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II SÉRIE — NÚMERO 102

autênticos parques de estacionamento automóvel e poluindo o local com níveis assustadores. Tudo isto consequência lógica de acessos fáceis (inimigos da vida selvagem) e que agridem o equilíbrio ambiental. Com cuidado se observam já muitos batráquios, répteis e lagartas e outros animais mortos pelo estradão, pelo rodado das viaturas. Foi interrompido o seu ciclo de vida na sua cadeia natural, pelo estradão, entre as águas do Ferreira e a serra. O que o campismo selvagem não destruiu está a ser destruído pela «civilização»; As escombraras estão a ser saqueadas. Viaturas pesadas, com acesso fácil, transportam o cascalho das escombreiras para a construção civil;

Repovoamento florestal: as árvores autóctones são abatidas para se proceder ao reflores ta mento intensivo do eucalipto e outras espécies, que num espaço de tempo tornam os terrenos completamente estéreis. As empresas de celulose dizimam as nossas serras e a fisionomia geo-morfológica, bem característica delas. Essa reflorestação, que vai continuar, provocou no ecossistema desiquilíbrios violentos e irreparáveis. A Portucel instalou-se em Valongo para ficar. Quem colaborou neste triste repovoamento florestal deve sentir-se muito orgulhoso. Para quê reflorestar junto à segunda cidade do País, com uma concentração humana importante? Para quê reflorestar nos seus limites? Por que não se faz isso no interior do País, onde as florestas estão dizimadas e não afectam as espécies indignas?

Moinhos: toneladas e toneladas de rocha proveniente da abertura do estradão foram lançadas sobre os moinhos, açudes, levadas e acessos centenários a estes moinhos. Aqui e ali o próprio leito do Ferreira sofreu alterações. Belo exemplo de defesa do património cultural e natural de Valongo nos foi dado. O que é ainda mais grave é assistir-se à recuperaçção dos moinhos sem se obedecer às suas características tradicionais. Alguns são cobertos com materiais plásticos. Outros são transformados em adegas e as levadas destruídas. Não seria útil a autarquia colaborar, monetariamente, na recuperação destes moinhos? Não seria útil a camada escolar colaborar nesta recuperação, assimilando assim mais facilmente a técnica de laboração destes moinhos?

Analisemos os projectos em perspectiva a serem implementados no parque natural:

Área turística, com equipamentos sociais, comerciais, desportivos e recreativos, isto é: hotéis, restaurantes, campos de ténis, parque de campismo, etc. Obviamente que estes projectos são incompatíveis com a criação de um parque natural ou ecológico ou como se lhe queira chamar.

Reparemos agora, atentamente, às condições a que deve obedecer um parque natural para a sua criação:

Proteger a fauna, a flora, o solo, a atmosfera e as águas de um limitado território contra

o empreendimento e a degradação susceptível de lhe alterar o aspecto, a composição e a evolução;

A zona a preservar deve ser mais ou menos submetida às proibições (pesca, caça, colheitas, cultura, circulação automóvel, campismo) que garantam a preservação das espécies raras ou em vias de extinção;

Uma zona periférica, onde a vida rural, o artesanato, as actividades de lazer são encorajadas e subsidiadas.

Pelo acima exposto se notam as contradições entre o que está a ser feito e o que é fundamental para a criação do parque natural.

Acreditamos na revitalização dos fojos, sem afectar a sua estrutura interna e sem afectar ou destruir as espécies animais e vegetais, subterrâneas, que fazem parte do equilíbrio da serra.

Os serviços municipais de cultura precisam estar atentos a certas medidas que não são mais do que agressões ao património cultural e natural de Valongo. Algumas agressões a esse património são irreversíveis.

Que ninguém pretenda através da natureza retirar dividendos imediatos de certo tipo. O que é necessário fazer pelo parque natural não dará, evidentemente, esses dividendos. Todavia, as populaçções e os jovens não esquecerão os esforços para a sua concretização dentro dos moldes claros e equilibrados.

A ecologia é incompatível com as medidas que irão ser tomadas para o parque natural.

Apelamos, pois, à Câmara Municipal de Valongo e aos seus responsáveis para que neste Ano Internacional da Juventude ofertem a estes um parque que lhes permita, hoje e no futuro, conhecer a maior riqueza do universo, a natureza, no seu estado mais natural.

Ainda não é tarde, meus senhores. O Grande Porto necessita deste local para dar às escolas aulas vivas. A comunidade vos agradecerá.

Os responsáveis pelo NACVAL solicitam aos jovens uma reflexão profunda sobre este documento, que tem fundamentalmente por objecto a recuperação da serra de Santa Justa.

Não pretendemos criticar por criticar. Apenas damos força à nossa sensibilidade que temos pela natureza. Se a conseguirmos comunicar aos outros sentir-nos--emos bastante satisfeitos.

Pela defesa dos valores culturais, naturais e humanos de Valongo.

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

Antigo projecto da Reserva Natural das Serras de Santa Justa, Pias e Castiçal