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27 DE MAIO DE 1985

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A educação não é a análise estática do presente; não é também a abstracção do futuro; é antes a interacção capaz de integrar o progresso do passado, construindo um amanhã real e livre.

Aplausos da fCP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Paulo Mil-Homens.

O Sr. Paulo Mil-Homens (Associação Livre dos Objectores e Objectoras de Consciência): — Prometo só ir falar durante 3 minutos, porque já está tudo amarelo com fome.

Risos.

Penso que não se pode falar do tema da educação sem falar do da educação para a paz — e aqui vou puxar um pouco a brasa à minha sardinha.

A educação para a paz deverá ser, fundamentalmente, uma preocupação pela paz que sejamos capazes de transmitir ao mundo que nos rodeia, uma construção quotidiana de paz e de desejo pacífico que comece dentro de nós mesmos e consigamos levar aos que connosco convivem. Ou seja, não se trata apenas de pensar a paz, mas também de amar a paz. E urgente ir além da dimensão racional das coisas.

Assim sendo, um trabalho de educação para a paz deve permitir o desafio, a subversão, a inovação.

A educação para a paz não deverá encerrar-se no sistema educativo formal, o que seria limitador, como não deverá ignorá-lo. Será, pelo contrário, de o utilizar como dinamizador, aproveitando para o dinamizar.

Lançamos algumas pistas para reflexão: primeiro, educação para a paz — uma revolução na escola; segundo, educação para a paz — processo social.

No primeiro (educação para a paz — uma revolução na escola), apontamos: formas alternativas de organização do espaço físico na escola; formas alternativas de organização social dentro da escola; subversão das estruturas hierárquicas do sistema formal; intervir nos conteúdos programáticos, integrando em todas as disciplinas um propósito de educação para a paz.

No segundo (educação para a paz — processo social): a sociedade de indivíduos organizados e atentos não necessitaria das escolas para fazer o seu trabalho de auto-educação para a paz. No entanto, tem o direito de exigir da escola um contributo, uma colaboração, um esforço. Tem o direito de procurar que a escola seja aberta e comunicante e de actuar nesse sentido. Isto exige da população escolar um esforço: o de definir como objectivo procurar aprender e descobrir os elementos que não participam dela.

Substituir a autoridade científica do professor pelo papel cultural da população, substituir o complexo de superioridade pela experiência das limitações e das mudanças a empreender.

Assim, desdramatizando o saber, estaremos não só a fazer educação para a paz, mas também a melhorar a comunidade participativa. O que, afinal, não é separável e, além do mais, tornaria clara a dimensão cívica insubstituível da iniciativa popular.

No âmbito da educação para a paz, os organismos populares deverão ganhar a oportunidade de fazer exigências à escola. Ê, então, salutar que disponham da escola no sentido de ela colaborar na investigação de todos os assuntos que esses organismos estudam de

interesse sobre o tema. Deverão ter a oportunidade de solicitar material informativo, receber colaboração na organização de actividades pela paz, de participar nas actividades da própria escola, de intervir no'seu planeamento e de conhecer e avaliar os seus resultados.

A escola tem o dever de se colocar ao serviço do movimento cultural que a extravasa.

Para terminar, é justo afirmar que o que acabei de dizer é um resumo de palavras escritas por alguém que não teve oportunidade de vir aqui dizê-las, de uma forma até mais completa. Refiro-me ao Porfírio Silva, e considero uma lacuna não se referir este tema. Todos os participantes tiveram acesso ao trabalho, e aconselho que o leiam e que reflictam sobre ele.

Muito concretamente, poderei acrescentar que na prática já alguns professores, e muitos deles objectores de consciência, por essas escolas do País incluem na sua forma de leccionar, seja qual for a disciplina, uma actuação no sentido da educação para a paz.

Aplausos.

O Sr. Presidente: — Meus caros amigos, antes de dar por encerrada esta primeira parte da ordem de trabalhos, desejamos dar duas informações: a primeira das quais, e por solicitação da Sr." Deputada Helena Cidade Moura, é a de que a juventude do MDP/CDE, na primeira reunião do CNT, se fez representar pelos seus militantes Maria da Graça Cidade Moura e Ramiro de Freitas; a segunda é mais um pedido no sentido de que sejamos pontuais, pois, de acordo com as contas que nós próprios podemos fazer, para o período da tarde será imperioso que todos estejamos presentes impreterivelmente às 15 horas. E isto pelo seguinte: pensamos que o debate do tema «Educação» ainda poderá possibilitar a muitos de nós intervenções válidas, que certamente gostariam que fossem feitas não sob a forma de intervenções iniciais mas sob a forma de debate.

Nesse sentido houve já algumas pessoas que manifestaram o seu interesse em intervir durante o período da tarde, pelo que a mesa considerou a possibilidade de durante aproximadamente 1 hora continuarmos o debate deste tema incluído no painel do desenvolvimento, tendo início, no máximo, pelas 16 horas e seguindo a ordem inicialmente programada o tema «Emprego e formação profissional». Por volta das 18 horas e 30 minutos, faremos um interregno de 15 minutos, no máximo, para imediatamente a seguir começarmos o tema «Ambiente», porque, pelo menos no que respeita ao final dos trabalhos, devemos ser rigorosos, pois há compromissos a cumprir, nomeadamente com os serviços de apoio, pelo que os trabalhos terão de finalizar pelas 20 horas.

Agradeço que, se alguém deseja manifestar desde já à mesa o seu interesse em intervir durante o período da tarde, para a discussão e por um período máximo de 5 minutos, sobre o tema «Educação», o fizesse, com o fim de podermos fazer uma programação horária do mesmo. O mesmo se poderá fazer para as intervenções do tema «Emprego», e para aquele período inicial máximo de 15 minutos. Correspondendo ao apelo do Paulo Mil-Homens, desejo-vos um bom almoço e espero que estejamos aqui todos às 15 horas.

Está suspensa a reunião.

Eram 13 horas e 20 minutos.