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II SÉRIE — NÚMERO 92

Por outro lado, em relação à UNEP, penso que isto tem a ver um pouco com a participação porque é uma coisa palpável em que não pode haver dialéctica.

Eu estava aqui sentado e estava a dizer para o Jorge que numa situação destas, e por paralelismo com o movimento sindical, me interrogava se as centrais sindicais —peço desculpa, pois, pelo menos, está aqui um departamento de juventude de uma central sindical — se têm importância e se têm razão de existir.

As associações de estudantes organizadas precisam dc ter uma organização a nível nacional que possa, numa base de colaboração e não de subversão, defender os direitos dos estudantes. Mas de todos os estudantes, mesmo aqueles estudantes que têm posições diferentes das nossas. É que isso é que é democracia, isso é que é liberdade.

Mas há coisa mais importante do que discutir-se entre todos nós os nossos problemas?!

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Miguel Coelho.

O Sr. Carlos Miguel Coelho (Comissão de Juventude da AR — PSD):—O Sr. Conferencista António Filipe insistiu muito para que eu começasse a minha intervenção dizendo que a nossa sede é na Rua de Buenos Aires, 28, 1.°

Risos.

O Orador: — Sr. Presidente e Srs. Participantes: Julgo que terá havido, com certeza, algumas desatenções — atribuo a desatenção, pois não queria atribuir a outros motivos —, mas houve três ou quatro coisas que disse e que presumo terem sido mal interpretadas.

A primeira tem a ver com a dialéctica «Estado--Poder». Quem é que tem a culpa por as coisas estarem assim? Acusei o poder político e acusei o Estado e diz-me o Sr. Deputado Jorge Patrício que ... enfim ... eu não sou franco porque temos de ser mais frontais e acusar o Governo das coisas que não faz, etc.

Isto seria muito simples se pudéssemos estar convencidos que, de facto, a maior parte dos bloauen-mentos decorrem da circunstância de, hoje o PS/PSD, ontem o PSD/CDS, terem estado no Governo, e sc o PCP viesse teríamos, portanto, todos estes bloqueamentos ultrapassados e um futuro diferente se abririn para todos nós, radioso e esperançoso.

Como não partilho dessa convicção e dessa esperança, julgo que é uma forma simplista pensarmos que grande parte dos bloqueamentos se devem, exclusivamente, à inépcia de quem, conjunturalmente, está à frente de qualquer instituição.

lulgo que qualquer análise séria levar-nos-á a considerar que há instituições que têm de ser mudadas.

A estrutura do Estado burocrático, centralista, é — repito — um dos grandes bloqueadores do desenvolvimento nacional, e grande parte das circunstâncias com que estamos defrontados, como, por exemplo, a falta de emprego, resulta da vitalidade económica, e é óbvio que a vitalidade económica depende, em muitos casos, da forma como o Estado criou condi-

ções e estimulou ou não os agentes económicos. E a nossa convicção é que isso depende muito da estrutura do Estado.

Quando um indivíduo quer investir, quer apresentar qualquer coisa de novo e tem que se sujeitar a um tráfico de influências —porque a burocracia gera corrupção, isso é inevitável—, quando um indivíduo quer inovar e só depara com burocracia, é óbvio que o País não pode ir para a frente. A nossa constatação é que, embora seja mais fácil acusar este ou aquele —é o Fulano, é o Cicrano—, apontar nominalmente os responsáveis, talvez, nalguns casos, tenhamos que entender que os problemas não se resolvem só mudando as pessoas. Isso era muito fácil, mas, porventura, pouco eficaz.

Outra coisa que eu gostaria de dizer é a seguinte: quando se trata de acusar o Governo, nós também acusamos.

O Sr. Deputado Jorge Patrício acusou o Governo de fazer uma coisa indecente, que foi partidarizar a Comissão para o Ano Internacional da Juventude. O Sr. Deputado estará recordado —se lê a imprensa, como pessoa avisada que é— e, provavelmente, terá constatado que a JSD partilhou essas suas apreensões e publicamente dissemos que era um escândalo aquilo que o Governo fazia em relação à Comissão para o Ano Internacional da Juventude: partidarizou-a, limitou a 3 pessoas um trabalho que devia ser participado e, mais do que isso —e dissemo-lo na Assembleia da República, como o Sr. Deputado certamente recordará —, que, pelo menos, a Comissão Pró-Con-selho Nacional da Juventude devia ter sido chamada a co-participar na responsabilidade da organização do Ano Internacional da Juventude e não foi. Aí, o Governo cometeu um lapso imperdoável.

Quando o Sr. Deputado agora vem dizer que temos um repreesntante naquela Comissão respondo-lhe o seguinte: eu não nomeei ninguém; a minha organização de juventude não indicou ninguém e não nos sentimos representados em nenhum dos membros da Comissão para o Ano Internacional da Juventude. Ê indiferente que lá estejam ou não pessoas do meu partido.

Mas o que o Sr. Deputado Jorge Patrício terá que entender é que, pelo menos a JSD, não é o produto acabado daquilo que é o PSD. Quero com isto dizer que, enquanto jovens —e não nos demitimos desta condição—, temos também um espaço no nosso próprio partido —que nos dá autonomia suficiente para isso —, temos direito a uma vontade própria e a uma voz própria para exprimir essa vontade.

A propósito da UNEP, que alguém referiu, quero esclarecer que aquilo que eu quis dizer sobre a UNEP foi, tão-somente, isto: se a maior parte dos estudantes que hoje dirigem associações de estudantes vão depositar nessa organização a esperança de que vai ser resolvido o essencial dos seus problema?, esses estudantes enganam-se. E refiro-me, concretamente, em relação ao ensino secundário: se um estudante do ensino secundário se quer revoltar em relação aos programas, se se quer revoltar em relação aos currículos, se achar que as matérias não têm nada a ver com a sua formação ou não têm nada a vzr com a apetência para o desempenho de uma função concreta na vida activa, se um indivíduo discordar dos métodos de avaliação, se discordar da forma de recrutamento de docentes, se discordar da inexistência de