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28 DE FEVEREIRO DE 1986

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a duvidar das suas próprias capacidades. Mesmo quando os jovens conseguem introduzir-se no proces"0 político, o seu carácter fechado e complexo muitas vezes apenas se apodera das características da juventude de que a política «oficial» pode realmente beneficiar: um grande empenhamento, uma opinião fresca e sem preconceitos, energia e imaginação. A participação nos movimentos de protesto e o específico activismo da juventude não são apenas exemplos claros da insatisfação dos jovens com a política «oficial», mas também uma demonstração de um potencial político que ainda não foi completamente descoberto pelo sistema.

19 — Se o sistema político encorajar os jovens a participarem na política não ocorrerão modificações drásticas e revolucionárias. Apesar da sua aparente insatisfação com a actual política «oficial», poucos jovens pensam que a sociedade necessita de uma revisão radical ("). No entanto, é óbvio que eles querem um estilo diferente de política, mais directo, mais honesto, mais prático e menos ideológico, e que este desejo está claramente em contradição com o statu quo.(").

C) A democracia como um ideal

20 — Contrariamente às conclusões que possam ser retiradas de uma análise rápida ao problema, não existe uma profunda separação sócio-política entre a nova geração e as gerações mais velhas. Estudos específicos revelaram que a individualidade da nova geração assenta sobretudo no domínio das ideias, no campo dos valores. Os jovens acreditam num sistema mais liberal, menos ligado a normas abstractas e menos respeitador das autoridades consagradas. Os jovens têm perspectivas mais «permissíveis» que a geração mais velha, especialmente no que respeita a questões relacionadas com a liberdade individual. Uma geração em que a coabitação fora dos laços do matrimónio se tornou comum ("), ou em que 18 % de todas as crianças nos Estados Unidos nasceram de mães solteiras (contra 4 % em 1950 e 8 % em 1965) (M), não encara o vínculo conjugal do mesmo modo que as suas precedentes. Da mesma forma, as posições dos jovens relativamente ao aborto voluntário ou ao suicídio no caso de doença incurável (IS) revelam um conceito de liberdade individual que está claramente em contradição com o da geração mais velha. Também, num campo mais político, relativamente às relações entre diferentes raças ou à possibilidade de votação num negro ou numa mulher para uma eleição, os jovens têm nitidamente conceitos mais «tolerantes» que as pessoas mais velhas (l6).

21 — Existe um grande consenso entre a geração mais nova relativamente aos valores democráticos mas encarados numa perspectiva idealista. Porém, não podemos esquecer que a própria democracia representa um sistema ideal que nunca poderá ser completamente atingido. Deste modo, é inevitável um certo grau de decepção. As disparidades entre as esperanças e as realidades podem produzir desencanto susceptível de degenerar em atitudes negativas generalizadas, tais como indiferença ou radicalismo. Na verdade, alguns jovens tendem a ser influenciados por certos aspectos destas atitudes mas não se pode dizer que elas constituem uma tendência geral.

D) A relação transatlântica

22 — Recentemente, muitos políticos, académicos e jornalistas de ambos os lados do Atlântico exori-m:ram as suas preocupações relativamente à relrção transatlântica. As relações entre os Estados Unidos e os seus parceiros europeus deterioraram-se nitidamente desde os finais dos anos setenta. Grandes manifestações na Europa a favor da paz e actos de violência contra alvos americanos e da NATO praticados por pequenos grupos de militantes mereceram uma vasta cobertura dos meios de comunicação na América e incutiram a impressão de que o neutralismo/pacifismo — muitas vezes combinado com sentimentos antiamericanos— é uma tendência generalizada na Europa, especialmente entre a juventude. Porém, tal não constitui uma imagem precisa dos sentimentos e atitudes europeias. É nítida a existência de correntes neutrais entre uma minoria da juventude europeia, mas as sondagens de opinião mostram que esta parcela da população não é representativa da totalidade da juventude europeia. As sondagens indicam que uma maioria dos jovens europeus apoia a NATO e acredita na existência de um conjunto de valores comuns à Europa e aos Estados Unidos.

23 — Os europeus do pós-guerra, embora geralmente não sejam antiamericanos, são mais reservados na sua atitude relativamente à sociedade americana e ao governo americano que as gerações precedentes. Assinale-se que a juventude europeia nota um vincado contraste entre as sociedades soviética e americana e prefere esta última. Enquanto a União Soviética é vista como repressiva, burocrática e enfadonha, os Estados Unidos continuam a ser encarados como uma sociedade democrática e aberta apesar das suas numerosas e perceptíveis vicissitudes no campo das desigualdades sociais e raciais. Os americanos são geralmente encarados como aliados de quem podemos depender e nos quais podemos confiar, ao conttário da União Soviética, que continua a ser encarada com desconfiança. No entanto, embora o antiamericanismo não seja geral, nenhuma das duas superpotências mostra grande interesse pela juventude europeia, que parece procurar uma alternativa europeia para os dois modelos dominantes (18). Apesar de o conceito de Europa ter perdido uma grande parte da sua atracção para os europeus do pós-guerra, existe um grande apoio à ideia de integração europeia e cooperação dos países europeus no domínio da defesa. Ê essencial que a NATO tenha em consideração este aspecto e encontre forma de combinar a necessidade que a Europa sente em ter um papel político e militar mais independente, com a necessidade de uma mais vasta cooperação transatlântica no domínio da defesa.

24 — Nota-se, nos Estados Unidos, o retorno a um certo orgulho nacional a que os observadores chamam «novo patriotismo». Especialmente após a tomada de posse do Presidente Reagan em 1981, cresceu consideravelmente a confiança no país e no seu futuro, provavelmente ao mesmo ritmo que a melhoria da situação económica. Esta tendência tem aspectos positivos, visto que pratica uma atitude de solidariedade relativamente aos países europeus da NATO, os quais ainda são encarados como aliados próximos e amigos por uma maioria da população americana. De acordo com um estudo Gallup efectuado em Outubro e No-