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II SÉRIE — NÚMERO 56

Uses efectuadas duas vezes por ano a pedido da Comissão das Comunidades Europeias, os chamados «eurobarómetros», não indicam uma mudança radical no posicionamento esquerda-direka dos jovens, no seu envolvimento na política e na sua orientação de valores materialistas/pós-materialistas nos últimos dez anos. Ê perceptível uma certa falta de confiança no futuro e na democracia, mas não se trata de uma tendência generalizada. As informações relativas a assuntos tão diversos como a apreciação da religião, a satisfação com a vida, o contentamento com o modo de actuação real da democracia, a preferência por um partido político, o comprometimento com esse partido específico e o grau desejável de mudança social não revelam a existência de um grande abismo entre a nova geração e as gerações mais velhas (6).

13 — Nos domínios da segurança internacional e da defesa nacional não existe um abismo muito grande entre a posição da nova geração e a das gerações precedentes. A Aliança Atlântica contínua a ser largamente aceite como a melhor garantia para a segurança internacional e, em geral, os jovens dos países membros da NATO começam a olhar mais favoravelmente do que há alguns anos para a necessidade da defesa nacional. Isto não significa que agora tenham uma visão idílica das forças armadas e que estejam ansiosos por ser recrutados, mas encaram as forças armadas como uma instituição mais normal, com uma imagem bastante neutra — nem boa nem má. Como resultado desta crescente compreensão relativamente à necessidade de defesa, os movimentos neutrais/pacifistas perderam nitidamente alguma da sua atracção para os jovens, que agora tendem a aproximar-se destes movimentos com menos emoção e mais preme-di tacão (7).

14 — Os jornalistas e observadores que, com toda a razão, afirmam que a nova geração, no seu conjunto, está gravemente afectada pelas actuais condições sociais tiram muitas vezes conclusões inexactas acerca da atitude política e eleitoral dos jovens. Vêem um deslocamento para a direita em países como a Grã--Bretanha, o Canadá e a República Federal da Alemanha e apontam para o chamado «novo conservadorismo» nos Estados Unidos, onde em 1984 o Presidente Ronald Reagan foi reeleito para um segundo mandato com uma esmagadora maioria de votos, incluindo uma maioria de votos da juventude. No entanto, isto não significa que a geração mais nova, no seu todo, se esteja a tornar cada vez mais conservadora. Nos países da Aliança com uma administração socialista os governos não são nem mais nem menos populares junto da juventude que junto do resto da população. Na verdade, os primeiros--m/nistros pertencentes à nova geração parecem ter grande popularidade junto dos jovens. Tradicionalmente, os partidos e os políticos radicais obtêm muitos votos dos jovens. As estatísticas mostram que, em geral, os partidos de esquerda não perderam muita da sua popularidade junto da juventude nos últimos anos. Porém, é incontestável que a tradicional correlação da orientação política com as orientações de valores enfraqueceu nos últimos dez a quinze anos. Nos nossos dias não é invulgar — pelo menos para os mais jovens— votar nos conservadores e manter uma atitude progressista e liberal no campo dos valores.

B) A insatisfação com a política «oficial»

15 — O relatório de 1984 do Subcomité para a Nova Geração acentua que, de acordo com estudos específicos e sondagens de opinião, os jovens estão menos satisfeitos do que as pessoas mais velhas relativamente ao modo como a democracia realmente actua no seu país. As instituições não políticas (como as associações voluntárias, a polícia, a igreja) gozam de mais respeito e confiança que as instituições políticas e, muitas vezes, os jovens não avaliam favoravelmente o trabalho dos poiíticos (8). Os jovens possuem, indubitavelmente, a capacidade para desempenharem um papel mais importante na política; é evidente que não se trata de um novo fenómeno. Os partidos políticos, especialmente os da oposição, várias vezes beneficiaram do vigor, dos novos horizontes e da imaginação dos jovens. Na Grã-Bretanha, nos anos cinquenta, um grupo de jovens conservadores, o Bow Group, conseguiu dar novo vigor ao Partido Conservador. Em França, nos anos sessenta, os jovens socialistas, formando dois grupos diferentes, o PSU e o SERES, também exerceram uma influência profunda e duradoura sobre o Partido Socialista Francês e a esquerda francesa. Hoje em dia, os partidos políticos possuem, muitas vezes, secções de juventude gozando de enorme êxito e, cada vez mais, os políticos consideram o envolvimento da juventude na polítice extremamente desejável, embora ainda exista demasiado cepticismo. As condições para o incremento da participação dos jovens na política podem ser bastante melhoradas.

16 — Os jovens de hoje não só mostram um verdadeiro interesse pelos problemas do mundo contemporâneo, tais como a corrida ao armamento, a questão ecológica, o Terceiro Mundo e a disparidade das situações materiais e morais, como também expressam o desejo de encontrar uma solução para esses problemas ('). Os movimentos de protesto contra a aparentemente interminável corrida ao armamento, os grupos de protecção ao meio ambiente, as organizações privadas preocupadas com o Terceiro Mundo e os grupos activos na defesa dos direitos humanos aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Os jovens constituem muitas vezes a força motivadora ou, pelo menos, um elemento importante nesses grupos. Ê indiscutível que parte da atracção e sucesso desses movimentos se baseia no seu carácter aberto e directo e na sua flexibilidade, qualidades que faltam, em grande escala, ao processo político «oficial».

17 — Recentemente, os protestos antiapartheid nas universidades americanas e a campanha dos jovens em França contra o racismo, «SOS racisme», atraíram bastante a atenção dos meios de comunicação. O aspecto mais notável destes movimentos é talvez o facto de que agora eles não recorrem à violência e que os seus membros se comportam ordeiramente, em flagrante contraste com os movimentos dos anos sessenta (l0). Deste modo, os jovens podem ter influência em questões morais graças a um novo estilo de activismo político.

18 — A verdadeira compreensão e a efectiva participação no processo político «oficial» ainda é muito difícil para os jovens devido à complexa estrutura do processo e à resistência dos políticos à mudança. Estas características do actual processo político (a todos os níveis) desencoraja muitos jovens e leva-os