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II SÉRIE — NÚMERO 36

vembro de 1982, os países da Europa Ocidental estão entre os que são cruciais para os interesses americanos. Em 1982, 65 % dos americanos eram a favor do envio de tropas se a União Soviética se preparasse para invadir a Europa Ocidental. Entre a classe política, os meios de comunicação e os homens de negocios este apoio era ainda superior (92 %), e apenas 4 % da população americana era a favor da sua retirada da NATO ("). Nada leva a crer que a geração mais nova tenha ideias diferentes do resto da população sobre este assunto.

25 — Contudo, recentemente a classe política americana manifestou uma visão pessimista dos seus aliados no domínio das inovações tecnológicas e económicas e uma opinião negativa quanto à contribuição militar e orçamental dos países da Europa Ocidental para a defesa do seu próprio continente. Também testemunhámos uma diminuição do interesse dos americanos pela Europa e pelo estudo de temas com ela relacionados. Alguns dos sintomas desta tendência traduzem-se pelo declínio de estudos de línguas estrangeiras e de assuntos europeus, uma redução por parte dos meios de comunicação americanos do número das suas agências e correspondentes na Europa e uma diminuição do interesse por actividades culturais e informativas (m). A coesão da Aliança seria certamente afectada se se permitisse o crescimento destas tendências. O regresso à espécie de isolacionismo que tanto mal causou à Europa no período compreendido entre as duas guerras mundiais seria certamente um golpe fatal para a NATO. Um progresso estável com vista ao reajustamento das obrigações e responsabilidades resolveria os problemas acima indicados. Uma aproximação mais séria à questão da divisão das obrigações na Europa e uma maior compreensão por parte dos americanos da contribuição europeia para a NATO constituiriam os primeiros passos nesse sentido. Discursos recentes do general Bernard Rogers foram uma grande ajuda neste aspecto. No início deste ano, o comandante supremo das forças aliadas na Europa por várias vezes sublinhou o facto de que os esforços de defesa dos membros europeus da NATO não estão a obter o crédito que merecem nos Estados Unidos. Uma investigação atenta e sem preconceitos de todas as queixas e uma discussão franca entre os parceiros da NATO poderiam contribuir para dar novo ímpeto à coesão da Aliança. No entanto, é essencial tentar também resolver os aspectos não militares do problema. Um intenso esforço para impulsionar a compreensão no seio da Aliança e para garantir o apoio do público — especialmente do sector mais jovem do público— é da maior importância para uma aliança de países democráticos, como é o caso da NATO.

E) O «Render da Guarda»

26 — A imagem pública da juventude contemporânea está bastante distorcida. A situação não é realmente tão dramática como podemos ser levados a crer com base na cobertura que lhe é dada pelos meios de comunicação. Verificámos que não existem diferenças sócio-políticas profundas entre a nova geração e as gerações mais velhas e que a individualidade da nova geração se situa no campo dos valores. No entanto, existe nitidamente um grande abismo entre os jovens e o actual sistema político. O activismo de alguns jo-

vens, mas também a letargia de outros, mostra que muitos membros da nova geração se encontram insatisfeitos com a política «oficial», através da qual obviamente não se conseguem exprimir suficientemente. Mostra também que a nova geração possui um potencial político que ainda não foi totalmente reconhecido pelo sistema político, quer propositadamente quer não. Neste sentido, a natureza do problema da nova geração é certamente mais política que formativa. Os políticos dos nossos dias — tanto os membros do governo como os políticos locais— deviam compreender que o sistema político, no seu conjunto, podia realmente beneficiar com um maior envolvimento da juventude e devia aumentar os seus esforços no sentido de melhorar o diálogo político e assegurar um mais suave render da guarda.

27 — Muitos dos jovens políticos que agora estão a entrar na vida política cresceram nos anos cinquenta e sessenta. A guerra do Vietname, as guerras de descolonização e- os acontecimentos revolucionários dos finais da «tempestuosa década de sessenta» certamente que influenciaram as pessoas que agora estão a assumir posições de responsabilidade. Após a Segunda Guerra Mundial, o país natal do relator, ao contrário de outros países europeus, insistiu em conservar as suas possessões no ultramar, encarando-as como «inalienáveis». Esta insistência conduziu a uma quase interminável série de lutas sangrentas que apenas terminaram a meio dos anos setenta. O relator pode garantir que essas lutas deixaram profundas marcas na sociedade portuguesa, em geral, e, em particular, na geração que cresceu durante essas lutas e que nelas participou. A consciencialização internacional mais idealista da «geração do Vietname» foi já mencionada neste relatório. Ficou provado que esta específica consciencialização não deve ser rotulada, a priori, de irrealista e impraticável. Não existe absolutamente nenhuma prova de uma predominante tendência pacifista/neutral. Muitos jovens políticos encaram a sociedade como susceptível de mudar. Esta vontade de alterar o statu quo político conjuga-se com uma consideração por valores que se mostraram vantajosos no passado. As estatísticas mostram que muitos de nós, jovens e velhos, consideram a Aliança Atlântica como um desses valores.

II — A democracia e o ideal dsntocrêiieo

28 — No capítulo anterior do presente relatório, o relator acentuou a necessidade de melhorar o diálogo político como meio de encorajar a nova geração a compreender e a participar na política. O relator pensa que a primeira tarefa consistirá no aperfeiçoamento do conhecimento por parte dos jovens dos bastidores e do real funcionamento do sistema político em que participam: a democracia. íá vimos que os jovens têm grandes esperanças, especialmente na sociedade democrática ocidental. Contudo, também vimos que a democracia representa um sistema ideal que na prática não corresponde totalmente às expectativas que cria. Todos concordamos que os muitos aspectos positivos da democracia superam, de longe, os seus aspectos mais negativos e que a democracia é o melhor sistema político possível no mundo contemporâneo. A jovem geração dos anos 80, ao contrário do que aconteceu com os sectores mais impetuosos da juventude dos anos 60, concorda com os valores democráticos, mas