contudo, penso que um museu nacional de teatro deveria ser qualquer coisa de mais substancial. Mas, enfim, congratulemo-nos com a inauguração de um museu nacional de teatro. Só lamento, a este propósito, que no Museu Nacional de Teatro haja uma bela plateia e em frente desta uma parede e que entre a plateia e a parede não haja um estrado, não haja um palco onde se possa retomar ou exercer a actividade teatral. Podem ver-se ali diapositivos e cinema, mas não se pode fazer teatro. E se eu ficar neste Ministério, corrigirei este grande desacerto.

O Sr. Presidente: — Sr. Ministro, o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca está a pedir-me a palavra, presumo que para uma intervenção.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): — Sr. Presidente, não sei se devo interromper agora o Sr. Ministro ou se não será melhor fazer novas perguntas no final, para esclarecimento de algumas questões que formulei.

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca, acontece que já há uma inscrição e são quase 13 horas. Portanto, teremos de ponderar primeiro como é que vamos gerir as inscrições.

O Orador: — Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca, o que tinha aqui anotado é que V. Ex.a insistiu, se não me engano, nas isenções fiscais.

O que lhe posso dizer a este respeito é que se alargarmos muito as isenções, se não me engano, teremos de aumentar as taxas, o que é uma alternativa dolorosa.

O Sr. Presidente: — Desculpe-me interrompê-lo, Sr. Ministro, mas gostaria de chamá-lo à atenção para o facto de já serem 13 horas.

O Orador: — Sim, mas já agora gostaria de chegar ao fim das respostas.

O Sr. Presidente: — Com certeza, Sr. Ministro, faca favor. Peço-lhe apenas que as abrevie.

O Orador: — Depois, o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca falou ainda a respeito do Teatro

Nacional de São Carlos e disse que neste teatro se reúne uma camada de população — talvez um grupo social — privilegiada e que isto lhe parece ser uma crítica ao cuidado que se tem tido com o nosso teatro de ópera.

Devo dizer-lhe que quando vou ao São Carlos encontro sempre o teatro cheio; cheio e com público de pé, ladeando a sala. Ora, isto é algo de reconfortante em comparação com outras situações em que, como tantas vezes me sucedeu, quero ir a um teatro para meu prazer e também para ver o que se está a fazer, como é que está a ser empregue o subsídio do Ministério, e vou uma vez, duas vezes, três vezes e não há espectáculo por falta de público. Diversas vezes a companhia ou o grupo de teatro me perguntou se eu queria que fizessem um espectáculo para mim, mas eu nunca quis. A verdade é que há aqui uma desordem qualquer, há aqui qualquer coisa que não está certa.

Contudo, o Teatro Nacional de São Carlos tem estado invariavelmente cheio.

Quanto à escola de ópera, de facto ela devia funcionar. Em todo o caso, a escola de bailado funciona.

Tentarei, tomando a via das reformas — e julgo que, quanto a isto, estou de acordo com o Sr. Deputado Gomes de Pinho, pois irei no sentido que ele aponta —, integrar, com as devidas precauções, a Companhia Nacional de Bailado no Teatro Nacional de São Carlos. Acho que, pelo menos neste momento, não temos possibilidade de manter uma Companhia Nacional de Bailado, que tem um grande repertório de bailados, que sonha com os bailados românticos — aos quais, aqui entre nós, não sei porque fenómeno se chamam sempre bailados clássicos —, como o Lago dos Cisnes e o Casse-Noisettes, de Tchaikovsky, etc, quando, por outro lado, é necessário existir no Teatro Nacional de São Carlos, como bem próprio, um corpo de baile para as óperas, pois geralmente não se consegue que a Companhia Nacional de Bailado queira actuar. Ora, isto não pode acontecer.

O que se conseguiu com o Casse-Noisettes, de Tchaikovsky, foi significativo, porque os bailarinos tiveram uma sensação nova — e, do meu ponto de vista, muito agradável — ao dançar com a orquestra e sentiram a diferença entre dançar com a orquestra e dançar com uma banda sonora.

Hoje, da parte dos bailarinos há uma admissão da integração, o que contribuirá muito para a permitir e tornar fecunda.

É claro que também temos de conseguir que não haja subordinação do bailado à ópera e que a Companhia Nacional de Bailado, com as suas duas formações — a de ópera e a de grande bailado — não seja amputada desta última. Isto não é muito fácil, pois a Companhia Nacional de Bailado tem a sua escola de bailado. Aliás, as escolas de bailado têm proliferado em Portugal e não creio — e com certeza que o Sr. Deputado também não — que essa proliferação seja benéfica, porque algumas estão a ensinar bailado de uma maneira bastante comprometedora para os jovens bailarinos.

Quanto ao circo, bato no peito e digo mea culpa. Já no outro dia tive oportunidade de dizer que ainda não consegui encontrar verbas e um terreno que me dê alguma garantia ao ser pisado para agir de uma maneira significativa — para não dizer decisiva porque seria pretensioso — em prol do circo.

Contudo, estou inteiramente de acordo com a análise que os Srs. Deputados fizeram do circo e com o