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28 DE FEVEREIRO DE 1986

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de um modo mais idealista. Muitas vezes os jovens não se apercebem do caminho que já foi percorrido pelas democracias, apesar da inevitável discrepância entre a democracia como ideia e a democracia como sistema político.

29 — Explicar aos jovens a natureza da democracia, com os seus aspectos positivos e negativos, pode fortalecer de modo significativo a sua confiança na sociedade democrática ocidental. A comparação seria um passo fundamental. Comparação, em primeiro lugar, com o passado: aquilo que os jovens hoje encaram como inalienável seria certamente mais apreciado se lhes proporcionássemos uma perspectiva histórica. Comparação, também, com países não democráticos, totalitários: ao mesmo tempo que devemos escrupulosamente evitar tolerar propaganda, parece-nos essencial expor as sociedades totalitárias como elas realmente são, apontando as numerosas violações dos direitos humanos nessas sociedades. O Boletim do Subcomité para a Livre Circulação de Informações e Pessoas dá-nos muitos exemplos dessas violações. Existe um valor educacional na nossa constante insistência nas violações dos direitos humanos cometidas pelos nossos opositores. Demasiadas vezes, o público e talvez mais especialmente os jovens que não assistiram à formação da Aliança têm dificuldade em compreender até que ponto a União Soviética viola os direitos humanos. Porém, devemos assinalar que muito foi conseguido nos últimos anos, após a publicação de livros de Solzheni-tsyn e outros testemunhos que tiveram grande eco em muitos países membros da NATO.

A) Os esforços e sucessos das democracias

30.— As democracias do mundo ocidental esforçaram-se bastante para instaurar o ideal democrático e progrediram em direcção a uma sociedade mais aberta. A tolerância de diferentes tipos de comportamentos espalhou-se consideravelmente nas últimas décadas, aumentando assim as liberdades individuais. As desigualdades de rendimentos foram reduzidas, as condições de vida e de trabalho melhoraram notoriamente e a ciência e a tecnologia progrediram rapidamente. Nenhum destes progressos teria sido possível sem uma estrutura social aberta, para a qual devemos reconhecer a contribuição das democracias. Os jovens, porém, muitas vezes tomam como certas as conquistas das democracias ou encaram-nas com cepticismo, sobretudo por informação insuficiente e por vezes falsa.

31—Notavelmente, as ciências e a tecnologia são muitas vezes encaradas com cepticismo pelos jovens. A aparente correlação entre a inovação e a diminuição dos postos de trabalho, demasiadas vezes invocada por alguns com o argumento de que «as máquinas substituem os homens», torna as pessoas inseguras acerca dos efeitos dos progressos científicos e tecnológicos. Os Jovens Europeus, um estudo de opinião já referido no presente relatório, indica que na Europa o grupo etário dos 18 aos 24 anos tem receios que não são partilhados por pessoas mais velhas, todos no mesmo sentido. Estão relacionados com as «crescentes condições artificiais de vida», «a pilhagem da vida natural» e «o risco de que as descobertas médicas possam afectar a personalidade humana» (Jl). No início deste ano, uma sondagem em oito países patrocinada pelo International Herald Tribune, o Atlantic Institute

(Instituto Atlântico), e efectuada por Louis Harris International, revelou uma grande preocupação das pessoas, jovens ou não, no sentido de que os computadores eliminam os postos de trabalho. Apenas nos Estados Unidos esta sondagem revelou uma confiança mais generalizada — por cerca de 50 % das pessoas inquiridas— de que um maior uso da tecnologia de processamento da informação significaria novos empregos í22), como é, obviamente, o caso. Embora as novas tecnologias de informação possam não aumentar o número de postos de trabalho, criarão novos empregos, porventura bastante diferentes dos actuais mas geralmente mais compensadores. Existe uma necessidade evidente de informação mais detalhada sobre estes assuntos e outros com eles relacionados. As escolas deviam dedicar mais atenção à desmistificação da tecnologia, tornando-a mais acessível e familiar.

32 — Ao referirmo-nos aos sucessos obtidos peias sociedades democráticas, devíamos salientar os que mais interessam aos jovens. As conquistas nos domínios da ajuda ao desenvolvimento, política ecológica e ensino deviam ser realçadas, visto que são, sem dúvida, as questões mais importantes — além do desemprego— para os jovens.

B) A ajuda do Ocidente ao Terceiro Mundo

33 — Quarenta anos depois de a descolonização ter surgido como a mudança talvez mais significativa no sistema internacional, a grande disparidade existente entre as nações desenvolvidas e as nações subdesenvolvidas continua a ser enorme e até crescente. A situação de alguns países do Terceiro Mundo melhorou indubitavelmente, mas muitos outros foram seriamente afectados por todas as espécies de problemas nos últimos anos. Na verdade, face a esta deplorável situação, os esforços das nações ricas do Ocidente para ajudar os que sofrem em todo o mundo não são nada de que nos possamos vangloriar; mas também não são motivo de vergonha.

34 — A população dos países industrializados, jovens e velhos, encara a ajuda às nações do Terceiro Mundo como uma obrigação moral. Muitos jovens apercebem-se de que os problemas com que são confrontados, embora difíceis e aparentemente insolúveis, são, na realidade, pequenos problemas comparados com as preocupações do Terceiro Mundo, tais como a seca, a fome, as inundações, a pobreza, o excessivo crescimento populacional, as enormes dívidas e a instabilidade política.

35 — Os jovens, em particular, muitas vezes sugerem que o dinheiro que as nações ricas do Ocidente gastam em armamento —ou, pelo menos, uma grande parte dele — deveria ser usado para ajudar as nações subdesenvolvidas de todo o mundo. Esta sugestão é muito nobre e atractiva, e o mundo indubitavelmente ficaria mais seguro e próspero se todas as nações ricas a acatassem. Infelizmente, porém, um tal consenso parece inatingível e o mundo ficaria certamente menos seguro se todas as democracias ocidentais de súbito unilateralmente abandonassem ou reduzissem de forma considerável os gastos militares. Além disso, tal como acima referimos, as acções empreendidas pelas nações ocidentais relativamente à ajuda às nações subdesenvolvidas não foram, de modo algum, insignificantes.