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27 DE MAIO DE 1985

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Desta vez, a minha contribuição é em relação ainda à educação, porque tenho uma proposta concreta a fazer aqui nesta Conferência, a qual vou explicar fazendo uma pequena introdução.

Desde ontem temos falado aqui da juventude e referido essencialmente os estudos que foram feitos e que apresentam uma grande quantidade de números que reflectem a situação dos jovens. De qualquer forma, queria dizer-vos que actualmente as pessoas já começam a pensar menos em termos de estatística e mais em termos de indivíduo, já que aquela tem alguma tendência para o esquecer.

Falámos aqui também nos diversos discursos e dissemos muitas vezes que eles são pouco jovens: as pessoas utilizam formas já usadas e existe uma certa convenção na fala. Existe muito pouca inovação!

De manhã, a deputada do MDP/CDE falou aqui de duas coisas que queria novamente sublinhar, pois acho-as importantes: desde há muitos anos existe em Portugal pouca evolução das vontades por parte da juventude e as pessoas continuam mais ou menos a querer a mesma coisa.

A Sr." Deputada disse também, segundo o que entendi, que as vocações da maior parte dos jovens são vocações contrariadas, que estamos condenados a fazer aquilo que não queremos no nosso país.

Por isso mesmo, venho apresentar uma proposta para que as pessoas que tenham capacidade de fazê-lo façam um retrato sociológico da juventude portuguesa. Não somos os jovens da geração de 60 ou de 70, a quem os políticos da actualidade se dirigem, mas sim da geração de 80; temos necessidade e desafios diferentes e queremos que nos conheçam como tal. Portanto, aquilo que temos feito aqui tem reflectido um pouco a herança que tivemos dos jovens das gerações anteriores a nós, no entanto temos coisas diferentes a dizer e é preciso saber por que é que as dizemos e por que o fazemos de uma maneira diferente. E, se nós não sabemos isso, acho que um estudo que fosse feito com esse objectivo específico poderia dar-nos algumas respostas, que seriam utilíssimas, por exemplo, no delinear de uma política relacionada com a juventude e com a lei de bases do sistema educativo.

A educação deve perpetuar a sociedade e deve fazer o possível por assegurar a continuação da cultura, mas também é verdade que se deve deixar um espaço vago para as pessoas intervirem, e actualmente aos jovens não é dado esse espaço!

Sugiro que, antes de se tomarem as decisões e as pessoas decidirem seja o que for sobre os jovens, tenham o cuidado de traçar o retrato da juventude de agora, a quaü irá assegurar a continuação da cultura.

Aplausos.

O Sr. Presidemte: — Permita-me esclarecer, em relação às palavras introdutórias do congressista Alfredo Abreu, da AFS, que, de facto, & mesa aceitou a inscrição que foi feita e foi exactamente por isso que ela ocorreu. Após a aceitação dessa inscrição, tendo em conta as limitações de tempo, a mesa avisou outros possíveis conferencistas que tivessem interesse em se inscreverem de que não haveria hipótese de usarem da palavra, pelo simples facto de haver uma limitação de tempo que temos necessariamente de ter em conta. Mas, de facto, a inscrição foi aceite e ela foi realizada exactamente em consonância com isso. Penso que

era importante esclarecer esta questão, porque me pareceu poderem restar algumas dúvidas das palavras com que introduziu a sua intervenção. Tem a palavra o Sr. Conferencista António Filipe.

O Sr. António Filipe (JCP): — A minha intervenção vai ser necessariamente breve, dado que o Carlos José, meu colega, falou há muito pouco tempo e disse algumas das coisas que eu queria aqui focar.

De qualquer maneira, não quero deixar passar duas coisas que foram aqui ditas de manhã e que se reportam à JCP e a esta Conferência.

Falou-se na responsabilização individuai, e o amigo da Juventude Socialista, depois da minha intervenção, disse que nós devíamos assumir também as responsabilidades que nos cabem no agravar da crise social dos homens portugueses.

Gostaria então de perguntar o seguinte: onde é que os jovens comunistas alguma vez neste país deixaram de se responsabilizar ou fugiram às responsaibilidades que lhes cabem no apontar de soluções dos problemas dos jovens portugueses? A não ser que o contributo que queiram que tenhamos aqui seja o de virmos dizer que, de facto, temos que reconhecer que esta política, afinal, até tem sido muito boa. Não sei se pretendem que seja essa a contribuição positiva que a JCP possa dar ou se, antes, ela deve ser no sentido de denunciar o que está mal — e onde! — e apontar aquilo que nos parece estar bem.

Uma outra questão que tem sido posta é a recusa desta Conferência em se identificar com o Parlamento, com a Assembleia da República, que funciona aqui ao lado.

Vê-se aqui uma negação da parte de muita gente em aceitar qualquer identificação —apesar de estarem aqui muitas pessoas que têm lá assento— com o que se passa ali.

Devemos dizer que não tememos qualquer identificação com os deputados do Partido Comunista Português na Assembleia da República. Não temos telhados de vidro em relação ao Parlamento!

Dos grandes problemas da juventude, daquelas leis que actualmente existem, das medidas governamentais que toda a gente reconhece que afectam o presente e o futuro da juventude, ninguém pode dizer que qualquer dessas iniciativas tenha passado com o aval dos deputados do Partido Comunista Português. Se olharem para as pastas e para a documentação que é distribuída à entrada desta Conferência, para além do projecto de lei de bases do sistema educativo — e os deputados comunistas desde há muito tempo têm insistido nesta questão! —, podem encontrar um projecto de lei que atribui licenciatura ao curso de Contabilidade, um outro destinado à criação de uma escola de pesca no Norte, um outro que garante a existência de instalações para educação física nas escolas do ensino secundário e ainda a proposta de criação de um faculdade de direito na cidade do Porto — e não há grupo parlamentar que não esteja de acordo. Só que, quando vêem, de facto, perto a sua efeciivaçãc, então, aí, todos recuam e ninguém está de acordo com a sue criação.

De facto, o que há aqui a perguntar é o seguinte: afinal, quem é que se serve de uma cassette? Quer» é que vem para aqui com diversos «quadrados», como nos criticaram, por esse facto, esta manhã? De facto, quem