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13 DE JANEIRO DE 1988

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recusam-se a cumpri-los, mantendo a exigência de que «quaisquer novos horários a praticar sejam objecto de negociações entre o conselho de gerência e os seus representantes».

Em Novembro, novo plenário dos trabalhadores da EPNC, onde é solicitado ao Governo e ao conselho de gerência da EPNC «o respeito pelo plano de reestruturação da zona n (Anuário) entregue pelos trabalhadores à tutela».

No fim de Novembro o presidente do conselho de gerência da EPNC, César Torres, abandona as suas funções, no que seria mais tarde substituído por Armando Morais. Um dos últimos actos em que participou César Torres foi a elaboração de um comunicado do conselho de gerência em que se considera que a situação na empresa se degrada, em grande parte, por falta de medidas da tutela. O comunicado do CG, publicado na primeira página do Diário de Notícias, salienta cinco pontos: os vencimentos de Novembro não poderiam ser pagos atempadamente; aos trabalhadores seriam pagos apenas 3000$ para os passes de transportes; crítica ao facto de o orçamento suplementar então aprovado no parlamento ter deixado a EPNC esquecida; necessidade de apoio imediato à tesouraria; só depois das medidas necessárias os jornais da empresa se tornariam não apenas auto-suficientes, mas também rentáveis.

Já em Dezembro os jornalistas do DN voltavam a reunir em plenário e responsabilizavam o Governo e o conselho de gerência pela degradação e indefinição do fututo do jornal. Num documento aprovado por unanimidade era denunciada «a orientação perfilhada pela tutela e pelo conselho de gerência em exercício, que outros objectivos não pode ter senão criar condições propícias à degradação do ambiente de trabalho, propósito ainda não atingido devido à consciência e responsabilidade demonstradas por todos os trabalhadores da EPNC». Nestas últimas movimentações do ano os jornalistas do DN constituíam uma comissão permanente para tratar de questões relacionadas com a crise da EPNC, constituída por Antónia de Sousa e Artur Sardinha, e davam início a uma série de contactos com os órgãos de soberania: Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro--Ministro e grupos parlamentares.

Para além da crise da EPNC, muitas outras coisas se foram passando nesta segunda metade do ano.

Em Julho reacendia-se a polémica em torno do Notícias da Tarde, jornal vespertino editado pela Empresa do Jornal de Notícias e que teria vida curta. A comissão de trabalhadores da empresa vinha então a público reafirmar que, se o projecto não estava a dar resultado, tal era devido, acima de tudo, à «incompetência das pessoas que foram contratadas para o dirigir».

Em Agosto não eram apenas os trabalhadores da EPNC que não recebiam salários. Também os do Jornal do Comércio recebiam com atraso os seus salários do mês, o que foi justificado com uma quebra de facturação, que provocou problemas de tesouraria.

Em Outubro os jornalistas do Jornal de Notícias rejeitavam em plenário as medidas «as medidas de reestruturação interna impostas pelo director interino, Freitas Cruz». O plenário, que reuniu a quase totalidade dos profissionais de serviço na redação, deliberou

também «não discutir quaisquer outras propostas de reestruturação com o director interino enquanto não for clarificada a situação ilegal da direcção do JN».

Em princípios de Novembro, a Empresa Pública Diário Popular (EPDP) era também objecto de um plano de reestruturação apresentado pelo seu conselho de gerência ao Governo, que, segundo os trabalhadores, se limitava a apontar uma política restritiva, sem nada adiantar sobre uma efectiva reestruturação da empresa. Face a estas intenções do CG, os trabalhadores do Diário Popular, reuniram em plenário e decidiam manifestar a sua disposição de «aceitar sacrifícios se o conselho de gerência e o Governo quiserem aceitar uma política que tenha por objectivo relançar a empresa e melhorar o jornal», mas rejeitavam que a solução fosse encontrada, «apenas, à custa da retirada dos direitos dos trabalhadores».

Já em finais do mês o Governo, segundo a comissão de trabalhadores, considerava insuficientes as propostas de reestruturação da EPDP apresentadas pelo respectivo conselho de gerência.

Por seu lado, o Conselho de Imprensa apelava ao Governo e ao conselho de gerência da EPDP para que accionassem os mecanismos de viabilização da empresa. Depois de considerar que a difícil situação económica e financeira da empresa põe em perigo a existência do Diário Popular, o conselho salienta que «o Governo não pode, por imperativo constitucional, e de acordo com o seu próprio programa, alieanar responsabilidades e deixar que mais um órgão da comunicação social estatizado entre em degradação».

Já em Dezembro o conselho de gerência da EPDP solicitou ao Governo a declaração da empresa em situação económica difícil.

Pela mesma altura a comissão de trabalhadores era recebida pelo Ministro de Estado, Almeida Santos, a quem expôs as suas preocupações pela situação da empresa. O conselho de redacção, por seu lado, enviava um comunicado a Almeida Santos onde defendia a não existência de motivos para a declaração da empresa em situação económica difícil, medida que, a concretizar--se, não deixaria de se reflectir negativamente na qualidade da informação veiculada por aquele jornal.

Pouco antes do fim do ano, o Ministro Almeida Santos referia-se na televisão à situação da EPDP dizendo que a «EPDP já nem património tem» que permita pagar o passivo acumulado. Face a esta afirmação, a CT da empresa ripostava dizendo que «a EPDP tem uma importante propriedade — que alguns gostariam de vender — que vai resistindo aos ataques políticos e administrativos contra ela desferidos: o Diário Popular, jornal prestigiado, o terceito do País».

Em Novembro continuava no Ministério do Trabalho, a aguardar publicação, o CCTV da Imprensa e Agências Noticiosas, acordado havia mais de dois meses.

Também em Novembro, no meio da tempestade chamada EPNC, alguém reavivava o problema da ANOP: «O Governo está a envolver a situação da ANOP num silêncio preocupante, que permite todas as especulações sobre o futuro da Agência Noticiosa Portuguesa.», podia ler-se num comunicado dos sindicatos representativos da Agência.

Os sindicatos lamentavam o total desconhecimento dos planos do Governo para a Agência e o facto de o Governo continuar a negociar com uma agência privada, a NP.