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16 DE ABRIL DE 1986

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tendo os produtos da «linha branca», na generalidade, poucos factores diferenciadores que não sejam a marca/qualidade —dado tratar-se de produtos de reconhecida maturidade tecnológica—, daqui resulta que, em larga medida, a concorrência se faz pelo binómio marca-preco. De facto, a marca c um dos obstáculos mais importantes à penetração e implantação de um fabricante.

Não terá sido assim por acaso que, em Portugal, quase dez anos de mercado protegido não conduziram à implantação de marcas nacionais.

E, assim, também a marca é um obstáculo, nomeadamente à exportação da nossa indústria, a menos que esta abasteça marcas já conhecidas.

Esta via implica obviamente o reforço do poder da distribuição e, consequentemente, conduz à diminuição da margem de manobra da indústria.

Estima-se que apenas 2 % do nosso mercado interno de frigoríficos e 15 % do nosso mercado interno de arcas congeladoras estejam cobertas por marcas impostas pelos fabricantes nacionais. Não são conhecidas exportações significativas de marcas impostas pela indústria nacional.

3 — A importância da estrutura de custos do sector do frio doméstico — economias de escala. — A estrutura de custos do sector de electro-domésticos, na generalidade, apresenta algumas características especificas que condicionam o comportamento das empresas.

No caso do frio doméstico, as matérias-primas e compoentes chegam a representar 65 % do custo industrial. De facto trata-se de um sector com um valor acrescentado baixo.

Acresce que. como referimos atrás, a comercialização (grossista e retalhista) tem um peso muito importante, situado entre os 40 % e os 50 % do preço de venda ao público.

Resulta óbvia uma particularmente limitada margem de manobra das nossas empresas industriais, já que não controlam nem a marca nem as redes de distribuição.

Refira-se ainda que a compra das matérias-primas e componentes sc faz, de modo significativo, no exterior. Parece assim que, em Portugal, as economias de escala na fabricação de aparelhos dc «frio doméstico» estarão menos nas linhas de montagem propriamente ditas e mais no aprovisionamento de componentes (e até mesmo na produção nacional de alguns desses componentes).

No futuro, a competitividade da nossa indústria de frio poderá passar por pequenas fábricas com compras centralizadas e apoiudas numa indústria nacional de componentes (ainda inexistente).

4 — Enquadramento internacional. — A produção mundial de alguns electro-domésticos tem crescido pouco nos últimos quinze anos. De facto, no caso dos electrodomésticos «maduros» (nomeadamente os frigoríficos), as taxas dc equipamento das famílias dos países ditos desenvolvidos têm conduzido a reduções sensíveis da produção. A redução mais notória verificou-se nos países da Europa Ocidental, onde sc estima que a contribuição para a produção mundial (cerca de 27 milhões de unidades cm 1970 e 37 milhões em 1983) tenha passado de 38 % para 27 %, em especial à custa da Itália, França, Reino Unido e também da Espanha. Enquanto isso, terá crescido a

participação do Japão e decrescido também a participação dos EUA.

No mesmo período os países ditos cm vias de desenvolvimento terão visto a sua contribuição para a produção mundial passar de cerca de 7 % para 20 % (com especial relevo para o Brasil, Coreia do Sul e México).

Os países de Leste mantiveram neste período a sua contribuição estagnada (cerca de 24 %).

Por fim refira-se que o mercado mundial de aparelhos de frio doméstico sc apresenta compartimentado por zonas geográficas. De facto não são conhecidos significativos fluxos comerciais entre a Europa e a América, por exemplo.

Embora o peso dos frigoríficos tenha baixado muito nas últimas décadas, julga-se que o volume continua a ser um dos factores agravadores dos custos de transporte.

Em resumo, face ao enquadramento internacional actual e em especial face ao comportamento previsível da procura na Europa Ocidental em geral e cm particular cm Portugal, é nosso parecer que urge um repensar desta actividade por parte das unidades industriais instaladas no País, nomeadamente aquelas cuja falta dc competitividade mais acentuadamente vem sendo notada nos últimos anos.

A consideração superior.

Direcção-Geral da Indústria, 13 de Janeiro de 1986. — A Directora de Serviços, Maria Deolinda Nunes Silva.

ANEXO

Perspectivas de mercado Interno para o sector do «frio doméstico»

Consultando elementos disponíveis nas seguintes publicações:

Estudo da TECNINVEST O Sector dos Aparelhos Domésticos da Linha Branca em Portugal: Condições e Perspectivas de Evolução (vol. 3). 1984;

Relatório da E1U (Economisl Intcllingence Unit) A Indústria Europeia de Electro-domésticos, 1984;

procedeu-se neste organismo a uma previsão do mercado interno aparente de frigoríficos e arcas congeladoras, que aponta para as 300 000 unidades no ano de 1990.

0 procedimento utilizado foi o seguinte:

1 — No estudo da responsabilidade da TECNINVEST, os autores, bascando-se num modelo de duas equações:

Uma referente à taxa de equipamento das famílias, que permite dctcrminá-la a partir do conhecimento do PIB por habitante e do ano em análise;

Outra referente à identificação da procura, cm que o consumo esperado num determinado ano é função de procura de substituição e da procura do primeiro equipamento;