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4 DE FEVEREIRO DE 1987

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Pelo menos dois oulros elementos resultam dos factos apresentados:

e) Em consequência do pranchamento assinalado a seguir à intercepção das pistas, a aeronave terá, em maior ou menor grau, voltado para a direita;

/) Em consequência do embate com a asa esquerda nos cabos eléctricos, a trajectória lerá acusado uma inflexão abrupta sobre a esquerda.

Admitindo que o troço longo da trajectória até ao embate nos cabos eléctricos tenha sido executado a uma altura da ordem da dezena de metros, não é crível que o voo tenha registado alterações apreciáveis de rumo.

2 — Rasto de fragmentos:

a) O rasto dc fragmentos exibe um troço longo, sensivelmente rectilíneo, dc largura aproximadamente constante, que sc estende desde uns 50 m a partir da cabeceira da pista 36 até aos cabos eléctricos seccionados;

b) Este troço longo c assinalado apenas a poente de um caminho de circulação interior com um espaço para estacionamento automóvel;

c) Um troço final, mais curto, do raslo está registado desde o ponto de embate nos cabos eléctricos e em direcção às casas que sofreram os últimos impactes;

d) Na vizinhança dos cabos eléctricos seccionados, o rasto apresenta uma clara inflexão para a esquerda (progredindo no sentido do voo da aeronave).

Não consideramos possível, analisando estes dois conjuntos dc informação de per si, chegar a resultados absolutamente fidedignos que nos permitam responder inequivocamente à vossa questão sobre sc a «trajectória (da aeronave) é ou não coincidente com a orientação do rasto dos materiais queimados». O que fizemos, por o entendermos já perfeitamente seguro, foi confrontar os dois conjuntos dc informações, apreciando a compatibilidade ou não compatibilidade dos seus diversos aspectos, assim ampliando o conhecimento global do processo.

Por observação da planta que incluímos, em que assinalamos o prolongamento do troço dc rasto levantado pela DGAC para o interior do Aeroporto, poderão VV. Ex.3' confirmar que os dois conjuntos dc informações são perfeitamente compatíveis. Esta compatibilidade, assim referida por extrapolação a longa distância dc um pequeno segmento do rasto, vem demonstrar a concordância, em aspectos fundamentais, até de diferentes elementos produzidos por diferentes fontes.

Mecanismo de ejecção dos fragmentos em voo

Pretendem VV. Ex.as explorar a hipótese de o acidente ter sido causado pela deflagração de um engenho incendiário colocado a bordo da aeronave. Nessas circunstâncias, solicitam-nos informação sobre o fenómeno de combustão que te-

ria obrigado à expulsão do interior da aeronave dos resíduos queimados encontrados no terreno.

Embora não disponha a universidade de peritos em explosivos, podemos avançar que, nesta hipótese, a expulsão dc fragmentos através de' qualquer comunicação estabelecida com o exterior seria controlada, entre outros factores, pela área e forma da perfuração e pelo diferencial de pressões instalado entre as regiões a montante e a jusante do corpo de objectos movimentados, isto é, não só pela sobrepressão criada no interior da aeronave cm consequência da deflagração num domínio confinado — como é o caso da cabina de um Cessna pressurizado—, como pelo eventual efeito de sucção resultante de uma baixa pressão estática local reinante na zona da perfuração e associada ao escoamento em torno da aeronave como um todo.

Desenvolvendo o mecanismo de aumento de pressão no interior:

a) O habitáculo da aeronave pode considerar-se um sistema a volume constante;

b) A deflagração de um engenho incendiário liberta, em tempo muito curto, uma enorme quantidade de produtos gasosos;

c) Os produtos gasosos são libertados a elevada temperatura, como resultado da reacção fortemente exotérmica;

d) A libertação dc gases e o aumento de temperatura do ar e gases contidos no habitáculo f.raduz-se num aumento de pressão estática.

Um enfraquecimento localizado seguido de perfuração da parede do habitáculo, associado ao diferencial de pressões acima referido, levaria à formação de um jacto (ou jactos) gasoso(s) com capacidade para arrastar objectos existentes na vizinhança da perfuração.

Dispersão de fragmentos de lã de vidro

Duas questões levantam VV. Ex.°s sobre a possível dispersão de fragmentos de lã de vidro, que «se diz» terem sido encontrados no rasto, a partir da pluma térmica gerada no ponto de impacte final e incêndio da aeronave:

a) São ou não aplicáveis a outros materiais os cálculos dos mecanismos indutores do rasto de fragmentos de papéis queimados constantes do nosso relatório?

b) Qual a estimativa da trajectória da dispersão de fragmentos de lã de vidro no terreno?

Consideremos separadamente estes dois aspectos:

a) O esquema de cálculo utilizado no nosso relatório para estimar o transporte pelo vento de fragmentos de papel elevadas pela pluma térmica é perfeitamente aplicável ao transporte de quaisquer outros materiais, com o proviso de que diferentes resultados alcançados reflectirão directamente diferentes dados de entrada, exprimindo diferentes características de densidade aparente e aerodinâmicas dos materiais em jogo. Esta a